Neste episódio de número 7 de O Garçom B o diário verídico de um amor sadomasoquista, o amante de Alma demonstra com mais vigor seu potencial erótico e violento. 

"Onde quer que eu bata?"

Alma de Assis*, a autora desse diário transformado em livro pela Editora Record em 1998, se compraz na violência do que ela identifica como paixão secreta e exclusiva do misterioso, viril garçom B. Único homem talvez a arrancar dela o seu verdadeiro eu erótico e feminino. Seu ardente espírito, chama que se revela no corpo machucado, sacudido de um prazer insano, mas verdadeiro.

Nessa espécie de nirvana e inferno, os amantes transitam, à mercê do desejo.

*Alma de Assis é um heterônimo da artista e poetisa Izabella Zanchi

Voz: Izabella Zanchi

Imagem: capa do livro O Garçom B (selo Rosa dos Tempos/editora Record; 1998/Rio de Janeiro)by Luciana Justiniani

Izabella Zanchi é autora do poema-romance Respiração Boca-a-Boca, publicado sob pseudônimo Flor de Maria d'Alma e Saudade (INDEX ebooks), em 2019. Links para plataformas de vendas no site da editora: http://www.indexebooks.com/respiracao.html

Entrevistas, resenhas, críticas, pensamento em arte, com ênfase em artes visuais.

A artista plástica Leila Pugnaloni (Rio de Janeiro, 1956), radicada em Curitiba, concedeu uma entrevista, por escrito, à artista e autora Izabella Zanchi, para o Caderno 2, do Jornal do Estado, em 1988.

A entrevista foi gravada por Izabella e é compartilhada neste podcast.

Para saber mais sobre a artista, alguns links: http://leilapugnaloniarte.blogspot.com/

http://www.uel.br/eventos/eneimagem/anais/trabalhos/pdf/Teixeira_Rosanny%20Moraes%20de%20Morais.pdf

http://arteseanp.blogspot.com/2010/09/conversando-sobre-arte-entrevistada_22.html

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10423/leila-pugnaloni

https://www.izazillipersona.com/conversa-de-mulher-2/o-artista-esta-sempre-em-processo-de-ebulicao-declara-leila-pugnaloni/

Imagem: Módulo, 2012 (foto de André Malinski)

Áudio (produção e voz): Izabella Zanchi

The Global Inside, the beginning, é uma coletânea de imagens, poesia e prosa internacional, com curadoria de Debra Leea Glasheen (EUA)

 você pode encontrá-lo aqui: https://www.amazon.com/dp/B08TZ7HL5G/ref=sr_1_6?dchild=1&keywords=global+insides+glasheen&qid=1611784095&sr=8-6

Aleksandra Bursac vive em Berlim, Alemanha; seu texto (no Global Inside) em tradução livre:  

O silencioso 

“O céu está igual”, digo a mim mesma, tentando aproximar minha cabeça da janela sem tocá-la. Eu levanto meus olhos o máximo que posso. Percebo pequenas partículas de poeira e algumas gotas de água seca no vidro. O pânico se acumula dentro de mim de uma forma que nunca aconteceu antes. "Só não olhe muito perto, fique calmo e você vai sair logo", continuo dizendo a mim mesmo. O que costumava ser uma viagem agradável no ônibus público de casa para o trabalho agora é uma tarefa insuportável e altamente exigente. Assim que o surto atingiu Berlim, a vida como a conhecíamos deu uma guinada muito dura. O próprio negócio de repente se tornou um assunto de todos. As pessoas começaram a espionar as atividades de outras pessoas e, assim que encontraram algo que parecia impróprio para elas, não deixaram de denunciá-lo. “Para onde tudo isso vai?” Eu me pergunto mais uma vez enquanto tento manter minha distância das pessoas que entram e saem do ônibus. Tudo parece mais estreito agora, os assentos parecem sujos e perigosos, enquanto a maçaneta do ônibus é igual a infecção. A maioria das pessoas dentro do ônibus usa máscaras, exceto algumas que amarraram lenços em volta do rosto. Há apenas uma pessoa parada na minha frente, de frente, que não está usando nenhuma proteção. Percebo os olhares irritados das pessoas se aproximando dela. Ainda não sei o que pensar da mulher. Eu nem quero saber o motivo pelo qual ela não está cobrindo o rosto. O ônibus para. "Faltam três estações e estou fora." Eu me encorajo. Conhecida por sua vibrante mistura de culturas, Berlim geralmente é uma cidade livre e aberta a tudo, mas após a disseminação do COVID-19, ela se tornou irreconhecível. Vazio e frio. Meus pensamentos são interrompidos por um ruído. Eu olho em volta e percebo que a mulher sem proteção começou a tossir. Uma vez, duas vezes, três vezes e mais. As pessoas no ônibus ficaram ansiosas, algumas exigindo que ela fosse embora imediatamente, outras querendo sair do ônibus elas mesmas. A mulher continua tossindo. O motorista do ônibus grita com ela para sair. Minha estação chega. Eu desço, me afastando entorpecida do ônibus. “O silencioso”, penso. “É sempre melhor ser o silencioso.”

Este vídeo também está nos seguintes canais do You Tube:

https://youtu.be/dY-Lgb9CtJQ

https://youtu.be/3Ddj2vd_BxU

O canal D.Glasheen exibe outros vídeos com depoimentos listados no livro.

O Garçom B episódio 6.  Neste episódio, Alma escreve uma carta apaixonada, obscena para B, num delicado papel vermelho, com bordados.  A carta é longa e envolvente. 

Mas a carta chegará ao seu destino?

O Garçom B o diário verídico de um amor sadomasoquista, de Alma de Assis* foi escrito em forma de diário no ano de 1994, e publicado pelo selo Rosa dos Tempos (editora Record) em 1998 em território brasileiro.

*Alma de Assis é um pseudônimo da artista Izabella Zanchi.

Audiolivro: La Zanki

Voz: La Zanki

Face do amor é um poema de Flor de Maria d'Alma e Saudade* e faz parte da coleção Meu amor entrevado na melancolia.

Imagem de chamada: fotografia by Izabella Zanchi

                                           modelo: Andréia Andrade Rocha

Áudio e voz: Izabella Zanchi

* Flor de Maria d'Alma e Saudade é um pseudônimo da artista e escritora Izabella Zanchi., autora de Respiração Boca-a-Boca (poema-romance de poliamor LGBT (INDEX ebooks), Portugal/Brasil.

Site da editora com links para compras:  http://www.indexebooks.com/respiracao.html

Deixo aqui uma singela mensagem de esperança para este natal e finzinho de pandemia.

Izabella

Alianças de ouro é um poema da coleção LIVRO DOS DESASTRES, de 1999.

ALIANÇAS DE OURO

Louca como um bilboquê, tão alegre

E perfeita. Adorável

No rio sem fim dessa noite.

Vampiros cravam seus

Tentáculos

Na lua, vai e vem,

Frenéticos,

Peixes do mar.

Meus seios ávidos são taças de

Sangue

E, porosas, se partem.

Somos só mulheres com bocas

Cheias de sorrisos. Loucas

Que levitam no

Paraíso.

Bonecas calvas de membros amputados

Com suas joias e

Segredos, plasmas

De néctar, planetários e

Doentes. Gargantas agudas, lindas

Tão lindas.

A morte pinga seu silêncio

Vermelho

Sobre a neve.

Nas camas profiláticas

As contraltos vão desfiando seus

Rosários obesos, arquitetas

Do Nepal.

Amor, suas mentiras tão ingênuas.

O enxoval de casamento, o vestido

Rosa-bebê.

As alianças de ouro repousam nos

Relicários, tão

Tristes e belas!

E nas caixas prateadas, as cartas com

Letras invisíveis

Teimam, lacrimejam e mentem,

Mentem

Como um mágico sem truques mas belíssimo.

(Abril/1999)

Izabella Zanchi

Voz: digital aleatória

Izabella Zanchi é autora de Respiração Boca-a-boca (INDEX ebooks, 2019): http://www.indexebooks.com/respiracao.html

Poema da coleção Livro dos Desastres, de 1999.

A MORTA

Morri. Mas tenho um

Corpo e dois pulmões que

Respiram, respiram –

Então é só isso?

Meu bem, sorrio e estou viva e

Meus ossos seguem,

Perfilados

Feito soldados.

A noite flutua e recita a sua

Oração. O mar

Avança sobre a noite

Com seu manto de espuma.

Amo esse brilho das estrelas

Frias, amo esse rumor

De um moribundo

Chacoalhando os ossos.

Sou um feto tão fofo, esticada

Na cama com meus

Sonhos líricos.

O mundo doente visita o

Meu quarto

Exibindo as suas lixeiras:

Braceletes de diamantes, cartões

De crédito, orçamentos de

Um enterro luxuoso e roxo.

Meu coração, esse bailarino, grita

Que está vivo. Mas

Um monólito com um rosto

Pousa

No meu leito, sussurrando “Sou

A Morte, sou a Morte!”

Tudo em paz, meu amor, os

Sonhos estão mortos, estão

Mortos

Os olhos, já não sou

Desse mundo.

Uma imagem de santa católica é

O meu rosto. Quero

Tudo, saladas de raponços, luas

Azuis, música suave.

E teu amor, uma nave

Prateada

Que ninguém mais viu, a não ser

Eu, a não ser

Eu.

(Abril de 1999)

Autor: Izabella Zanchi*

Voz: mecânica digital aleatória

*a autora publicou os livros O Garçom B (Record/1998) e Respiração boca-a-boca (INDEX/2019)

Para adquirir este livro, acesse o link da editora: http://www.indexebooks.com/respiracao.html

O audiotexto SCRIPTORIUM A ALMA foi extraído do videotexto homônimo da artista Izabella Zanchi*

Os textos do álbum Scriptorim são fragmentos extraídos do dicionário do inconsciente criado pela autora.

*Izabella Zanchi é artista gravadora e escritora; mantém um canal no YouTube, Hercólubus, com videoarte e videopoemas.

Link para o canal:

https://www.youtube.com/user/belaz80/featured?view_as=subscriber

La Zanki lê A hora eterna, poema do livro de mesmo nome publicado em 1950, de autoria do poeta José Miranda de Castro.

O livro de poemas recebeu Menção Honrosa do Centro de Letras do Paraná.

Um poema constante do livro A Hora Eterna: 

EU

Ao Ari Martins

I

Aquêle moço que passa,

beijando com os ouvidos

a bôca da voz dos sinos,

quando o sol já se escondeu...

Aquêle moço que abraça,

com os seus cinco sentidos,

os pobres, os pequeninos;

aquele moço sou eu!