O Labemus lançou uma nova série de vídeos: Recomendemus! Nessa série de nome ridículo e conteúdo sério (por vezes até sinistro), membros do Laboratório farão indicações bibliográficas. No vídeo de hoje, Gabriel Peters recomenda e comenta a obra “24/7: capitalismo tardio e os fins do sono”, do crítico cultural estadunidense Jonathan Crary. A edição e a direção são de Mariana Max.
O sistema capitalista instrumentalizou os mais diversos momentos da existência humana, extraindo continuamente valor do indivíduo seja como trabalhador, seja como consumidor. Nesse contexto, entretanto, o sono permanece uma “exceção colossal”, diz Jonathan Crary, à funcionalização capitalista da vida. Como interlúdio no qual somos inúteis(i.e., inexploráveis), essa condição de máxima passividade emerge, de modo paradoxal, como última das fortalezas de resistência a um capitalismo que pretende colonizar toda a subjetividade. Construído à imagem e semelhança de umambiente maquínico de atividade ininterrupta, o capitalismo 24/7 também lança aos seres humanos um ideal de funcionamento do qual eles só podem se aproximarse se transformarem, tanto quanto possível, em máquinas. Na medida em que é possível aproximar-se de tal ideal, mas não alcançá-lo plenamente na prática, as características humanas que obstam a identificação completa com ofuncionamento maquínico são crescentemente vividas como indesejadas e vergonhosas.
Link para o vídeo no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=xb0mjl6DZRA&t=33s
Link para o texto “Quero ser máquina: notas livres sobre Jonathan Crary e o inconveniente do sono” no Blog do Labemus:
https://blogdolabemus.com/2022/10/11/quero-ser-maquina/