Essa é uma das perguntas que recorrente me faço: porque tudo que consumimos, seja entretenimento, seja literatura, seja a moda, vem com o crivo dos Estados Unidos? Muitos me respondem que os Estados Unidos é o polo do mundo, o centro do mundo, o mundo inteiro.
Okay.
Contudo, até a dor é importada. E não desmereço a dor alheia, pelo contrário. Ela é importante para que a gente aprenda nossos erros, nos faz sentir mais humanos e com empatia. Só que essa dor importada é sempre made in usa. Ou é sempre a indignação com a dor europeia.
Por mais que o estados unidos nos paute como exemplo de nação a ser seguida, as dores do mundo europeu sempre nos tocam mais: as guerras, o holocausto, a idade média… E eu sempre me pergunto porque disso tudo.
E me vem logo a resposta: nos sentimos inferiores. Até na dor, somos inferiores. Até na dor precisamos de referencias estrangeiras para nos fazer pensar.
A história do Brasil é riquíssima de eventos trágicos, que dariam epopeias incríveis no cinema e na televisão, mas nos empolgamos em ir ao cinema assistir filmes que relatam dores que sao distantes de nos, como o próprio holocausto. Choramos, nos perguntamos como as pessoas fizeram tal atrocidade, viajamos para o leste europeu e choramos doloridos com os campos de concentração… Estamos corretos, logicamente. Mas o que não compreendo é porque nos temos mais empatia pela dor alheia do que pela a nossa.
Porque não choramos nas fazendas, com suas senzalas? Porque não achamos triste o pelourinho? Pq achamos lindo as pedras colocadas na subida das serras, mas não nos questionamos as vidas que colocaram tudo aquilo ali, tal como fazemos quando visitamos os castelos medievais… “coitadinhos dos servos’… Nos maravilhamos com as igrejas barrocas, mas não nos questionamos como tudo aquilo ali foi feito. Olhamos com maravilha para São Pedro, no vaticano, mas olhamos com desdém para as nossas igrejinhas, construídas pela fé e pelas mãos dos escravizados. Choramos em filmes de massacre indígena, mas gritamos que nossos índios são preguiçosos… e que nem são índios de verdade, pois possuem um mero celular.