NÃO QUEREMOS DEFINIR a TAZ ou elaborar dogmas sobre
como ela deve ser criada. O nosso argumento é que ela foi criada, será
criada e está sendo criada. Portanto, será mais proveitoso e mais interessante
olharmos para algumas TAZ passadas e presentes, e especular sobre
manifestações futuras. Evocando alguns protótipos podemos vir a ser
capazes de avaliar o escopo potencial deste complexo, e talvez até mesmo
vislumbrar um "arquétipo". Em vez de tentar qualquer tipo de
enciclopedismo, adotaremos uma técnica franco-atiradora, um mosaico de
vislumbres, começando de forma arbitrária com os séculos XVI/XVII e o
estabelecimento do Novo Mundo.
A abertura do "novo" mundo foi concebida desde o principio
como uma operação ocultista. O mago John Dee, consultor espiritual da
rainha Elizabeth I, parece ter inventado o conceito de "imperialismo
mágico" e infectado toda uma geração com ele. Halkyut e Raleigh caíram
sob seu feitiço e Raleigh usou suas conexões na "Escola da Noite" - uma
ordem secreta de pensadores de vanguarda, aristocratas e iniciados - para
incentivar as causas da exploração, colonização e mapeamento. A
Tempestade foi uma peça de propaganda para esta nova ideologia, e a
colônia Roanoke 7 seu primeiro experimento.
A visão alquímica do Novo Mundo o associou com matéria-
prima ou hyle (o nada), o "estado da Natureza", inocência e possibilidade
total ("Virgínia"), um caos ou essencialidade que o iniciado transmutaria em
"ouro", isto é, em perfeição espiritual assim como em abundância material.
Mas essa visão alquímica é, em parte, também, gerada por uma
real fascinação pelo incipiente, uma secreta simpatia por ele, um sentimento
de ternura por sua forma sem forma, que tomou como símbolo para seu foco
o "Índio": o "Homem" em seu estado natural, ainda não corrompido por
nenhum "governo". Caliban, o Homem Selvagem, é instalado como um
vírus dentro da própria máquina do Imperialismo Oculto.
Florestas/animais/seres humanos são investidos desde o início com o poder
mágico do marginal, do desprezado e do proscrito. Se, por um lado, Caliban
é feio e a natureza é uma "imensa selvageria", por outro, Caliban é nobre e
livre e a Natureza é um Éden. Essa divisão na consciência europeia antecede
a dicotomia romântica/clássica. Está enraizada na Alta Magia da
Renascença. A descoberta da América (o Eldorado, a fonte da juventude) a
cristalizou, e sua precipitação aconteceu na forma de esquemas reais de
Na escola primária nos ensinam que a primeira tentativa de
colonização em Roanoke fracassou, que os colonizadores desapareceram,
deixando para trás apenas a mensagem críptica: "Fomos para Croatã". Mais
tarde, relatos de "índios de olhos cinzentos" foram descartados como lenda.
De acordo com os livros escolares, o que aconteceu foi que os índios
massacraram os colonos indefesos. No entanto, "Croatã" não era nenhum
Eldorado, era o nome de uma tribo local de índios amigáveis.