Tadeu Costa é professor do curso de Museologia da Universidade Federal do Pará. A gente bateu um papo sobre um projeto de pesquisa que ele desenvolveu sobre os mantos de Nossa Senhora de Nazaré confeccionados no Colégio Gentil Bittencourt. Eram lá que eles eram feitos, pelas mãos de dona Esther, durante boa parte das décadas de 1970 e 80 e pela irmã Alessandra, desde pelo menos a década de 1920. Nossa conversa faz um breve passeio pela história do Colégio Gentil para entender o porquê de os mantos terem sido feitos ali. Tadeu também conta os bastidores da pesquisa: como foi chegar nesse acervo e as dificuldades de sua manutenção, preservação e datação.

A fotografia entrou na vida do Salim como pagamento de uma promessa, após a perda de um tio querido. Ele redescobriu a alegria de viver através do registro de manifestações religiosas, como o Círio, desde 2012. De 2014 a 2017 ele fotografou o trabalho dos voluntários da Cruz Vermelha. Em 2018, durante a Semana Santa, foi convidado para fotografar junto com a Guarda de Nazaré, como membro da guarda de apoio. “Parece que a Guarda sempre foi a minha casa”, conta emocionado. Salim narra a sua história em uma conversa recheada de coincidências e efemérides, onde tudo encontra um significado único e especial, com direito a uma profecia de sua irmã, que um ano antes, havia postado nas redes sociais a foto de divulgação do manto do Círio 2021, dizendo que no ano seguinte aquela imagem estaria em vários lares. Salim dedica a realização da foto aos seus pais, professores, amigos fotógrafos e, principalmente, aos mais de dois mil irmãos da Guarda de Nazaré. Relembra o Círio da pandemia e comenta as expectativas para o retorno das romarias. E de quebra, conta os bastidores de um momento histórico do ano passado, quando a imagem do achado foi levada até a escadaria da Basílica, para perto dos fiéis.

Mariana Ximenes, doutora em Antropologia e Sociologia pela UFPA, pesquisa sobre o Círio desde 2006. Eu e ela nos reunimos para uma breve análise sobre a realização do Círio de Nazaré durante os últimos dois anos, em que a pandemia alterou tradições, mas deixou intacta a devoção do povo paraense.

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Dedé Mesquita é uma jornalista paraense que cobre o Círio há quase 2 décadas. Durante esse papo, ela conta vários "causos", como o ano em que o jornal quase perdeu a foto da santa para a capa; o dia em que ela quase desmaiou ao segurar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré; a noite em que Sarney saiu do hotel e foi parar na Festa da Chiquita; a vez em que o fotógrafo Ary Souza - verdadeira lenda do jornalismo paraense - levou uma melancia para a ceia de Círio da redação.

Ela relembra também a história de seu pai, que todos os anos fazia a eleição da melhor homenagem de fogos do Círio, e como ela desconfiou que estava grávida durante uma das muitas coberturas no meio da multidão.

E ainda tem a incrível saga dela atrás da santinha pelo Rio de Janeiro, quando ficou "de penetra" no Cristo Redentor, sem credencial alguma, só para ver a homenagem da Fafá de Belém para a Virgem de Nazaré.

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Quando criança, ela ia pro Largo de Nazaré vender algodão doce com o pai, que também era fotógrafo. Desde cedo ela já conhecia o cheiro dos químicos usados para revelação das fotos. Fotógrafa, foi a responsável pela foto da imagem de NSN no cartaz oficial do Cìrio durante 3 vezes: 2005, 2014 e 2021. Nesta conversa ela conta os bastidores da criação dessa peça que enfeita lares e repartições públicas e privadas por todo o Pará, e até fora do Estado.

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José Ventura foi diretor-coordenador da Festa de Nazaré nos anos de 2007 e 2008, quando essa entrevista foi gravada. Na sua gestão houve uma maior democratização de alguns eventos do Círio, como o lançamento do cartaz e a apresentação do manto, que pela primeira vez foram abertos ao público em geral. Antes, como diretor de procissões, implantou a corda em formato linear, o que modificou drasticamente o andamento da romaria e a segurança dos promesseiros.

A Diretoria de Decoração da Festa de Nazaré é responsável pela ornamentação dos altares, dos andores e das berlindas do Círio. Quando gravamos essa entrevista, em 2008, Lilian Acatauassu Nunes era uma das coordenadoras dessa diretoria. Coincidentemente, em 2021 ela retorna à função.

-- A primeira temporada do Vozes de Outubro reúne entrevistas gravadas em 2008 e 2010 com personagens importantes para a história do Círio de Nazaré.

// Material originalmente captado para o filme "Mãos de Outubro" // produção executiva: Cabocla Produções // som: Léo Bitar // pesquisa: Sâmia Maffra e Silvia Gomes // still: Ana Flor // #cirio #ciriodenazare #historiadocirio #historiasdocirio #cirio2021 #ciriodenazare #berlinda #decoração

Eu conversei com três membros da Guarda de Nazaré, que muitos chamam de "guardas da Santa": José Toscano (in memorian), seu Nonato (in memorian) e Walmir Vieira. Eles contam sobre a história da instituição e falam sobre momentos críticos como o atrelamento da corda e a relação com os fiéis com o cordão de isolamento. Seu Nonato também conta como surgiu a saudação "Ave Maria", que virou tradição entre os membros da Guarda.