Um podcast de entrevistas de Maria Ana Barroso. Conversas sobre o que é ser homem hoje, sobre os filhos que foram, os pais que são, masculinidade e estereótipos.
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By PÚBLICO
Um podcast de entrevistas de Maria Ana Barroso. Conversas sobre o que é ser homem hoje, sobre os filhos que foram, os pais que são, masculinidade e estereótipos.
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The podcast currently has 17 episodes available.
Nascido na cidade angolana de Benguela, Kalaf Epalanga ganhou notoriedade com os Buraka Som Sistema, mas é também cronista, poeta e escritor. Veio para Portugal estudar aos 17 anos e vive actualmente na Alemanha, em Berlim.
Neste último episódio da segunda temporada do podcast, partilha como foi crescer rapaz em Angola, sob a ameaça permanente da recruta para a guerra civil que então assolava o país. Apesar deste contexto e de um pai maioritariamente ausente, assegura que teve uma infância feliz.
Explica que, embora tenha crescido numa cultura em que “os rapazes são educados desde o início para assumir a liderança, na família e na sociedade” não tem hoje dúvidas de que “quando um homem se dá ao trabalho de se desconstruir, geralmente saem coisas boas”, já que “aprende um pouco mais sobre si e sobre o mundo que está em seu redor”.
Tem três filhos - dois rapazes e uma rapariga - e considera que é sobretudo a paternidade que lhe tem ensinado a ser homem. Tem aprendido que, mais do que ser provedor e protector, o importante é estar presente e munir os filhos de ferramentas como a curiosidade, a busca pelo conhecimento e a capacidade de olhar o mundo com um olhar crítico.
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“Gosto de frisar sempre que antes de tudo sou pessoa, e isso basta-me”, diz Adolfo Mesquita Nunes em mais um episódio do podcast "Um homem não chora".
Hoje afastado das lides políticas, o advogado lamenta igualmente que as contradições que todos temos nem sempre sejam bem compreendidas, existindo actualmente uma tentação para “engavetar o ser humano em categorias identitárias”. Adolfo Mesquita Nunes aponta, de resto, uma contradição que diz observar: “as pessoas hoje são muito mais livres de expressar a sua individualidade; mas, curiosamente, há cada vez mais pressão para estarem num molde”.
A propósito da desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres que ainda hoje subsiste, defende que as políticas públicas deveriam procurar “que o contexto de nascimento se tornasse o mais irrelevante possível”, estejam as diferenças de base relacionadas com o género do indivíduo, a sua raça, o seu meio socioeconómico ou qualquer outra característica.
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Foi campeão olímpico do triplo salto nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, mas várias lesões e perdas familiares depois, Nélson Évora recusa o estatuto de homem forte invencível.
"Eu tive das quedas mais duras no desporto e na vida pessoal. Das coisas mais difíceis que eu já tive e tenho ainda hoje, nos meus piores dias, é que eu ganhei um estatuto. As pessoas acham que eu não caio. Eu sou um gato autêntico: 'Se cair vai cair de pé'".
Mas o atleta de 40 anos não se vê da mesma forma. "Chega uma altura em que nós não queremos cair de pé, não temos forças para cair de pé. Temos de ir de costas, de cabeça, seja como for. O exercício mais difícil da minha vida é as pessoas acharem que eu estou sempre bem, porque eu já provei que sou forte", diz, no episódio desta semana do podcast "Um Homem não Chora".
"Não tenho problema em dizer: eu gostava de ir aos Jogos Olímpicos. Eu não vou aos Jogos Olímpicos. Deixa-me triste? Deixa, porque faz parte do meu ADN lutar. Mas já não me deixa abalado", confessa.
Neste episódio gravado semanas antes do nascimento da filha, Isabella, Nélson Évora fala sobre a infância, após se mudar da Costa do Marfim para Odivelas, o primeiro contacto com o racismo e sobre a sua visão da masculinidade: "eu passei a fazer uma coisa que já vi pessoas achar estranho, eu dou um beijo aos meus amigos. Faço questão de o fazer porque se é isso que eu sinto, se é esse o carinho e amor que eu sinto por eles, porque é que eu tenho que ter em mente o que é que a pessoa do lado vai pensar".
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Psiquiatra e terapeuta de casal há mais de 40 anos, José Gameiro diz que houve uma boa evolução na redução do estigma associado à terapia de casal. Longe vão os tempos em que existia um enorme preconceito, havendo hoje “uma enorme procura”.
No entanto, no seu trabalho de terapia de casal, observa que os homens continuam a ter dificuldade “em exprimir sentimentos” na presença da mulher. E que, mesmo com amigos, só o fazem se estiverem “muito aflitos”.
No seu caso, diz que sempre se achou “muito mais feminino do que masculino na forma de sentir e de pensar”. Partilha os seus estados de alma, embora confesse que é com amigas mulheres que o faz, não com os amigos homens.
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A convidada do episódio desta semana do podcast "Um Homem Não Chora" é a neurocientista Luísa Lopes. Licenciada em Bioquímica e doutorada em Neurociências, Luísa Lopes coordena um grupo de investigação no Instituto de Medicina Molecular e é professora de Neurociências na Faculdade de Medicina de Lisboa. Já viveu e trabalhou no Reino Unido, Suécia e Suíça e regressou a Portugal em 2008 que regressou a Portugal.
Como não podia deixar de ser, é uma apaixonada por tudo o que ao funcionamento do cérebro diz respeito, estando o seu trabalho centrado no estudo do envelhecimento e o respectivo impacto na nossa memória.
É por tudo isto que é a pessoa perfeita para nos ajudar a perceber que diferenças encontramos afinal nos cérebros dos homens e das mulheres e para desconstruir alguns mitos, desde a capacidade para fazer várias tarefas ao mesmo tempo ao sentido de orientação.
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Em mais um episódio do podcast "Um homem não chora", Ivo Canelas não tem dúvidas de que "não há nada mais humano e profundo do que ver um homem em contacto com a sua fragilidade. A exposição dessa fragilidade é significativa de uma grande força, ou pelo menos de uma enorme segurança".
Com 50 anos e um percurso conhecido e reconhecido, dividido entre o teatro, o cinema e a televisão, o ator recorda, na sua infância, uma tia que era dotada de uma imensa paciência para os sobrinhos e que sempre acolheu a sua vontade de ter "às vezes coisas com uma carga feminina".
Ivo Canelas lamenta assistir a um certo retrocesso de mentalidades, sobretudo entre os mais jovens. Nesse movimento dá por si a observar um maior conservadorismo, "uma visão mais reduzida da igualdade" e "um aumento do preconceito".
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Actualmente com 29 anos, João Porfírio já cobriu, como fotojornalista, inúmeros cenários de catástrofe, como foi o caso da crise de refugiados de 2015 na Europa, da pandemia, cinco anos depois, ou da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
Na conversa para o podcast, desmistifica a ideia de que um repórter de guerra tem de ser alguém quase desprovido de emoções e é sem pejo que assume que ir em reportagem para cenários tão duros como estes é, para além do sentido de missão, uma fuga para as suas próprias dores. E garante que a terapia, a que recorre há muito tempo, é fundamental para ir gerindo os desafios - pessoais e profissionais - que a vida vai trazendo.
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A cantora e compositora Luísa Sobral considera importante que um homem não tenha pruridos em exprimir as suas emoções. "Gosto de ver o meu marido chorar; acho sempre que isso quer dizer que ele é uma pessoa sensível e bem resolvida", afirma.
Luísa Sobral refere neste episódio que uma das suas preocupações na educação dos seus quatro filhos - dois rapazes e duas raparigas - passa por replicar o modelo de "liberdade total de expressar os sentimentos" que teve em criança. Explica que esse tem de ser um processo consciente e activo porque sabe que "na sociedade não é sempre assim".
Fala ainda dos preconceitos que ainda observa à sua volta, como o dos rapazes que são excluídos de grupos de amigos por não jogarem futebol ou do facto de actividades como o ballet ainda serem consideradas como "de menina".
E assume que, apesar deste trabalho que procura fazer em casa, tem a consciência de que chama a si mais tarefas no cuidado dos filhos do que deveria, reflexo dos papéis de género que culturalmente foram há muito difundidos.
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A economista Susana Peralta defende que a causa feminista tem de envolver os homens sob pena de não produzir os efeitos desejados numa mudança verdadeiramente estrutural e duradoura na sociedade. Por outro lado, Susana Peralta considera que ainda há “estereótipos de género fortíssimos” em relação aos homens. Estas ideias pré-concebidas impedem que, também eles, e não apenas as mulheres, consigam ser o que quiserem, não só em termos das vias profissionais que seguem mas também dos comportamentos.
Já quanto a um maior equilíbrio entre géneros na gestão familiar e do casal, Susana Peralta admite que, nomeadamente nas relações heterossexuais, este é ainda um grande desafio também para os homens, que, na sua maioria, não foram educados para o cuidado e gestão das emoções. Seja como for, diz que não se pode perder de vista a absoluta urgência das causas feministas.
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Ângelo Fernandes fundou em 2017 a Quebrar o Silêncio, que tem por missão apoiar homens e rapazes sobreviventes de violência e abuso sexual. Estima-se que um em cada seis homens seja vítima de alguma forma de violência sexual até aos 18 anos.
O responsável desta associação sem fins lucrativos fala da vergonha que muitos ainda sentem de contar, fruto dos estereótipos associados à masculinidade e dos estigmas que ainda vêem os sobreviventes como potenciais abusadores e agressores e pessoas cujo destino só pode ser a adição ou a delinquência. Ângelo Fernandes garante que partilhar e pedir ajuda é “um acto de coragem” que pode mudar a vida de um sobrevivente para muito melhor.
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