Às vezes, algumas pessoas relevam os abusos que testemunham, se omitem diante deles.
Sabem que o padre é abusador, "mas a homilia dele é boa", sabem dos abusos que comete contra uma pessoa, "mas ele resolveu a parte financeira da paróquia", sabem que a superiora comete abusos espirituais, "mas é o jeito dela, coitada", percebem algo de esquisito no comportamento do fundador e que fere as pessoas, "mas ele é que porta o carisma para nós" e esquecem de olhar as coisas pelo lado das vítimas.
Um dos maiores danos causados pelos abusos é no âmbito do relacionamento da vítima com Deus, ou seja, cada vez que silenciamos e permitimos que abusos continuem acontecendo, estamos permitindo que uma pessoa seja ferida ao ponto de, muito provavelmente, não conseguir mais ter uma boa relação com Deus, se afastar da comunidade e optar por uma vida de pecado mortal.
As almas que se perderem como fruto de abusos sofridos em ambiente eclesial e que aconteceram com a anuência daqueles que, sabendo, se omitiram da responsabilidade de freiá-los e de ajudar as vítimas, certamente clamaram por seus culpados.
Aqui nesta terra pode haver impunidade, mas o Justo Juíz e Bom Pastor já disse que, no devido tempo, separará as ovelhas dos cabritos.
Não se engane, não existe homilia bonita, conta em dia ou prédio novo que valha mais do que o bem das vítimas.
Onde existe abuso, a evangelização é defasada.