Share Roubaram meu nome
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By Fernanda Cunha
The podcast currently has 16 episodes available.
E depois do fim do mundo não há nada a dizer. Não há linguagem depois do fim do mundo. Adeus, adeus a linguagem.
Ultimamente tenho sido atormentada por um desejo massacrante de ser feliz. Depois de quase um ano deprimida, a alegria quer ganhar espaço em mim à força, e eu me entrego a essa possibilidade de me fazer feliz. Começo o exercício da felicidade como um cachorro em treinamento: me recompenso se consigo ser ao menos um pouco feliz a cada dia, depois a felicidade virará um hábito. É o que espero.
Estar sozinho é o mais próximo que experienciei da morte, e por isso encaro esse processo cada vez com mais coragem, não por vontade de morrer, mas para vencer o medo da morte. Sozinha, eu me esqueço do mundo e o mundo se esquece de mim por alguns breves instantes, e passamos a não existir um pro outro e esse limbo é uma outra forma de viver.Uma forma silenciosa, ocupada por pensamentos espalhafatosos e autoreflexões excessivas.
Esse texto foi feito na oficina "Palavra ao sol" de Regina Azevedo. Decidi lê-lo para o palhaço ter voz.
Nenhuma alegria é plena e todas as coisas vem acompanhadas de um gosto amargo. Quero só uma vez sentir outra coisa. Não falo isso em voz alta porque me faço o mesmo questionamento que se fez Clarice: Sou um monstro ou isso é ser uma pessoa? Queria conseguir recuperar o prazer de estar na minha casa ou não me sentir convertida em uma arma biológica caso precise sair de casa.
Nos encontramos em todas as redes: @roubarameunome
A ignorância é um conhecimento ainda por vir, é uma falta, uma espécie de saudade do que ainda não se sabe. Antes vivia de saudade do que ainda não conhecia e todas as coisas que me eram conscientes pareciam perder a importância quanto mais lhes sabia, como se tudo que eu soubesse perdesse seu valor simplesmente por ser eu a sabê-las, uma espécie de desvalorização do próprio saber. Hoje tento gostar mais de saber o que sei, de gostar sem culpa do conhecimento sobre as certas poucas coisas que sei e que, claro, ainda não são todas as coisas do mundo e talvez , com toda a certeza, jamais venham a ser.
Depois de um longo tempo finalmente consigo dizer: “eu sou artista”. Eu sou. Ser, este verbo que em muitas línguas se confunde com estar. Em francês “être”. Eu sou/ estou. Quando digo “eu sou artista”, eu digo também de um modo de estar no mundo”. Um modo inevitável de estar neste mundo. Porque não é algo que se descanse, uma profissão que se tira férias - pelo menos não para mim: eu estou no mundo como artista. Quando acordo, sou artista. Quando tento descansar, sou artista. Quando tento não pensar em arte, continuo sendo artista. Sou artista quando me apaixono, quando estou cansada de amar demais também.
Me desculpem todo que me escutam, agora eu não consigo ser artista.
Eu me sento com o Tempo, com esse senhor, e compartilhamos nossas horas, ele me dá idade, me dá tamanho, me dará rugas e rugas, dores nas costas, uma visão cada vez pior. Mas eu sei, eu sei que se o tempo me dá isso é porque de alguma forma ele quer compartilhar comigo a eternidade.
Como a solidão modifica nosso rosto?
@roubarameunome (em todas as redes sociais)
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