Share Viagens Transformadoras
Share to email
Share to Facebook
Share to X
By Banca do Podcast
The podcast currently has 21 episodes available.
Um presente que se foi e o desapego necessário para novos fazer novos laços durante a jornada. É essa a história do segundo episódio do podcast Viagens Transformadoras em que eu, Juliana Reis, falo de um dos grandes aprendizados que as viagens me trouxeram.
Essa e outras histórias estão em http://viagenstransformadoras.com.
POR QUE NÃO EU?
Foi num albergue encravado nos Alpes que uma geração de viajantes retornou de seus países por vários invernos reforçando a amizade nascida nas conversas ao lado da lareira e durante refeições preparadas na cozinha coletiva. O tempo dessa turma não era gasto na busca de selfies perfeitas - aliás, essa expressão nem existia e às vezes a gente só virava a câmera e a foto dava certo ou não. No lugar mais bonito do mundo ninguém enlouquecia para sair bonito na foto ou para provar que estava lá. Definíamos nossos destinos no bate-papo e rabiscando os mapas à luz da fogueira lá fora, respirando o ar gelado da montanha. O wi-fi não estava envolvido.
FICHA TÉCNICA:
- Sou Juliana Reis, uma viajante de coração inquieto.
- Quem ilustra essas histórias é a artista Lu Otto.
- E quem cuida da gravação e da produção sonora é a BANCA DO PODCAST
*Várias das histórias contadas aqui são publicadas na maravilhosa revista Vida Simples.
*Logo da marca: talentosa Pebi Azevedo
Você também me encontra no Spotify em https://open.spotify.com/show/6qT1eFo...
Seja bem-vindo e viaje comigo. :)
Quando minha amiga Jurga me entregou o mapa da Lituânia, me propus progredir aos poucos sempre voltando para a minha base no fim do dia. Mas algo acontecia a cada vez que eu deixava o limite urbano de Klaipeda e adentrava a ciclovia. Digo... Certas histórias não caberiam naquele tempo e distância.
FICHA TÉCNICA:
- Sou Juliana Reis, uma viajante de coração inquieto.
- Quem ilustra essas histórias é a artista Lu Otto.
- E quem cuida da gravação e da produção sonora é a BANCA DO PODCAST
*Várias das histórias contadas aqui são publicadas na maravilhosa revista Vida Simples.
*Logo da marca: talentosa Pebi Azevedo
Você também me encontra no Spotify em https://open.spotify.com/show/6qT1eFo...
Seja bem-vindo e viaje comigo. :)
As desculpas que damos a nós mesmos para não enfrentar medos ficam mais evidentes quando estamos prestes a viajar. Fantasiam-se de devoção familiar, dor, escassez, abnegação, necessidades diversas.
Foi a largada para minha primeira grande viagem. Vinha de uma hora em pé dentro de um metrô em pane no subterrâneo de Paris. Penava metida num casaco pesado, trazendo a mochila estufada com o desnecessário. Inexperiente, chorei discretamente. Quis desistir. Até que a porta se abriu na última estação nos limites da cidade e ela não deixou. Meu primeiro anjo do caminho surgiu há anos e sumiu sem que eu pudesse agradecer. Sem seu estranho incentivo, eu não conheceria os outros.
Uma vez ouvi que felicidade é a sensação de estar bem com você e as pessoas ao redor, e de estar no lugar certo na hora certa. Foi no aeroporto de Varsóvia que a encontrei - a felicidade. Ali, trafegando entre mundos, me vi realizada e livre do desejo de chegar a algum lugar, apenas sendo eu, sem tentar manipular a vida. Então projetei mentalmente o portal de transição que, para mim, simboliza viajar. E fui transportada a uma dessas paradas de serviço para viajantes na estrada.
Dona Anastacia me ofereceu uma dose de vodka caseira ucraniana. Junto devemos comer um pedaço de pão e tomate para aliviar a acidez no estômago. O pão também é feito em casa e o tomate cresce no quintal. Não quis ser rude e aceitei, mas não sem titubear. Ela preparou a mesa. Sobre a toalha de bordado ucraniano colocou 4 copos e partiu o alimento em fatias. Antes de virar a dose, brindamos eu, ela, o marido Nicolai e Peter, meu tradutor. Dona Anastacia anunciou divertida: “Nossa nação não conhece a radiação. Saúde!”. E empurrou o tomate na MINHA boca.
Eu tinha um plano: sair da Ucrânia antes que meu visto expirasse. Até que um acidente de trem jogou a malha ferroviária do país no caos e todos os funcionários e passageiros ficaram confusos. Ninguém queria dar atenção a uma estrangeira. Fui informada por mímica que não haveria lugar para mim nem no próximo trem, nem em nenhum outro. O atraso arriscava minha saída da Ucrânia legalmente. Aí toda a cidade parou para me ajudar.
No meu último verão como adolescente li o navegador Amyr Klink defendendo, em seu livro Mar Sem Fim, que um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar a arrogância que nos faz doutores do que não vimos. Ali tomei a decisão de ser aluna pelo mundo e, viajando, quanto mais eu aprendia, mais eu me dava conta do quanto não sabia das coisas.
The podcast currently has 21 episodes available.