Batizada com o nome da poeta Dona Edite, referência para o movimento da literatura periférica, mulher negra, mineira, apaixonada por leitura, que perdeu a visão com pouco mais de 50 anos de idade e, atualmente, do alto dos seus 82 anos, encanta e emociona a todos com um longo repertório de poesias, de autores contemporâneos e clássicos, que ela recita de cor no sarau da Cooperifa e em outros que frequenta, pelas quebradas de São Paulo. “Não encontro nem palavras, entre as vogais e consoantes, para colocar a alegria que eu sinto; isso aqui na nossa periferia é de uma grandeza tão imensa”, afirma Dona Edite, emocionada com a homenagem. Recentemente ela recebeu uma outra, dentro da Assembleia Legislativa de São Paulo, o Título de Cidadã Paulistana, “é fruto da nossa luta aqui nessa periferia, é tudo que nós plantamos ao longo de muitos dias, meses e anos” destaca orgulhosa.
Com uma coleção de quase dois mil títulos, a biblioteca mistura autores contemporâneos, que protagonizam o movimento da literatura periférica, como Sergio Vaz, Luiza Romão, Ferréz, King Abraba, Santos Drummond, Luz Ribeiro, Mel Duarte; com autores clássicos, cânones da literatura brasileira e internacional, como Machado de Assis, Maria Firmina dos Reis, Oswald de Andrade, Clarice Lispector, Dostoiévisk, Franz Kafka, entre outros que compõem esse rico acervo, que conta também com uma sessão infantil com centenas de livros, almanaques, revistas e gibis. “A biblioteca tem sido pensada com muito carinho para que as pessoas queiram estar aqui, gostem de literatura e sintam-se pertencentes a esse universo, inclusive as crianças. O acervo, o espaço e a programação estão sendo construídos com todo amor e respeito que temos por esse movimento que estamos ajudando a construir há mais de uma década”, ressalta Carolina Peixoto, pedagoga e coordenadora editorial da Baderna.