Olá, a Palavra de Deus fala com você. Eu sou Ramona Weisheimer pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, atuando na Paróquia de Rolândia, no Paraná. A Palavra para nossa meditação de hoje diz: “O filho disse: Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho.” Lucas 15.21
“Um homem tinha dois filhos. Certo dia o mais moço disse ao pai: Pai quero que o senhor me dê agora a minha parte da herança.” E foi-se pela vida a fora, em alegrias e desatinos. Num antigo livro de Ensino Confirmatório – Passos na Fé - esta parábola era recontada com “pezinhos”: os pés do pai e dos filhos; os pés reunidos em festa; os pés do filho junto ao pés dos porcos; os pés descalços que retornam; os pés do encontro!; os pés que hesitam em receber os pés que retornam; os nossos pés. Parábolas do Reino! A ovelha perdida, a moeda perdida, o filho perdido. Nenhum esquecido, nenhum “deixado prá lá”; mas todos procurados, com esforço, aguardados com esperança, até à alegria do reencontro. Coisas que sempre me chamaram atenção na parábola do “filho pródigo”, como a conhecíamos: o filho mais novo pede sua herança, e a recebe; longe dos olhos do pai, gasta tudo em festa – e enquanto tem dinheiro tem amigos; onde estavam eles quando o dinheiro acabou e a fome bateu? – o único trabalho que consegue é cuidando dos porcos. Sim, porcos, que na sua cultura eram animais impuros. E não dá para deixar de lembrar daquele curta-metragem que passava nas telas dos cinemas antes dos filmes, há muito tempo, “Ilha das Flores”, em que ao final era lembrado que os seres humanos que disputavam a comida com os porcos, tinham contra si o fato de que os porcos tinham dono, e assim recebiam a comida, as pessoas não tinham dono, e disputavam a comida. E é da dor do não ser, que o filho cai em si! Lembra da casa do pai e decide voltar, não mais como filho, mas como empregado. Ele ainda estava longe quando o pai o vê chegando! E se foi o primeiro a ver, e ainda de longe, é por que sempre espichou os olhos para a estrada na esperança do retorno. O pai corre ao encontro – pasmem, pois um senhor não corria, isso lhe seria humilhante! Nem deixa a moço terminar sua fala! O filho voltou, é o que basta! É hora de festejar! A parábola poderia terminar por aqui, não é? Na alegria do retorno, na inesperada acolhida. Mas eram dois filhos, lembram? E o que ficou em casa, o que fez tudo direitinho, o que talvez deixou de fazer seus desejos, se sente lesado. Como assim fazer festa? Como assim ter lugar no coração do pai e na mesa com todos? Como assim? E eu? E nós? Eu imagino o pai, com carinho tentando acalmar o filho, e fazê-lo aceitar o irmão. Mas fica em aberto se o filho mais velho entra na festa ou não. E é este final em aberto que nos pega, que nos convida a refletir. Quem somos nós? O irmão que partiu? Ou o que ficou, e por vezes reluta em abrir espaço no coração e na mesa? De qualquer forma, o Pai a todos trata com carinho: abraça o que retorna, convida a alegrar-se, o que ficou. Seja lá de que lado da mesa estamos, que possamos sempre nos lembrar: somos seus!
Oração: Senhor bondoso, por vezes nos sentimos como o filho que partiu, que perdeu a si mesmo. Que possamos nos reencontrar em tuas mãos! Que possamos nos lembrar que em tua mesa há lugar para todos, todas. Perdoa-nos, acolhe-nos quando erramos. E ensina-nos a abrir os braços e o coração para acolher os irmãos e irmãs, como somos por ti acolhidos. Amém.
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