A poesia te pede licença pra entrar no seu dia, agora:
Da calma e do silêncio | Conceição Evaristo
"Quando eu morder / a palavra, / por favor, / não me apressem, / quero mascar, / rasgar entre os dentes, / a pele, os ossos, o tutano / do verbo, / para assim versejar / o âmago das coisas. /Quando meu olhar / se perder no nada, / por favor, / não me despertem, / quero reter, / no adentro da íris, / a menor sombra, / do ínfimo movimento. / Quando meus pés abrandarem na marcha, / por favor, / não me forcem. / Caminhar para quê? / Deixem-me quedar, / deixem-me quieta, / na aparente inércia. / Nem todo viandante / anda estradas, / há mundos submersos, / que só o silêncio / da poesia penetra."
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Apresentação e narração: Dandara Terra
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