Na época em que Vasco Fernandes Coutinho enfrentava uma situação difícil
devido aos ataques dos índios em sua Capitania do Espírito Santo, ele
enviou um pedido de socorro ao Governador Mem de Sá, na Bahia. O
Governador prontamente atendeu, despachando cinco embarcações bem
tripuladas, com seu filho Fernão de Sá como Capitão-Mor da galé São
Simão. Os outros capitães eram Diogo Morim, o Velho, e Paulo Dias
Adorno. Eles chegaram a Porto Seguro, onde foram informados de que o
maior contingente indígena hostil estava no rio chamado Bricaré, onde
estavam atacando Vasco Fernandes. Decidiram então partir em busca deles,
contando com a ajuda dos experientes navegadores Diogo Álvares e Gaspar
Barbosa em seus caravelões.
Após
navegar pelo rio durante quatro dias, avistaram as fortificações do
inimigo próximas à água. Desembarcaram com os soldados enquanto os
marinheiros mantinham as embarcações no meio do rio para evitar encalhar
na maré baixa. A batalha começou, e no primeiro confronto os índios
foram rapidamente derrotados. No entanto, eles se reagruparam com uma
força avassaladora, forçando os portugueses a se desorganizarem e se
misturarem com os inimigos. Os tiros vindos das embarcações não apenas
não os defendiam, mas também feriam e matavam os próprios soldados
portugueses. Enquanto tentavam se refugiar nas embarcações, muitos
tiveram que nadar até lá, enquanto os feridos eram levados em algumas
jangadas. Os capitães Adorno e Morim foram mortos, enquanto o
Capitão-Mor e seu Alferes João Monge foram emboscados e mortos a
flechadas quando estavam na retaguarda, enfrentando o avanço incessante
dos reforços indígenas de outras aldeias.
Assim,
Fernão de Sá encontrou seu fim, após demonstrar bravura em numerosos
combates, tanto neste confronto quanto em outros na Bahia e em outras
regiões. Os sobreviventes retornaram ao Espírito Santo, onde Vasco
Fernandes os recebeu com pesar, ciente da perda de seu filho e da
derrota. Ele os enviou, juntamente com toda a ajuda possível, para
enfrentar outros grupos indígenas que ainda os cercavam, conseguindo
dissipar essa ameaça, embora com a perda de alguns dos seus homens,
incluindo Bernardo Pimentel, o Velho, que foi morto ao entrar numa casa.
Depois
dessa missão, eles seguiram para São Vicente e depois para a Bahia. O
Governador, sabendo da morte de seu filho pelas mãos dos índios, se
recusou a encontrá-los. No entanto, mesmo que não fossem culpados pela
morte de Fernão de Sá, não podemos culpar o pai por sua reação extrema
diante da perda de um filho tão valioso.