Destaque do dia
A crise entre Rússia e Ucrânia chegou a novos patamares na madrugada desta quinta-feira (24), quando Moscou iniciou, ataques em uma “operação militar especial para proteger o povo da região separatista de Donbas”, segundo Vladimir Putin. Em pronunciamento na noite de quarta-feira, Putin anunciou a autorização de uma operação militar nas regiões separatistas do leste da Ucrânia, devido as ameaças apresentadas pelo país e prometeu liberar o povo de suposta opressão. Explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, logo após o anúncio.
O presidente russo recomendou ainda que os militares locais deixassem as armas e retornassem a suas casas. Ele ainda mencionou o objetivo de “desmilitarizar a Ucrânia”, mas não ocupar o país.
Reações globais aos ataques
A incursão na região foi condenada na maior parte do mundo, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Os governos ocidentais provavelmente anunciarão sanções mais severas contra a Rússia ao longo desta quinta-feira, o que será acompanhado de perto pelos agentes de mercado. Não há expectativa de ações militares diretas dos americanos e da OTAN.
Por sua vez, a China não condenou as ações do Kremlin e afirmou confiança de que uma solução pacífica à crise ainda fosse possível. No lado econômico, Beijing destacou que Moscou continua sendo um aliado e atividade comercial não deve ser alterada pelos eventos.
Brasil
Após uma abertura positiva, o Ibovespa mudou de direção no dia de ontem com a divulgação do IPCA-15 acima do consenso. Com esse dado e com o aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia, a bolsa brasileira fechou em -0,78%, aos 112.008 pontos. As taxas futuras de juros encerraram a sessão de ontem em queda, repercutindo o recuo do dólar e a entrada de fluxo de capitais externos, que poderá permanecer por mais tempo em razão da inflação ainda pior que a esperada e Selic em patamar elevado. DI jan/23 fechou em 12,33%; DI jan/24 foi para 11,79%; DI jan/26 encerrou em 11,12%; e DI jan/28 fechou em 11,23%.
Inflação no Brasil
Ainda no Brasil, o IPCA-15 (prévia da inflação mensal) subiu 0,99% em fevereiro, muito acima da nossa projeção (0,81%) e da mediana das expectativas de mercado (0,87%), conforme divulgado ontem. Apesar da recente apreciação cambial e da desaceleração da demanda interna, os preços industriais devem continuar em tendência ascendente no curto prazo, como sugerem os preços no atacado. O aumento adicional dos preços das commodities contribui para maior preocupação sobre a dinâmica dos preços nos próximos meses. Atribuímos um viés altista à projeção atual de 5,2% para o IPCA de 2022.
Mundo
As bolsas internacionais amanhecem fortemente negativas (EUA -2,1% e Europa -3,1%) após a confirmação da invasão russa ao território ucraniano. Com o aumento das tensões geopolíticas, os investidores seguem em movimento de aversão ao risco, puxando o preço do ouro (+2,5%) para cima e causando um recuo nos juros americanos de 10 anos para 1,87%. Na China, o índice de Hang Seng (-3,2%) encerra em forte baixa, acompanhando os movimentos globais somados à queda de expectativas em relação a esta temporada de resultados. Por fim, o petróleo (+8,2%) ultrapassou a marca dos US$ 100/barril pela primeira vez desde 2014, em virtude das preocupações com novos gargalos de abastecimento da commodity devido ao conflito.
Agenda econômica internacional
Na agenda econômica internacional de hoje, destaque para a divulgação da segunda leitura do PIB dos Estados Unidos referente ao 4º trimestre de 2021, além do resultado das despesas de consumo pessoal no mesmo período (PCE, na sigla em inglês) e dos pedidos iniciais de seguro-desemprego relativos à semana encerrada em 19/fev.
Agenda econômica Brasil
Haverá publicação da PNAD Contínua - pesquisa sobre mercado de trabalho - de dezembro (XP e mercado esperam taxa de desemprego de 11,2%), além do resultado primário do governo central (XP: R$ 75,7 bilhões; consenso: R$ 71,3 bilhões) e das estatísticas de crédito referentes a janeiro.