As ameaças e agressões enfrentadas por mulheres nos parlamentos brasileiros têm a mesma raiz das violências que elas sofrem no cotidiano. A constatação é da professora Maira Covre, do Instituto de Ciências Sociais e do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UERJ. "A violência doméstica passou a ser crime recentemente. Antes, valia o ditado: em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher", lembra. Em entrevista ao jornalista Marco Antonio Soalheiro, no Mundo Político, ela indicou que as parlamentares de esquerda acabam sofrendo mais com esse problema do que as de direita. "As parlamentares de esquerda tendem a romper com o lugar imaginado para as mulheres". A professora reconhece a importância de legislações que criminalizam a violência política contra as mulheres, como a aprovada na Assembleia Legislativa de Minas, mas ponderou que elas precisam ser aplicadas. Ela ainda considera que as respostas institucionais ainda são tímidas e lentas. E isso se justificaria porque a questão é cultural. "É preciso promover campanhas que naturalizem as mulheres nos espaços de poder". Maira Covre também criticou os partidos políticos, que dificultam o acesso e não apoiam as candidatas.