Nesta última parte dessa conversa sobre a Literatura de Cordel, o Professor Paulo Iumatti, o eixo articulador desse tema abordado em várias partes aqui na Peroba, conversa com Maria Renata Duran sobre cangaceiros, cangaço, castelos imaginários, representação cultural de Lampião nos folhetos, e a demonização sistêmica dos povos negros na literatura de Cordel. E também, sobre uma certa alegoria que parecia mais um prelúdio distante do neopentecostalismo.

Existem tipos de Fontes Históricas diferentes: textuais, arqueológicas, orais, musicais, filmográficas, dentre outras. Mas, independentemente do tipo de fonte histórica escolhida, é fundamental que o pesquisador se envolva diretamente com ela, examinando-a criticamente, contextualizando-a dentro do período histórico e avaliando sua credibilidade e relevância para o estudo em questão. Essa abordagem crítica e analítica é essencial para uma pesquisa histórica mais precisa.

O Professor Iumatti que nos apresentou um roteiro bibliográfico para estudar a cultura popular no episódio passado, faz comentários acerca das obras "Beija-Flor e Treme Terra a Embolada das Meninas" Selma do Coco apresenta "Meu Sabiá", e ainda ouviremos canções do disco de "Música do Nordeste" de Marco Pereira.

Neste programa, serão abordados o cancioneiro popular e a literatura de cordel do período entre 1890 e 1930, junto do professor Paulo Iumatti da USP.

Iumatti iniciará a discussão compartilhando sua formação acadêmica em História, bem como sua experiência no programa de pós-graduação em História Social, mas também é músico. Destaca como essa combinação influenciou sua linha de pesquisa e sua abordagem ao estudo do cancioneiro popular e da literatura de cordel. Essa fusão de conhecimentos e interesses certamente proporciona uma análise rica e multifacetada dessas formas de expressão cultural, permitindo aos ouvintes uma compreensão mais profunda de sua importância histórica, social e artística.

Neste programa, seremos introduzidos ao campo da literatura de Cordel, que recebeu esse nome ainda no século XIX devido ao fato de ser tradicionalmente exibida suspensa por cordas. O programa irá explorar esse gênero literário, apresentando também o trabalho acadêmico e musical do professor Paulo Iumatti, do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.

Paulo Iumatti é reconhecido como um especialista em Estudos Brasileiros e Latino Americanos, tendo atuado como diretor de pesquisas por mais de dois anos na Sorbonne. Este é o primeiro de uma série de três programas dedicados à literatura de Cordel, visando uma imersão profunda nesse profícuo campo, tão fascinante e historicamente significativo da cultura brasileira.

Câmara Cascudo nos convida a pensar sobre isso em sua Obra: "Literatura Oral do Brasil". Com a pergunta: O que é literatura oral? Algo produzido pelo povo que não lê. Canções de embalar crianças, danças de rua, teatros e apresentações de praça, ditados, adivinhações, rondas e jogos infantis, anedotas.

Hoje, a cultura de rua, as artes performáticas, o cancioneiro popular, o cordel, os repentes, as batalhas de rap e outras formas de expressão oral e espontânea são capazes de produzir uma literatura tão importante quanto a literatura impressa, considerada como a literatura oficial. Essas manifestações culturais têm uma profundidade e uma riqueza próprias, refletindo as experiências, as tradições e as lutas de formas autênticas e poderosas. Elas capturam a essência da cultura popular de maneira vibrante e cativante, transmitindo histórias, valores e perspectivas de uma forma que ressoa profundamente com o público. A persistência pela oralidade, pelo ao vivo, traz vida à cena e proporciona uma experiência única e imediata para quem está presente. Essa interação direta entre o artista e o público cria uma conexão emocional e um senso de comunidade que são fundamentais para a preservação e o caminhar da cultura.

Sonia Jorge, uma figura proeminente no campo da tecnologia e defensora da regulamentação das plataformas digitais, traz uma perspectiva valiosa sobre os desafios enfrentados por mulheres nesse setor e na política da tecnologia. Originária de Angola, filha de pais portugueses, ela traz consigo uma bagagem formativa significativa no campo da tecnologia. Jorge destaca os obstáculos enfrentados por mulheres em campos dominados por homens, incluindo a tecnologia e a política da tecnologia. Ela ressalta a importância de trabalhar arduamente para alcançar posições de liderança, uma lição que aprendeu com seus pais, ambos ativistas políticos que a incentivaram a lutar pelos direitos das pessoas, especialmente das mulheres. A influência de seus pais moldou sua visão sobre a necessidade de defender os direitos das mulheres, principalmente porque havia mulheres que não podiam fazê-lo por si mesmas. Seu percurso educativo incluiu uma oportunidade de estudar nos Estados Unidos, onde permaneceu para trabalhar durante o final dos anos 80 e início dos anos 90, uma época em que a internet ainda não havia se popularizado globalmente. Com sua experiência e perspectiva única, Sonia Jorge contribui para o debate sobre a regulamentação das plataformas digitais e para o avanço da inclusão e igualdade de gênero no campo da tecnologia e da política da tecnologia.

Neste nosso encontro de sábado à tarde, traremos algo da literatura de Érico Veríssimo, autor brasileiro que nos serviu literatura de qualidade ao longo dos seus 74 anos de vida, sendo esses mais de 40 de carreira. Quem traz a vida e a firmeza para as interpretações: "A Escolha", "O Navio das Sombras" e "As Mãos de Meu Filho" é o ator Paulo Autran. Este último, revira nossos sentimentos juntamente com Yamandú Costa que com seus acordes nos prende com a delicada e envolvente composição que leva o intrigante nome de "Bolero Negro", alternando com as poesias acimas citadas "Saracuteio", "Chapahall" e "Meu Gurizinho".

A citação destaca a importância da interpretação tanto na compreensão pessoal de um texto quanto na sua transmissão para outros. Tanto em fontes históricas quanto na literatura, a mensagem contida requer uma interpretação vívida para ser plenamente compreendida. Essa interpretação, seja realizada por um professor, um artista ou qualquer outra pessoa, ajuda a revelar a força e a profundidade do texto. Na próxima hora, teremos o privilégio de ouvir Aracy Balabanian interpretar poemas de Clarice Lispector, como "Uma Galinha", "Felicidade Clandestina", "Ele me Bebeu", "Uma História de Tanto Amor" e "Perdoando Deus". Essa interpretação certamente nos proporcionará uma nova perspectiva sobre esses textos e nos permitirá apreciar ainda mais a genialidade de Clarice Lispector. Além disso, a presença da guitarrista portuguesa Marta Pereira da Costa, com suas composições originais como "Em Movimento", "Alfonsina y el mar", "O Canto do Rio" e "Viagem", acrescentará uma dimensão musical única a este evento, enriquecendo ainda mais nossa experiência auditiva e emocional. É uma oportunidade única de mergulhar na arte da interpretação e apreciar a riqueza tanto da palavra quanto da música, apresentada por talentosas mulheres em um momento de conexão e expressão criativa.

O primeiro conto, "O Tesouro", aborda a fome e a miséria enfrentadas por três irmãos de Medranhos, que descobrem um tesouro árabe e se veem envolvidos em uma trama de ganância e desconfiança. Essa narrativa provavelmente explora questões humanas profundas, como a natureza humana diante da riqueza inesperada e como isso pode afetar os relacionamentos entre as pessoas. O segundo conto, "Frei Genebro", relata a história de um clérigo que conseguiu resistir às tentações mundanas por mais de 20 anos, vivendo nas montanhas da Úmbria e seguindo os ensinamentos de São Francisco de Assis. Essa história provavelmente aborda temas como a luta entre o mundo material e o espiritual, e a busca pela pureza e santidade em meio às dificuldades da vida cotidiana. Eça de Queirós, nascido em 1845, é conhecido por suas grandes obras literárias, como "O Primo Basílio" e "Os Maias", que exploram diversos aspectos da sociedade portuguesa do século XIX, incluindo questões sociais, políticas e morais. Essas histórias, interpretadas por Paulo Autran, certamente oferecem uma visão única e profunda das obras de Eça de Queirós, destacando elementos importantes e proporcionando uma experiência enriquecedora para os espectadores.

O ator Paulo Autran interpreta algumas crônicas de Fernando Pessoa, intercalado pelo som da guitarra do português, Carlos Paredes. Autran dá vida a uma singela poesia sobre o menino Jesus.