Os dicionários espanhóis definem a palavra montuno como alguma coisa pertencente à montanha, ao campo. Mas, esse vocábulo tem um significado especial na música cubana que ainda não consegui compreender completamente. É certo que se refere a algo que surgiu na região montanhosa de Santiago de Cuba. Ouvimos, de Niño Rivera, com Niño Rivera e seu conjunto, “Montuno Guajiro”.

O mineiro Hervê Cordovil, nascido em 1914 e falecido em 1979, é um nome quase esquecido da MPB. Natural de Viçosa e filho de médico, Hervê mudou-se cedo para o Rio de Janeiro. Foi aluno do Colégio Militar e estudou música, tornando-se pianista, atividade que foi sua principal atuação profissional.

Hervê criou belos e esquecidos sambas-canção, três dos quais recordaremos no programa de hoje. Primeiramente escutaremos “Nada no meu coração” em registro da cantora Ana Lúcia, a seguir, “Uma Loura”, com Dick Farney e, finalmente, “Jangada”, parceria com Vicente Leporace, na voz de Sílvio Caldas.

A música popular costuma homenagear os instrumentos musicais que a tornam possível. Nenhum gênero musical se identificou tanto com um instrumento determinado como o tango, cuja personalidade advém do bandoneón, também referido como fuye. Ouvimos, com Carlos Gardel, “Bandoneón arrabalero”, de Bachicha e Pascual Contursi e, com Vanesa Quiroz, de Anibal Troilo e Homero Manzi, “Che bandoneón”.

O ciúme e seu efeito deletério nas relações afetivas é um tema habitual na canção latina dos anos de 1930 a 1960. Ouvimos, com Júlio Gutierrez e sua Orquestra, “Desconfianza”. De Julio Gutierrez e, com o grupo Puerto Candela e vocal de Violeta Ortega, “Cosas del alma”, de Pepe Delgado.

Anna Setton, nascida em 1983, que além de cantora é também compositora, atuou por muitos anos na noite paulistana. Ouçamos duas dessas colaborações de Anna Setton com Swammi Jr. O bolero "Nocturno Antillano", e em “Movimentos do mundo”, de Paulinho da Viola.

Um vídeo recente, que viralizou na internet, do violonista gaúcho Marcello Caminha, com uma bela execução do tango “A media luz”, me fez lembrar de sua história. Esse é um tango que, mesmo sem reconhecer seu nome, as pessoas identificam um de seus versos, que cita um endereço de Buenos Aires: “Corrientes, 348”.

Ouvimos “A media luz”, de Edgardo Donato e César Lenzi, em gravações de Carlos Gardel e Mercedes Simone, respectivamente.

José Maria de Abreu nasceu em uma família musical de classe média, em Jacareí, em 1911. Tocou trompete e violino, antes de fixar-se no piano, que seria seu ganha pão de toda a vida. Ouvimos, de José Maria de Abreu e Jair Amorim, com Dick Farney, “Um cantinho e você”, “Ponto final” e “Alguém como tu”.

Rubén estudou piano em conservatório, parece que chegou a estudar medicina, mas, segundo ele, a música corria em seu sangue.

Ouvimos, com Rubén González, “Pueblo nuevo”, de Israel López, e, dele próprio, “Como siento yo”.

A palavra guajira, em Cuba e talvez em parte do caribe, tem dois significados distintos que se interrelacionam. Originalmente, guajiro designa o jovem campesino de ascendência europeia, especialmente aquele cujos ancestrais teriam vindo da Espanha. Com o tempo, creio que a designação talvez tenha se estendido para qualquer camponês jovem. Ouvimos, com El son entero, “Amorosa guajira”, de Jorge González Allué, e, com o dou Las Hrmanas Ferrin, “Mi linda guajira” de Lorenzo Hierrezuelo.

Ouvimos, com Sílvio Caldas, “Chuvas de verão”, de Fernando Lobo e “Reverso”, de Gilberto Milfond e Marino Pinto.