Share Poesia Crua
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A minha mãe tem dores no nome
tantas, tamanhas, que lhe queima a língua.
Foi a minha avó quem lhe pôs as dores
onde podia ter plantado uma oliveira
ou outra árvore de fruto mais modesto
não era preciso que desse ouro
nem que vivesse mil anos.
As dores da minha mãe, plantadas onde
a minha avó não lhe quis pôr uma oliveira
rasgaram terríveis raízes no seu nome
impossíveis de arrancar.
Hoje a minha mãe tem dores perenes
frutos de caroço ruins de roer
sem sumo, sem polpa, sem saber
amadurecer.
A minha mãe não tem perguntas
nem paz, só rimas de dores
penas, mágoas, rancores
culpas sentidas
e um nome que lhe
queima a língua
queima a língua
quem
má-língua
míngua
míngua.
Clara obscura
ama reclama
doce azeda
velha miúda.
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Oh eu! Oh vida!... das questões de estas recorrendo;
Resposta.
Que tu estás aqui — que a vida existe, e a identidade;
(trad. João Inácio de Paiva, 2012)
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