Na edição deste mês do Future of Enterprise Show falamos com alguém que está no olho do furacão em termos da transformação digital na banca e em particular no Banco CTT. Nuno Fórneas, é executive board member (CIO), daquela entidade bancária, mas o seu percurso profissional começou vários anos antes, ainda estudante quando, apesar de não saber muito bem “o que era um computador”, optou por cursar Engenharia Eletrotécnica.
Com o curso concluído, o primeiro emprego surge como administrador da base de dados do Banco de Portugal, “mas dois anos depois passei para o BCP, sempre ligado às tecnologias”. Altura então para fazer “um MBA, findo o qual um professor me desafiou a passar para o lado dos fornecedores”. Integrando diferentes empresas de tecnologias como a Eurociber ou a Novabase “sempre a vender serviços ao setor financeiros”, Nuno Fórneas foi sentindo o pulso ao setor e evoluindo com cada desafio que se lhe colocava.
Mais recentemente, a realidade deu uma volta de 360º e o convite para regressar à Banca faz-se através do Banco CTT, local onde o CIO se encontra há já três anos.
Mas qual será afinal de contas o fator de sucesso para todo este seu percurso profissional? Nuno Fórneas acredita que “não existe uma fórmula mágica”. O conceito foi mudando à medida que o próprio evoluía também profissionalmente e hoje em dia “a perceção é que o sucesso, do ponto de vista profissional, é estar a fazer uma coisa da qual se gosta e com pessoas com as quais existe empatia.” Na verdade, Nuno Fórneas considera que “seria difícil trabalhar numa empresa onde não reconhecesse às pessoas que estão comigo e à minha hierarquia essa capacidade”.
De resto, este responsável considera determinante também vestir a camisola “e dedicar-se sempre ao trabalho e à empresa como se aquilo fosse nosso, estando de corpo e alma no trabalho”.
Não menos importante é saber também que o sucesso não depende apenas de uma pessoa: “No final é sempre um trabalho de equipa e não há super-heróis, não é “eu” somos “nós””. Ter uma equipa diversificada, com diferentes talentos e todos muito dispares entre si é igualmente importante: “11 Ronaldos não fazem uma boa equipa de futebol e é preciso encontrar as diferentes valências e perfis mais atípicos para complementar”.
Perspetivar os próximos anos, seja na Banca seja em qualquer outro setor, “é impossível”. No caso da Banca, sabe-se, à partida, que o setor passou “por um período de grande adversidade, taxas de juro negativas, com uma pandemia e uma enorme crise de credibilidade”. Mas, apesar de tudo isto, as necessidades estão lá na mesma “e a Banca terá de se reinventar todos os dias”. Terá ainda de aprender a trabalhar com as fintechs e as big tech que podem trazer mais-valias ao setor.
Assim sendo, Nuno Fórneas vê “um setor financeiro muito desafiante, ainda a passar por dificuldades e que se vai transformar muito, pelo que os próximos anos não vão ser tranquilos”. Um tema que gera preocupação é o dos recursos humanos que também na banca não tem sido fácil de gerir: “O talento certo não é fácil e cada vez mais acho que devemos comprar serviços e não procurar pessoas.”
Antes de terminar, ficam ainda os conselhos para quem inicia agora a sua atividade profissional e escolhe um caminho no ensino superior: “Mais do que o curso e a média final, eu valorizo a universidade onde a pessoa esteve e a sua capacidade de terminar os estudos”.