Em evento pela manhã, nada de propor meta de inflação maior em troca juros menores. O ministro da Fazenda deu destaque à criação de nova âncora fiscal. E mais, antecipou a apresentação de seu plano de abril para março. Além disso, gurus do mercado demonstram 'boa vontade' com o governo, como cobrado por Campos Neto

O presidente do BC respondeu críticas de Lula mostrando a outra face. Embora se oponha a elevação da meta de inflação, disse ser 'justo' cobrar por juros menores. Além disso, pediu 'boa vontade' do mercado com o governo, que julga estar no 'caminho certo'. Pegou bem com a turma, mas... A inflação nos EUA tornou a surpreender

Correu nas mesas de operação o boato de que o ministro da Fazenda convenceu o presidente a adiar a elevação das metas de inflação. Ficaria para depois da aprovação de um novo arcabouço fiscal. Se assim for, pode ser aberto espaço para a queda de juros. Suba, ou não, a régua considerada pelo BC para definir a Selic

Enquanto dólar e juros de longo prazo subiam, a maior parte das ações era amassada. Ao que parece, não só o presidente Lula topa lidar com um custo de vida mais alto. O presidente do BC estaria no mesmo barco. Por falar nisso, graças ao rali do petróleo, o estrago não foi tão grande na principal carteira teórica do Brasil

O presidente da República não estaria mais sozinho na defesa metas de inflação maiores. Também o do BC, alvo de Lula nos últimos dias, estaria nesse barco. O primeiro não parece disposto a colocar a casa fiscal em ordem. O segundo pode estar cansado de falhar na missão ano após ano. E o mercado? Ficaria desamparado

Nos últimos dias o Lula cogitou acabar com a autonomia do BC e aumentar a meta de inflação. Mas, de acordo com o ministro, nada vai mudar. E embora o presidente se refira a Campos Neto como 'esse cidadão', não existiria 'fritura'. Bastou para turbinar o apetite por risco que já estava em alta, no embalo da temporada de balanços

Lula segue tentando derrubar juros no grito, mas o BC indica que será preciso mais do que saliva. Em resposta a Haddad, que reclamou de falta de 'generosidade' em seu último comunicado, a autoridade monetária citou elogiosamente em ata seu plano de ajuste fiscal. Por outro lado, avisou que promessas não bastam

No exterior, os investidores estrangeiros seguiram revendo as perspectivas de que, ainda neste ano, será possível os juros americanos começarem a cair. Já no Brasil, o presidente segue tentando conseguir, no grito, convencer a autoridade monetária a cortar a Selic. Apesar desses pesares, a China salvou mais uma vez o dia

Em janeiro, ações subiam como se os próximos anos da economia nacional fossem garantia de sucesso. Não são. Mas o apetite por risco internacional tratava de camuflar o impacto das incertezas alimentadas pelo novo governo. Não mais. E enquanto EUA e China deixavam de ajudar, o presidente Lula aquecia prêmios de risco

Antes de o comunicado sobre o futuro da Selic ser dado pelo BC, após o pregão, a realização de lucros predominou desde a abertura. No entanto, conhecidos os sinais emitidos pela autoridade monetária americana, após subir seus juros, a falta de novidades foi boa notícia. De quebra, a recuperação chinesa parece não ser para já