“Você não sangra, você não tem vagina”, responde o lugar de fala à conta matemática. A lógica vai além: num sistema capitalista, deveriam todos ter os meios para arcar com a própria sobrevivência. Emprego, trabalho, renda. Claro, ninguém razoável é estupidamente insensível para negar miséria e exclusão social num país como o Brasil e não querer arcar com alguma assistência básica à população miserável. Mas se distribui-se absorventes, por que não distribuir comida, roupas, escovas de dentes, papel higiênico, sabonete e outras centenas de produtos essenciais à saúde pública? Se tem gente que não sangra, todos defecam e deveriam ter papel higiênico de graça, por esta lógica distributiva geral, não? Já tentaram: fizeram uma coisa chamada socialismo. E descobriu-se que, neste sistema, se socializa a pobreza e a opressão do Estado, que distribui migalhas e sobras de autoritarismo à população. Uma economia de mercado que, ainda que falha e insuficiente, pode distribuir algum dinheiro (como já faz com o Bolsa Família e auxílio emergencial na pandemia), além da oferta maior de empregos, é muito mais eficiente que um sistema socializante amplo que sufoca as potencialidades do indivíduo ganhar dinheiro e distribuir trabalho por meio de seu livre empreendedorismo. Até mesmo governos petistas como os de Haddad e Dilma, intuitivamente, sacaram que distribuir absorventes ou tudo mais não funcionava neste sentido. Até eles perceberam que populismo social tem limites quando são eles os populistas que tomam conta das contas públicas.