Vacinem os profissionais da Educação e voltem às aulas
Ou, se não tiver vacina, voltem mesmo assim com protocolos
Anunciamos há dois dias que vamos enfrentar pautas que a sociedade teme opinar. Uma delas é a da necessidade de um protocolo urgente de volta às aulas.
Sigo aqui, o conselho do monlevadense Rubens Brandão, grande profissional, pai como eu e protagonista de ações de assistencialismo social privado durante a pandemia. Rubens é diretor escolar em Monlevade. Pessoa de bom caráter, ele defende que as aulas não devem voltar sem vacina.
Apesar de gostar de suas ideias penso diferente e sou a favor da volta às aulas na rede pública e particular, sem distinção. Portanto, entro no coro de que os profissionais de Educação devem ser vacinados prioritariamente. Não porque sofrem mais riscos. Idosos devem ser a prioridade da prioridade, depois os portadores de comorbidade. Mas sim porque colocaram essa condição para atender à demanda na rede pública e as crianças e jovens não podem perder mais um, dois, três anos letivos por causa de um temor que é vendido na mídia de forma quase histérica.
Discordo do diretor empossado em alguns aspectos, no texto que ele escreveu hoje. Rubens defende que as aulas não devem voltar antes que os profissionais de Educação sejam vacinados e condiciona o retorno a essa imunização porque, diz ele, "crianças, segundo cientistas, (sempre eles) são em maioria assintomáticas, mas transmissoras da doença".
Explico minha discordância. Todo ser humano e não apenas crianças são transmissores da doença se a tiverem. Vejo na escola, com bons diretores e profissionais, menos chances disso acontecer. E vejo também capacidade desses profissionais, assim como fizeram médicos e enfermeiros, terem treinamento para evitar, ao máximo, contrair o vírus em seu ambiente de trabalho.
O diretor escolar também diz. "Impossível conseguir com que as crianças não brinquem umas com as outras". Ou seja, se socializem. Lembrando que não se trata apenas de crianças, mas de crianças e jovens.
Ora, ora. Adultos estão aí se socializando o tempo todo. Apenas crianças devem ser punidas? Ademais, fora da escola, crianças estão convivendo sem acompanhamento. Ou alguém acha que na favela elas estão trancadas dentro de casa com medo de Covid-19, enquanto os pais trabalham?
Outra questão que me incomoda e deveria estar incomodar a você e a todos . As crianças de famílias ricas já estão estudando desde o ano passado. Com sua tecnologia de ponta e professores particulares. Quanto mais pobre, ainda mais difícil está. Imagine uma criança cujo irmão precisa olhar para os pais trabalharem. Em maioria, nem irmão, nem criança estudam. Falta equipamento e alguma ordem, didática.
Outra questão que discordo no texto. Rubens diz que professores e profissionais precisam ser vacinados e alerta para aquela frase ameaçadora e emocional. "Quem será responsável se acontecer algo a alguém?".
Ora, profissionais de educação vacinados não impedem que crianças transmitam doenças para seus pais ou cuidadores. Ficar sem aula também não. As crianças estão tendo contato com pessoas, na escola ou fora dela.
A maioria dos países sérios já retomaram as aulas no serviço público com apoio e planejamento dos profissionais da área. Eles souberam lidar com a situação. Por que aqui tem de ser diferente?
Lembro uma conhecida frase de um cientista, este mais famoso. Albert Einstein. "A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes."
Bem. Se é o caso, os profissionais só voltam após a vacina, crie-se um protocolo de volta, com data e vacina. Ou, se não der, deixe em casa quem tem comorbidade ou é do grupo de risco trabalhando em home office, mas volte. Até quando nossas crianças ficarão sem aulas? Muitas já perderam um ano letivo. O que acontecerá no futuro? Dizer que só volta com vacina por uma questão de segurança em saúde é o mesmo que dizer que danem-se os pais e parentes que podem contrair a doença dos fi