Agora é chegado o momento de iniciar o fechamento desse ano maluco. Sim, parece que cada ano a sociedade e as pessoas ganham mais densidade, de tal forma que, muitas vezes, sinto dificuldade de acompanhar os dramas, de distinguir o real do imaginário, de entender as pessoas. Foi o ano em que fomos confrontados com as tragédias climáticas, com o fim da ilusão de que a natureza se refaz por sua própria conta. Nada disso. Vimos a terra ser varrida por águas e labaredas. Muito se perdeu, muitos seres se foram, muitas dores. Vimos duas guerras, com seus líderes insanos e sanguinários, se erguerem sobre os céus da vida encobrindo o sol e a lua, tornando tudo turvo e sombrio. Vimos também povos e pessoas que se ergueram em solidariedade com todos os seres e inauguraram projetos delicados, sinceros, de amor que restauram a vida e a esperança. Como duas linhas que caminham lado a lado - o ódio e a mentira, o coração e a fé. Até onde elas vão não se sabe, quando uma cederá, não se sabe tampouco. O que se espera é que o amor vença o ódio, e que mentira seja dissolvida pela sabedoria!