Lembro-me da despedida
do último abraço
da dor da partida
Um coração ainda tão novo
lidando com diversos estigmas
Tirado de um tempo
ferido num contratempo
desalinhado a própria vida
Crescendo pelo não
Esperando sempre o fim
Vivendo pela dor que a vida causou, parecendo não ter mais fim.
Essa noite sonhei com uma visita sua
Ele veio a um local que sempre me encontro
Não via o seu rosto, mas sabia pelo seu corpo, que eu ali o tinha.
Por muito tempo, a dor da saudade virou raiva
Ele não podia ter ido logo tão cedo
O sentimento que nos assegurava proximidade, agora já não mais o tinha.
Dos meus olhos as águas se vão
Pela primeira vez a dor do não
Do não ter
Do não ver
Do não ter tido
Acho que a raiva se foi, dando lugar a ausência.
Ausência do ser
Do existir
Mas com um ar de padecer
Que não parece ter fim.
Mas fim tem sim, no pai que tudo criou. Ele recolhe o choro, e sara a dor.
Dá lugar no destino
Sentido ao respirar
e vida pra caminhar.
De novo, pra sempre, eu pude ser chamado de filho.
A esperança do novo
A possibilidade do renovo
A ida a uma nova terra
Mesmo que no processo surjam guerras
Mas por fim vem uma nova estação
E não nos prenderemos ao ontem
Não seremos escravos do medo
Muito menos do desespero