Nos últimos anos, o debate político no Brasil parece ter se desgarrado da lógica. O bolsonarismo é o fenômeno mais visível dessa desconstrução. No 7 de setembro, multidões em verde e amarelo foram às ruas de Brasília, São Paulo e Rio para apoiar o presidente Jair Bolsonaro, desconsiderando a desastrosa gestão do combate à pandemia de coronavírus, a alta nos preços da comida, do gás e dos combustíveis e o agravamento da crise hídrica.

Para tentar explicar esse fenômeno, Chico Alves entrevista o filósofo, escritor, compositor e debatedor do programa Papo de segunda, do GNT, Francisco Bosco. Ele argumenta que conservadores, ultraconservadores e reacionários não têm mais como problemas econômicos como principal preocupação. “Eles temem perder a hegemonia recém-conquistada do modo de vida conservador”, explica o filósofo, nessa entrevista à coluna.

Nesse papo, Bosco fala também da degradação do debate público, do sectarismo de parte da esquerda e responde sobre a relação das manifestações de junho de 2013 com o momento político atual do país.

Na trilha sonora, músicas de teor político que são verdadeiras obras-primas.

Depois de ser vítima de racismo no ano passado, a jovem Fatou Ndiaye, filha de senegaleses,  mostrou-se forte e passou da defesa ao ataque. É hoje influencer nas redes sociais, colunista na Folha de S. Paulo e encontrou uma forma de combater a discriminação pela raiz.

Aos 16 anos, decidiu divulgar a história e as belezas contemporâneas do continente dos pais, a África, Criou e está à frente da Afrika Academy, uma empresa que terá cursos de história, geopolítica e cultura africana no geral, além de prestar consultoria a empresas e atuar nas escolas, revisando material didático e capacitando professores sobre o tema.

Nessa entrevista à coluna, Fatou fala da desinformação e dos mitos que os brasileiros sustentam sobre um dos berços da nossa nacionalidade. “Entender a história da África é entender como a gente se organiza como civilização, como a sociedade se organiza”, diz ela. “Além disso,conseguimosentender várias questões sociais que assolam o Brasil”.

Na primeira edição do caderno de cultura do podcast Outro Mundo, vamos mergulhar na cumbia, o ritmo colombiano caliente que hoje foi adotado por vários países. Nesse passeio pelo ritmo colombiano, Chico Alves conversa com a DJ Luanda Baldijão, que faz o maravilhoso podcast Balaio do Mundo e a festa “Fiebre em la selva”. Além de música, falamos de livros e filmes também.

A seguir, a lista de músicas tocadas, que poderão ser ouvidas na playlist “Apaixonados pela cumbia”:

1 –  Cumbia espacial – Onda Tropica

2 – Ch’usay – Nova Lima

3 – Fiesta vieja – Toto La Momposina

4 -  Opekepe - Frente Cumbiero e Minyo Crusaders

5 – De rodillas te pido – Cumbia Vallenata

6 – Cumbia de mi tierra – La Tropa Vallenata

7 – Pajaro zinzótle – Chico Trujillo e Son Rompe Pera

8 – Cumbia da Simone – Manoel Cordeiro

9 – Cumbia ishtar – Sonido Gallo Negro

10 – El avispón – Silvestre Montez y sus Guantanameros

Endereço da playlist:

https://open.spotify.com/playlist/0DGFUGX0HcR86M9RbDhCe3

Nesse episódio, o historiador, escritor e compositor Luiz Antonio Simas fala do projeto excludente que o país que tem dado certo desde a colonização e sugere: “É preciso fazer o Brasil dar errado”. Nesse bate-papo com Chico Alves, embalado por música, ele defende que as soluções para os nossos impasses estão no saber do povo, forjado na superação cotidiana das dificuldades e tantas vezes ignorado pelas instituições oficiais.

“Nas miudezas, num certo amiudamento dos fazeres, na prática da rua, na prática das comunidades, a gente pode começar a reconstruir uma ideia mais generosa de país”, acredita Simas.

Com o cuidado de não romantizar p precário, ele acredita que a bússola para esse caminho pode ser encontrada na história dos povos mais oprimidos.

“Esse é o país em que a chibata de bater no corpo foi transgredida em baqueta de bater no coro do tambor, para reconstruir o mundo a partir do samba”, diz o historiador, citando uma ideia que incluiu em um dos seus livros.

Playlist do episódio: https://open.spotify.com/playlist/217SPLW0uyf0MFFP03rEkk

A professora de filosofia Katiúscia Ribeiro explica a Chico Alves o que é o "mulherismo africana", movimento que busca resgatar as experiências culturais e históricas das mulheres de vários países da África antes dos atravessamentos, nomenclaturas e perspectivas construídas depois da colonização. Não tem relação com o feminismo.

Katiúscia fala ainda sobre política partidária, esquerda, antirracismo e filosofia.

A trilha sonora é de músicas com alguma ligação com a tradição africana, tanto de cantoras brasileiras, quanto africanas. A seguir, as nacionalidades das cantoras de vários países da África que aparecem na playlist desse episódio: Angelique Kidjo, Benin / Poetra Asantewa, Gana / Tiwa Savage, Nigéria / Yemi Alade, Nigéria / Jojo Abot, Gana / Wunmi, Nigéria / Cesária Évora, Cabo Verde.

A versão em texto está na coluna do UOL: 

https://noticias.uol.com.br/colunas/chico-alves/2021/06/06/katiuscia-ribeiro-explica-o-mulherismo-africana-proposta-emancipadora.htm

A música, especialmente o funk e o hip hop, serve de guia para um bate-papo com Thiago Torres, o Chavoso da USP. Oriundo da Brasilândia, quebrada de São Paulo, ele se tornou um dos maiores youtubers do país quando o assunto é política. É esse o tema da conversa, em que Thiago tenta responder se é possível resgatar o interesse da população pela política, que nos últimos tempos parece estar decaindo.

Chavoso sugere correção de rota para os militantes de esquerda, discorda do menosprezo que as correntes esquerdistas têm pelos evangélicos, comenta o movimento do funk consciente e fala como é ser comunista na favela, diante da gigantesca campanha de demonização que o comunistmo sofre nos últimos tempos. 

Arte: Camila Pizzolotto

Chico Alves conversa com o produtor cultural carioca Pedro Rajão, que junto com o artista Cazé toca o projeto Negro Muro, responsável por ilustrar paredes e muros de vários pontos do Rio com gigantescas imagens de personalidades negras da cultura como Cartola, Jovelina Pérola Negra, Marielle, Mãe Beata de Iemanjá, João Cândido, Mussum e outros. O último painel, de Pixinguinha, tem 10 metros de altura.

No papo, Rajão fala da importância de reforçar a referência dessas figuras negras, conta a história do velório de Pixinguinha que virou Carnaval, lembra como Mussum influenciou a adoção do banjo no samba carioca, fala da contrariedade do filho vascaíno de João Cândido em admitir que o pai era flamenguista.

Como todos os convidados, dá sua sugestão para mudar o baixo astral que domina atualmente o cenário político.

Playlist do episódio: https://open.spotify.com/playlist/1T2VJwsUuNhvrJ16538MdQ