A comunicação entre equipe de saúde e pacientes, familiares ou responsáveis pode ser bastante desafiadora em cenários onde o clima reinante é o de insegurança, angústia e desconfiança, como o que muitas vezes acompanha internações em UTIs. A pandemia de COVID-19 multiplicou significativamente este desafio com unidades superlotadas, gravidade extrema das doenças, prognósticos incertos e desconfiança nos profissionais de saúde, o que resultou em uma verdadeira "panela de pressão", onde as estratégias tradicionais de comunicação frequentemente se mostraram insuficientes.
A hierarquia das necessidades de comunicação nasce neste ambiente e reconhece três níveis específicos de comunicação que são essenciais em contextos de alta carga emocional e baixa confiança. O primeiro nível é estabelecer confiança. O segundo nível é ressoar com as emoções dos pacientes, ajudando a reduzir a excitação emocional e a melhorar a empatia. O terceiro nível inclui o conteúdo mais tradicional, como a divulgação de informações prognósticas e a tomada de decisões compartilhada. A aplicação sistemática desta estratégia de comunicação resultou em uma comunicação mais efetiva entre profissionais e pacientes, e é sobre as origens desta construção e os detalhes de sua aplicação que trata o artigo apresentado neste episódio por Daniel Forte e Sabrina Ribeiro e discutido por Claudia Inhaia.
Forte DN, et al. The Hierarchy of Communication Needs: A Novel Communication Strategy for High Mistrust Settings Developed in a Brazilian COVID-ICU. Palliat Med Rep. 2024 Feb 9;5(1):86-93. doi: 10.1089/pmr.2023.0070.