Acho que devia ter colocado Harry Styles nos temas centrais deste episódio, e atribuo todas as culpas à Carolina Santiago, que é uma mulher criativa que revela muitas histórias através da fotografia, não sabe tirar o dedo do obturador mas sabe bem onde é que está o foco. Foram as redes sociais que lhe deram visibilidade e nelas que habita, desabafamos muito uma com a outra sobre alguns dos desafios do que é criar conteúdos para o digital e nesta conversa partilhamos convosco os negativos da Carolina e de tudo o que ela faz.
Há uns 2 anos escrevi um artigo grande sobre a importância do retrato e, na altura, lembro-me de perceber que sempre tivemos esta necessidade de piscar os olhos para guardar algo na memória, das paredes das cavernas, às telas de pano cru, chegámos à máquina fotográfica analógica, recentemente substituída pelas máquinas digitais e pelos telemóveis que nos servem de caixa negra para todos os momentos. E o episódio de hoje acaba por fazer uma curta viagem entre o passado e o presente, o analógico e o digital.
A Carolina é uma daquelas pessoas que consegue transmitir uma paz enorme, fê-lo comigo nesta conversa, faz todos os dias no Instagram, através de fotografias que nos fazem parar no tempo. A fotografia é uma forma de congelarmos algo, um momento, um sítio, uma pessoa, às vezes uma sensação. Quando fazemos fotografias todos os dias, como é o caso da carolina, podemos perder a paixão, perder esta necessidade de congelar, ou de permanecermos apaixonados pelo click da máquina. Acho que deu para perceber que ela não vai perder paixão nenhuma, muito pelo contrário, vai mergulhar cada vez mais neste universo que, para ela, tem pouco de negativo, muito embora não haja muitas fotos sem um negativo. Daqui a uns 10 anos vamos estar a ouvir este episódio com uma capa da vogue fotografada por ela nas mãos, esta é a fotografia ao futuro que faltava fazer nesta conversa. A fotografia é a paixão dela e tornarmos a nossa paixão na nossa profissão trás, por vezes, muitas dores de cabeça, e eu sei disso perfeitamente, mas também sei que há algo cá dentro que nos impede de parar. Ambas moramos em pequenos apartamentos deste código postal a que chamamos Redes Sociais e isso também é um desafio, é uma morada capaz de nos dar ansiedade, claustrofobia, desespero mas também muitas visitas, muitas conversas, muitas vizinhas, memórias e conquistas. Porque até a fotografia mais perfeita tem o seu negativo.