Nós estávamos "dibuiando" feijão e conversando sobre a minha mudança para Brasília no próximo mês, e dai ela solta "eu também quase morei em Brasília". Pronto, lá estava mais uma informação sobre essa mulher que, antes de ser minha mãe, já carregava uma trajetória brilhante e motivadora! Pedi pra gravar, pois eu não queria esquecer, minha memória me trai as vezes, e ela adorou a ideia. Gravei, existem pausas gigantes, mas não me dei ao trabalho de editar nada! Pois, eu quero ouvir sempre que bater saudade, quando eu tiver lá de Brasília, quero sentir que tô ali sentada no taburete de madeira, enquanto ela foi lá coar o café e voltou pra dibuiar o feijão junto comigo e ouvir a bonitona narrar "deu bastante, né? mais feijão do que ontem" ( no dia anterior, a gente arrancou pouco feijão e eu fiz uma farofa que ela adorou, mas foi pouca. Na noite, eu fiz muito mais farofa e botei hortelã, ELA AMOU! E viu o sentido no hortelã, antes disso, fez cara de nojinho, rs) ou ouvir a conversa sobre os morcegos que, me assombram até hoje. Estava um dia de sol, ha dias não tem sol por aqui. Vou ouvir sentindo o cheiro do tempo estiado, imaginando minha roupa pingando no varal e o som da dezena de canários que apareceram pra comer alpiste. Vou irmaginar nosso cachorro Marley, encardido, cheio de carrapato e deitado apoiando a cabeça no meu pé cheio de lama.