1961 - Binômio contou o passado político do General Punaro.
Belo Horizonte mais de 200 Soldados do exército e da Aeronáutica, comandados pelos coronéis e tiberê correia do Amaral, do décimo segundo Regimento de Infantaria, Antônio Cunha Lana, da base aérea de Lagoa Santa e Roberto Gonçalves do CPOR, isolaram e arrasaram as primeiras horas da tarde de ontem, a redação do semanário "BINOMIO", a mais forte publicação da Imprensa de Minas, onde nem um só objeto sequer sanitários ficou inteiro.
A violência dos militares decorreu do incidente entre o general Punaro Bley, comandante da 4.1 ID, e o jornalista José Maria Rabelo, diretor de "Binômio", durante a manhã de ontem, na redação do semanário.
O jornalista, procurado pelo general, assumiu a responsabilidade pela publicação da reportagem sôbre a vida do militar— "um rosário de traições". Insatisfeito por não conhecer o nome do autor, o general agrediu o jornalista a cassetete.
O sr. José Maria Rabelo dominou rapidamente a agressão e o general saiu prometendo voltar. A volta foi com os soldados.
Clima de tensão
Depois de um dia de apreensão e agitação, com a prisão de um grupo de deputados e os protestos que se levantaram imediatamente, a situação começou a melhorar durante as primeiras horas da noite, quando foi anunciado que o General Bley encaminhou seu pedido de exoneração, depois que o ministro da Guerra mandou abrir inquérito para apurar responsabilidades e punir culpas. A demissão será concedida hoje.
Todos os círculos de Belo Horizonte condenaram a violência militar o governador Magalhães Pinto pediu a saída imediata do General Bley.
O governador tomou pública nota oficial condenando atentado a liberdade de imprensa e pedindo ao povo calma e confiança nas autoridades o sindicato dos proprietários de jornais e revistas, o sindicato dos Jornalistas profissionais e a Associação Mineira de imprensa entraram imediatamente em Assembleia permanente. Os presidentes dessas entidades assinaram telegramas de protesto ao presidente da república, ao Ministro ao Primeiro Ministro e ao ministro da Guerra, exigindo o afastamento imediato do General Punaro Bley e a punição de todos os envolvidos nos acontecimentos.
Nas primeiras horas da noite de ontem essas mesmas entidades voltaram a telegrafar aquelas autoridades dessa vez apontando os nomes dos coronéis que comandaram a invasão:
Itibere Correia do Amaral, Roberto Gonçalves, ambos do exército e Antônio Cunha Lana, da Aeronáutica.
Também estudantes e trabalhadores protestaram contra o atentado contra o jornal e nome e as violências com que ele foi cercado.