Em nossas sociedades pós industriais contemporâneas, o imperativo categórico do sucesso social por meio de performances e rendimentos mantém o ócio sob suspeita e banimento, como algo da ordem do desajuste e anormalidade, a despeito de todas as utopias que celebravam as promessas da tecnologia como a realização da fantasia de uma libertação do homem da escravidão, da servidão e da necessidade, como as núpcias entre o trabalho produtivo e o lazer.
Seria o caso de se pensar num papel positivo para categorias politicamente ainda descreditadas, como as diferentes modalidades transgressivas de excesso, prodigalidade, desperdício: o não fazer nada, a total ausência de finalidade e instrumentalização, em ruptura com a exigência de consumo infinito e permanente entretenimento. O ideal de navegar na contra-corrente da compulsão à produtividade, de um ideal de felicidade banalizado como bem estar, segurança, ausência de dor e sucesso social.