Destaques do dia
O mercado continua apreensivo depois que os EUA revelaram discussões ativas com governos europeus sobre a proibição de importações de petróleo e gás natural russos. Após o pronunciamento da Alemanha, em nome de países europeus, dizendo que não vão parar com as compras, por falta de alternativa viável de curto prazo, os EUA avaliam proibir sozinhos a compra de combustíveis russos. Na agenda internacional de hoje, temos a divulgação dos dados do PIB da zona do euro para o quarto trimestre do ano passado, que devem mostrar um aumento de 4,6% no ano, enquanto os dados já divulgados mostram que a produção industrial alemã subiu 2,7% no mês de janeiro, muito mais que o esperado. No Brasil, com petróleo do tipo Brent sendo negociado a mais de US$125/barril, os políticos voltam suas atenções para como evitar que os preços internacionais cheguem no consumidor final. Arthur Lira defende um subsídio temporário, com recursos dos dividendos da Petrobrás e Royalties do petróleo, em vez de mudar a política de preços vigente. Alguns membros do governo ressaltam que esses recursos iriam para o Tesouro Nacional, e que abrir mão deles seria de grande impacto na arrecadação. Não está descartado um pedido de estado de calamidade, que possibilitaria utilização de créditos extraordinários para subsidiar o preço dos combustíveis, no entanto, essa opção vem com contrapartidas.
Brasil
A Bolsa brasileira começou a semana acompanhando o mau humor no exterior, com investidores pessimistas em relação aos preços de energia, reflexo do conflito Rússia-Ucrânia, já de olho em um provável embargo ao petróleo russo, como uma forma de sanção ao país de Vladmir Putin. O Ibovespa encerrou o dia em baixa de -2,52%, aos 111.593 pontos, depois de oscilar entre 111 e 114 mil pontos. O dólar ignorou novamente as tensões entre Ucrânia e Rússia e ficou de lado com ajuda do capital estrangeiro. A moeda americana fechou em alta de 0,03%, a R$ 5,079. No mercado de renda fixa, os juros futuros fecharam o dia de ontem com novo movimento de alta, puxadas pelos contínuos temores em relação aos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ainda não há visibilidade em relação a um cessar-fogo e o risco de um embargo ao petróleo russo aumenta, o que deve levar a novas altas no preço da commodity e, consequentemente, maiores pressões inflacionárias. Na sessão estendida, notícias de que o governo brasileiro estuda congelar os preços de combustíveis levaram a um novo aumento das expectativas. DI jan/23 fechou em 13,105%; DI jan/25 encerrou em 12,20%; DI jan/27 foi para 12,13%; e DI jan/29 fechou em 12,20%.
Mundo
Bolsas internacionais amanhecem em leve alta (EUA +0,2% e Europa +0,3%), mesmo em um movimento de aversão ao risco dos investidores com o avanço da invasão russa na Ucrânia. Em entrevista ontem, a vice-secretária de Estado americano, Wendy Sherman, anunciou que os Estados Unidos estão avaliando todas as sanções possíveis contra a Rússia, inclusive um embargo às importações de petróleo do país. Como retaliação, a Rússia alertou na segunda-feira (7) que poderia interromper o fluxo de gás natural através de gasodutos da Rússia para a Europa, via o gasoduto existente Nord Stream 1. Na China o índice de Hang Seng (-1,4%) encerra em baixa, assim como outros mercados asiáticos, também refletindo a preocupação com a alta dos preços do petróleo e a desaceleração do crescimento econômico em meio à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Economia
Com os aumentos generalizados nos preços de commodities, a reunião do Banco Central Europeu na quinta-feira (10) passou a ficar em foco, já que os formuladores de políticas agora precisam lidar com a perspectiva de que a inflação, já em níveis recordes, aumente ainda mais no momento em que uma nova crise ameaça a economia. Além disso, A União Europeia vai disponibilizar ainda essa semana seu plano de venda conjunta de títulos, cujo objetivo é financiar gastos com defesa e energia.
Commodities
Após notícias mas firmes de um possível embargo dos EUA e seus aliados europeus ao petróleo e gás natural russo, o petróleo Brent atingiu seu nível mais alto desde 2008, chegando a ser negociado a mais de 140 dólares o barril durante o dia. Esse aumento reflete, não só o medo das novas sanções energéticas à Rússia, mas também atrasos no potencial retorno do petróleo iraniano aos mercados globais. Além disso, o gás, o níquel e o trigo europeus também subiram para níveis recordes em meio a preocupações com interrupções no fornecimento.
Rússia e Ucrânia
A guerra na Ucrânia chega ao 13º dia com intensificação dos ataques em grandes cidades e sem avanços relevantes nas negociações. O governo Zelensky e o governo Putin têm novas conversas marcada para quinta-feira (10). Essas devem acontecer na Turquia e serão as negociações de mais alto escalão até o momento, entre os ministros das relações exteriores. Nas conversas de segunda-feira, “pequenos avanços” foram relatados pelo governo ucraniano sobre corredores humanitários. Segundo o governo russo, as condições sendo estipuladas nas conversas são a rendição total militar da Ucrânia, a mudança da Constituição do país para garantir que nunca irá aderir à Otan ou União Europeia e reconhecer Crimeia, Donetsk e Luhansk como território russo. Vale notar que, em meio a discussões de mais medidas por aliados ocidentais, a Rússia já se converteu no país mais sancionado do mundo. Segundo o Kremlin, em resposta, o país estuda cortar gás para Europa via o gasoduto Nord Stream 1.