Aos poucos faço esta constatação de que não só a Maçonaria não é tão secreta assim como também na Net ela revela aos leigos as maravilhas de peças de arquitetura como esta prancha de “viagens ” .
A iniciação é uma viagem ou até várias mas é uma viagem sem volta porque o que vamos descobrir é incalculável e no entanto o que vamos descobrir já estava dentro de nós, secretamente enterrado...
Somos nômades viajando pela vida...
Por estarem associadas à aventura, as viagens sempre inspiraram a escrita de escritores e fascinaram homens ávidos por explorar para melhor compreender esta bela terra em que temos o privilégio de permanecer. Quem nunca sonhou um dia visitar tal e tal país, aproximar-se de tal e tal civilização que deixou a sua marca indelével, seja ao longo de um rio, seja na floresta tropical, seja nas alturas vertiginosas de uma serra? montanhas ou mesmo numa ilha perdida no meio do oceano. É a curiosidade da descoberta, a necessidade de mudança de ares, por vezes também a procura do contato humano que justifica a viagem.
Os poetas viram a possibilidade de usar a viagem para escapar temporariamente da realidade, para se mover sem se mover, deixando para a mente e a imaginação o cuidado de peregrinar nas terras do sonho e do imaginário. Louis-Ferdinand Céline escreve:
“Nossa própria jornada é inteiramente imaginária. Esta é a sua força. E então todos podem fazer o mesmo. Apenas feche seus olhos. É o outro lado da vida. Cito agora Guy de Maupassant: “A viagem é uma espécie de porta pela qual se sai da realidade como se fosse entrar numa realidade inexplorada que parece um sonho. E é assim que o leitor viaja lendo, o cinéfilo indo ao cinema e o amante da fotografia ou pintura indo ver uma exposição.
Detenhamo-nos agora no caminho iniciático tomando alguns exemplos não exaustivos extraídos da mitologia, da história ou da religião, todos eles com um importante significado simbólico:
Aqui está Buda, então Jesus, que viaja por seu país
Fugindo do Egito, Moisés leva seu povo em uma longa marcha para a Terra Prometida
É também Homero que nos conta a odisseia de Ulisses e, como eco, o romano Virgílio que nos conta a Eneida
As viagens de Pitágoras ao sul da Itália e ao Egito
A viagem do apóstolo Paulo às margens do Mediterrâneo
A peregrinação a Santiago de Compostela
A busca do Graal de Perceval e Lancelot
Podemos multiplicar os exemplos à vontade, mas uma coisa é certa: não há heróis sedentários.
Mais perto de casa conhecemos as viagens dos Companheiros do Tour de France e, na Maçonaria, as viagens dos Aprendizes, Companheiros e Mestres.
A viagem iniciática é uma experiência fundamental para o Homem: é mesmo uma necessidade, o instrumento da sua emancipação e a oportunidade de descobrir outros aspectos da sua personalidade. Mas esta viagem é também um teste porque pressupõe um confronto consigo mesmo e sabemos que este exercício é eminentemente difícil. A verdadeira viagem é sempre uma viagem interior, um mergulho no nosso ser profundo sobre o qual lançaremos um novo olhar. E este olhar corresponde a uma verdadeira descoberta porque faz parte do “Conhece-te a ti mesmo” preconizado por Sócrates. Nesse sentido, é o primeiro passo para o conhecimento, o de si mesmo, depois o dos outros.
Como vimos, viajar é uma ferramenta de conhecimento, mas também de liberdade. Para apresentá-lo de forma pictórica, digamos que é ao mesmo tempo um passeio e uma viagem, por vezes errante, mas também e sobretudo uma busca, a da nossa realidade, da nossa verdade. No início o caminho é pedregoso, depois, aos poucos, a aspereza se nivela. À medida que avançamos conseguimos nos libertar de múltiplas contingências, enfim, nos libertar.
Como a vida, a morte também é uma jornada. Isso é alimento para o pensamento.
Talvez a viagem seja não só a imagem da longa história nómada da humanidade (lembremo-nos de Adão expulso do Jardim do Éden e dos homens dispersos após a queda da Torre de Babel) mas também o símbolo da marcha da Humanidade rumo ao progresso, para o conhecimento e para esta sabedoria que os eternos viajantes que somos, sabem que nunca poderemos alcançar.