O Marco Civil da Internet tem um modelo liberal de regulação que atua a partir de decisão judicial. Com o aumento da circulação da informação e de uso das redes sociais, tornou-se necessária a regulação para além de conteúdos de nudez. É preciso criar regras para que as plataformas sejam mais responsáveis. A avaliação é do professor de comunicação da USP, Vitor Blotta, em entrevista a Marco Antonio Soalheiro, no Mundo Político. Blotta diz que o debate sobre os limites da regulação e censura é pertinente. Ele argumenta que a falta de clareza do que é desinformação pode levar a excessos na interpretação dos conteúdos. O professor aponta modelos internacionais para os quais o Brasil pode progredir, que exigem mais transparência e responsabilidades das plataformas. E avalia que os maiores flagrantes de desinformação recentes nas redes são o discurso anti-vacina e as narrativas que afetam o processo democrático e os direitos das minorias. Sobre a declaração do presidente Lula de que deseja levar o debate da regulação das redes para o G20, Blotta disse que é preciso que a discussão seja internacional e também multissetorial e lembrou que metade da população do mundo tem suas vidas afetadas pelas mídias digitais. O professor citou o modelo europeu como a frente mais moderna de regulação que considera a internet um espaço público que não pode ser pautado pelos interesses privados.