No dia 21 de abril de 2010, José Maria Filho não voltou para casa.
O agricultor e líder comunitário do Sítio Tomé, na Chapada do Apodi, foi pego numa emboscada, na estrada margeada por grandes propriedades rurais, em direção à comunidade. Zé Maria foi brutalmente assassinado, com mais de vinte tiros.
Até aquele dia, o agricultor vinha se empenhando em alertar sobre os danos à saúde provocados pelo uso de agrotóxicos por pulverização aérea. A técnica era largamente utilizada pelas empresas agrícolas da região dos perímetros irrigados.
Cinco meses antes do crime, a Câmara de Vereadores de Limoeiro do Norte aprovou lei proibindo a pulverização. Um mês depois do assassinato, a mesma lei foi revogada pelos parlamentares.
A história de Zé Maria do Tomé ecoou na Chapada e alcançou visibilidade internacional.
Seis suspeitos foram identificados na investigação policial e declarados réus pela justiça. Dois deles, acusados de serem mandantes, conseguiram anulação. Outros três, faleceram.
Na terça-feira, dia 9 de outubro de 2024, um único suspeito de envolvimento com o crime vai a júri popular.
Nesta edição do Rádio Debate, veiculada no dia 8 de outubro, a gente discute as condições em que esse julgamento acontece, e o que ele representa depois de 14 anos sem justiça por Zé Maria do Tomé.
Participam do programa:
> Geovana Patrício, advogada membro da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (RENAP) e do Coletivo Jurídico da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, e representante do Movimento 21 de Abril (M21);
> Saulo Diógenes, médico do trabalho, doutorando em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador do Núcleo TRAMAS – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde, e do Núcleo TRASSUS: Trabalho, Saúde e Subjetividades, ambos do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da UFC;
> Patrícia Oliveira, advogada e coordenadora do Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Frei Tito de Alencar da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.
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Roteiro e Produção: Raquel Dantas e Fabrício Girão
Apresentação: Marcos Robério Santo
Operação de Áudio: Assis Lima