É comum a gente andar nas grandes cidades e ver tanto pessoas morando nas ruas ou em habitações precárias como também imóveis abandonados ou mesmo edifícios inteiros fechados. Você não acha revoltante que a defesa da propriedade, mesmo abandonada, seja mais importante do que a vida das pessoas?
Durante a pandemia, temos visto, no Brasil, diversas tentativas de despejo. Semana passada, o povo Pataxó do sul da Bahia conseguiu uma vitória provisória ao fazer valer a decisão do STF que proíbe ações de reintegração de posse em terras indígenas durante o surto da Covid-19. Coisa que nossos representantes, nossos “democratas” têm insistido em ignorar, porque, claro, a intenção deles não é defender o povo, mas proteger quem os protege - as granes corporações, das quais muitos deles também são donos.
Infelizmente, o Quilombo Campo Grande não teve a mesma sorte. A mando do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, a polícia militar expulsou as famílias que viviam no local havia mais de vinte anos de forma autônoma, para entregar as terras nas mãos do grande empresário de café João Faria, que possui dívida de mais de um bilhão - isso mesmo, um bilhão, com b de boicote - com cooperativas de produtores de café e funcionários de suas empresas, entre outros credores. É de uma simbologia terrível constatar que a força bruta do Estado de Minas Gerais começou a desocupação destruindo a escola autogerida do quilombo.
Outro coletivo autônomo que está ameaçado de despejo é a Kasa Invisível, em Belo Horizonte.
A Kasa Invisível é uma casa ocupada por um coletivo anticapitalista, autônomo e horizontal, localizada no centro da Capital de Minas Gerais.
O espaço carrega a proposta de ser um ponto de resistência no centro da cidade, abrigando cursos, debates, gráfica popular, oficinas, reuniões de coletivos, cinema, biblioteca, espaço de encontro e conhecimento, eventos beneficentes, horta urbana. Durante a pandemia, o coletivo já distribui mais de 1000 marmitas e kits de higiene para pessoas em situação de rua, garis, catadores, trabalhadores informais, entre outros, além de dezenas de cestas básicas, roupas, cobertores, fraldas e móveis pra outras ocupações no centro de Belo Horizonte.
Por isso, amanhã, dia 10 de setembro de 2020, às 9h, na Praça da Estação, diversos movimentos coletivos e populares farão uma marcha para exigir a suspensão imediata de TODOS os despejos. Apoiam o ato:
Movimento de Organizações de Base - MOB
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas - MLB
Coletivo Alvorada
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST
Brigadas Populares
Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos - MTD
Luta Popular
Central dos Movimentos Populares - CMP
Movimento Nacional de Luta por Moradia - MNLM
União Nacional por Moradia Popular - UNMP
Comissão Pastoral da Terra - CPT
Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB
Kasa Invisível
Pastoral de Rua
Arquitetas Sem Fronteiras
Se você não pode participar presencialmente, ajude divulgando a causa nas redes sociais: use a hashtag #DespejoZero e contribua também com produção de posters, webflyers e cartazes para a campanha não só contra o despejo da Kasa Invisível, mas também contra o despejo de mais de 300 comunidades em Minas Gerais e contra todos os despejos de comunidades e famílias pobres Brasil a fora.
Siga a Kasa Invisível nas redes sociais e mande sua arte para o e-mail: [email protected]
A verdadeira reintegração de posse é devolver ao povo a sua autonomia!
O Coquetel apoia as ocupações do Brasil e do Mundo, contra o estado e contra as grandes empresas, pela autonomia popular e a favor da liberdade coletiva e da Anarquia!