Devocional Edificai
No capítulo 14, percebemos existirem algumas questões na igreja de Roma que acabava gerando problemas e divisões entre os cristãos. Paulo faz a distinção dos membros em dois grupos: fracos e fortes. Basicamente, os fortes eram aqueles que estavam aptos compreender o significado da morte de Cristo em seu viver diário, incluindo todas as áreas do cotidiano, enquanto os fracos não estavam aptos, permanecendo eles ainda presos em uma consciência que não havia sido completamente instruída pelo evangelho para desfrutar a liberdade cristã, pois ainda estavam presos a leis judaicas.
Daí, desenvolveu-se entre os dois grupos, os que comiam carne e os abstinentes, uma relação complicada, parece ficar confirmado que “os fortes” consistiam da porção gentílica da congregação, enquanto “os fracos” eram formados pela porção judaica. Porém, isso não significa que todo gentio era forte e que todo judeu era fraco. O próprio Paulo, hebreu de hebreus, se incluiu entre os fortes (Rm 15:1).
Vemos que, embora a própria consciência de Paulo tivesse sido liberta pelo ensinamento de Cristo, ele mesmo admitia que nem todos os crentes desfrutavam dessa liberdade plena. Então Paulo mostra a importância da consideração que deve ser demonstrada para com esses cristãos para que fosse evitado um tipo de comportamento que poderia magoá-los.
Tudo isso é, sem dúvida alguma, verdadeiro e bem elaborado, por Paulo quanto ao assunto. Pois há uma coisa vital para a estratégia do apóstolo nestes capítulos: a sua insistência em que se há algo que, da perspectiva do evangelho, não é essencial, é justamente a questão da comida e dos dias sagrados. Ele chega a deixar transparecer um certo sarcasmo quando justapõe "o reino de Deus" com o "comer e beber", como se as duas coisas pudessem ser comparadas (14.17), e também quando roga aos fortes: "Não destrua a obra de Deus por causa da comida" (14.20). Nós temos, hoje em dia, a mesma necessidade de discernimento. Não devemos exaltar as coisas não-essenciais, especialmente questões de costumes e rituais, ao nível do essencial, fazendo delas testes de ortodoxia e condição para a comunhão. Tampouco podemos subestimar questões teológicas ou morais fundamentais como se elas não importassem ou fossem apenas culturais. Paulo fazia distinção clara entre essas coisas; e nós deveríamos fazer o mesmo. Paulo não tenta forçar todo mundo a concordar com ele.
A religião é um modelo defeituoso da nossa relação com Deus; a religiosidade causa separação, dissensões, inimizades, partidarismos. É assim que temos diversos pontos de vistas acerca da vida cristã. O apóstolo Paulo reconhecia isso, no entanto, o seu foco era Cristo. Ele olha para os lados e percebe que há dificuldades, mas continua olhando para Cristo, o autor e consumador da nossa salvação.
Há assuntos teológicos e de vida para os quais não há uma interpretação unânime. Essa é uma das razões pelas quais defendemos a liberdade da livre interpretação da Bíblia, a Palavra de Deus. Cada cristão precisa ser livre para ler e receber do Senhor a sua divina revelação. No entanto, essa liberdade deve nos conduzir a Cristo e não à religiosidade. Você tem sabido lidar com os problemas dos pontos de vista do seu irmão sobre assuntos da Bíblia? Você já aprendeu a ouvir de tudo e reter apenas o que é bom? (1Ts 5,21).
Olhemos firmemente para Cristo!
Pastora Raquel Carneiro