Segurança Legal

#405 – Mais vazamentos de senhas, insegurança bancária, browser Atlas e o fiasco da IA


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Neste episódio, você vai aprender sobre a realidade por trás dos massivos vazamentos de senhas e como se proteger de forma eficaz. Abordamos a evolução da insegurança bancária, detalhando a nova responsabilidade das instituições financeiras em golpes de engenharia social, conforme decisão do STJ, e o que isso significa para o dever de segurança delas. Exploramos também os novos riscos da cibersegurança com a popularização dos navegadores com inteligência artificial, como o ChatGPT Atlas, e a ameaça do prompt injection. Discutimos a importância de políticas corporativas claras para o uso de IA, evitando o chamado shadow AI e garantindo a proteção de dados.

Aprofundamos a análise sobre as implicações do uso de inteligência artificial generativa no ambiente profissional e pessoal. Comentamos um caso emblemático em que a consultoria Deloitte utilizou IA e entregou um relatório com alucinações de IA, resultando em perdas financeiras e reputacionais. Essa discussão nos leva a uma reflexão sobre o direito da tecnologia, a necessidade de transparência no uso dessas ferramentas e como o cumprimento de contratos pode ser afetado. Este episódio é essencial para quem busca entender os desafios práticos e jurídicos da segurança da informação na era da IA, incluindo os cuidados com a LGPD.

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ShowNotes

  • 3,5 terabytes de informações, ou mais de 183 milhões de senhas de e-mail, foram violadas
  • Bancos e instituições de pagamento devem indenizar clientes por falhas que viabilizam golpe da falsa central
  • Petição feita por IA cita dono de bar como relator; autora pagará má-fé
  • TRT-3 aplica multa após advogado citar súmula inexistente gerada por IA
  • Deloitte to partially refund Australian government for report with apparent AI-generated errors
  • Deloitte was caught using AI in $290,000 report to help the Australian government crack down on welfare after a researcher flagged hallucinations
  • ChatGPT Atlas Browser Can Be Tricked by Fake URLs into Executing Hidden Commands
  • Artificial IntelligenceAI Sidebar Spoofing Puts ChatGPT Atlas, Perplexity Comet and Other Browsers at Risk 
  • Foto do Episódio – Spy Booth de Bansky, foto de Duesentrieb

    📝 Transcrição do Episódio

    (00:06) Bem-vindos e bem-vindas ao Café Segurança Legal, episódio 405, gravado em 27 de outubro de 2025. Eu sou o Guilherme Goulart e junto com o Vinícius Serafim vamos trazer para vocês algumas das notícias das últimas semanas. E aí, Vinícius, tudo bem? E aí, Guilherme? Tudo bem? Olá aos nossos ouvintes.
    (00:27) O Vinícius está de volta, depois que um ouvinte observou muito bem que o Vinícius estava como not found no episódio 404, o episódio anterior. Uma piadinha só para os nerds que vão entender. Esse é o nosso momento de conversarmos sobre algumas notícias e acontecimentos que nos chamaram a atenção.
    (00:44) Pegue o seu café e vem conosco. Para entrar em contato conosco, envie uma mensagem para podcast@segurançalegal.com, Mastodon, Instagram, Bluesky, YouTube e agora, Vinícius, estamos no TikTok. Deus do céu. Se você é jovem, nos acompanha aqui e usa o TikTok, pode nos seguir lá também buscando por Segurança Legal.
    (01:08) Vamos fazer uma experiência para ver como é uma linguagem diferente, enfim, mas estamos já lá para fazer uma experiência com alguns cortes do podcast em vídeo, que nós vamos estar fazendo aí nos próximos dias ou semanas, vamos ver como vai ser. E também temos a nossa campanha de financiamento coletivo. Lá no Apoia.se você apoia o Segurança Legal, onde conclamamos sempre que você considere apoiar essa iniciativa independente de produção de conteúdo.
    (01:26) Vinícius, vamos para a mensagem dos ouvintes. Temos uma mensagem bem interessante que não vamos identificar o autor, lá no episódio 403, 10 orientações sobre o uso de IA no ambiente empresarial. E esse ouvinte anônimo disse o seguinte: “Eu mesmo, como um his programador, há alguns anos fiquei por meses pedindo aos meus gestores uma formalização e atualização do nosso NDA para que
    (02:04) pudéssemos usar sem medo LLMs como auxílio. Sempre enrolado, resolvi seguir para o jurídico da empresa, abrir ticket, mais uma vez, depois de meses insistindo no ticket e com meus gestores, o ticket foi fechado e nada foi resolvido ou esclarecido”. Será que essa é uma situação comum hoje em dia, Vinícius? A primeira coisa é: eu não gostei.
    (02:29) Não te deprecie chamando de his programador. His programador. Não, tu não é um his programador, cara. Tu é um programador, é um desenvolvedor. Nada de his. E a questão de formalização com uso de LLM como auxílio para desenvolvimento, eu tenho visto duas, tem várias posturas, mas as que mais me chamam a atenção são ou aquela postura em que não permitem por medo que os códigos sejam utilizados, que as bases, repositórios de código e tal da empresa sejam utilizados para treinar IA
    (03:05) e eventualmente acabe revelando alguma coisa sobre os sistemas da própria empresa. Só que aí é uma questão de se analisar as ferramentas, ver as opções disponíveis no mercado para uso empresarial, inclusive ver as opções de configuração e algumas coisas mais que têm que ser vistas.
    (03:27) Eu acho que isso sim tem que passar pelo pessoal da segurança, digamos assim, dentro da empresa e tem que se estabelecer quais são as práticas aceitáveis, ou seja, quais são as ferramentas aceitáveis, quais são as configurações mínimas que devem ser feitas, esse tipo de coisa. Então, eu tenho visto tanto situações em que a empresa simplesmente diz que não pode usar, e no desenvolvimento a gente pode discutir a aplicação de IA em várias situações, mas no desenvolvimento ela é extremamente útil. A generativa para gerar código é extremamente útil. Não há dúvida nesse sentido. E há também o outro
    (04:05) extremo, em que o pessoal utiliza o que lhe vem na telha. Então não há uma recomendação formal por parte da empresa. E aí cada um vai usando a ferramenta que tem à disposição, seja free ou não. É o shadow AI. É o shadow AI que a gente comentou. Então, cada um utiliza o que acha melhor e nem sempre com as configurações mais adequadas, nem sempre com uma revisão adequada do que tem sido submetido para a IA, o que fica na IA, o que não fica, etc. Então, esses dois extremos são
    (04:40) bem delicados. E essa questão de definição, de sentar para definir, eu não sei, Guilherme, eu não fiz pesquisa sobre isso ainda. Mas me parece que está se normalizando o uso da IA como se fosse usar o Google e o pessoal não está sentindo tanta necessidade de definir claramente as regras para uso desse negócio, entende? Porque parece que é mais um Google, mais uma aplicaçãozinha qualquer assim.
    (05:15) Então há uma clara falta de atenção a esse ponto, que é o que o nosso ouvinte coloca como o sofrimento dele ali, tentando contato com alguém para dizer o que pode usar, o que não pode, quais são as diretrizes, qual é a regra. E ao mesmo tempo, sem regra nenhuma, o que ele faz? Ele não vai usar? Ou vai usar conforme o que ele acha que deve ser o ideal? Então assim, eu entendo bem isso que ele está colocando.
    (05:47) Acho que é mais uma dessas políticas que têm que ser criadas, definidas dentro das empresas e que a gente sabe muito bem que muitas vezes elas nem sequer existem, nem as mais básicas existem, quanto mais essa. É, era o que eu ia dizer. Eu acho que não é só uma questão de NDA, mas é mais do que NDA, é você ter diretrizes sobre o uso, porque elas vão envolver também proteção de dados. Mas assim, vamos lá. Tem empresas que até hoje ainda não regulam o uso de internet, de navegação dos seus funcionários. Então, quiçá pensar na IA. Veja, é
    (06:20) quase também como uma cegueira generalizada. Muitos gestores fecham os olhos no sentido de ignorar que os funcionários estão utilizando. Mas, gente, as pessoas estão utilizando em contextos bem complicados, bem delicados, levando até em consideração aquilo que nós falamos no episódio passado, que seria como a IA promove comportamentos desonestos, que daí passa a ser um outro problema também quando você não tem o monitoramento ou controle adequado. Então tá, um abraço.
    (06:51) Isso aí, um abraço para o nosso ouvinte não nominado. Vinícius, 3.5 TB de informações ou 183 milhões de senhas de e-mail foram vazadas. É isso mesmo. Isso me chamou muita atenção, essa notícia. Eu vi em mais de um site. São senhas do Gmail. Então eu pensei: “Meu Deus do céu, vazou alguma coisa lá no Google ou conseguiram fazer alguma coisa para extrair essas senhas lá de dentro?”. E a primeira coisa que me chamou a atenção, logo que eu vi que as senhas
    (07:28) estavam em texto claro, o dataset seria endereço de e-mail e senhas em texto claro. E te dizer, eu não consigo imaginar, consigo imaginar muita coisa, mas não o Google armazenando as senhas em texto claro em algum lugar que permita alguém fazer um dump com usuário e senha. E aí, de fato, quando eu comecei a ler as notícias e tal, inclusive o Have I Been Pwned teria noticiado esse vazamento. Mas se vocês derem uma procurada, vocês vão
    (08:03) encontrar o mesmo que eu encontrei, a conclusão a que cheguei é que é uma notícia que não é bem uma notícia. É um bocado de senha que foi coletada por meio de malware, foram ataques feitos a pessoas ao longo de um período de tempo bastante grande e mais de 90% dessas senhas já estavam em bases de vazamentos anteriores e foi feito mais um daqueles compilados do que rodava por aí na internet. De qualquer maneira, então assim, é uma notícia que não é uma notícia, na nossa opinião. É mais um
    (08:37) clickbait do que uma notícia. Mas a gente até gravou um vídeo esses tempos atrás, um videozinho que a Camila publicou, que eu gravei com essa questão do Have I Been Pwned. Eu acho que a gente mantém a recomendação de, tempos em tempos, dar uma olhadinha no Have I Been Pwned lá, acessá-lo, colocar seus e-mails e ver se tem alguma conta que vazou, se o seu e-mail está listado em algum vazamento.
    (09:05) Ele tem até uma verificação de senha que você poderia, eu não recomendo usar isso, mas tem uma opção lá no Have I Been Pwned que você pode clicar e digitar uma senha sua para ver se ela aparece em algum lugar, mas ele está submetendo uma senha sua para o site. Embora eu ache que o site seja confiável, eu não submeteria senhas minhas para outros lugares.
    (09:24) Então, está lá a opção. E se você encontrar algum vazamento em que seu e-mail está listado, faça um favor a si mesmo e altere as suas senhas. Use um gerenciador de senhas, um LastPass da vida ou algum outro gerenciador que você tenha disponível junto com antivírus ou na sua conta do Google ou um Bitwarden, alguma coisa assim, mas use uma senha diferente para cada site, se você puder.
    (09:55) O que pesa aí para gerenciar é que se for alguém mais ligado à TI, talvez possa usar um KeePass e jogar esse KeePass num OneDrive, num Dropbox ou num Proton Drive e compartilhar com mais de um dispositivo. Daria para fazer também. Mas no final das contas, a ideia é que você utilize senhas diferentes para todos os serviços. Mas essa notícia é uma não-notícia, Guilherme.
    (10:19) A gente comentou mais porque ficou chateado que caiu no clickbait. É, e até porque, sim, a gente começou a ler e no fim da notícia diz que o especialista no caso, Troy Hunt do Have I Been Pwned, que dia desses caiu num phishing, a gente falou aqui no caso do Troy Hunt.
    (10:37) Se o Troy Hunt cai num phishing, imagina você. Então ele diz que cerca de 92% dos registros já haviam aparecido em violações anteriores. Isso. Então, são aquelas compilações. Mas ele ainda destaca que cerca de 8% eram novos, o que representa 16 milhões de endereços de e-mail nunca vistos antes. Bom, Vinícius, tivemos uma decisão recente do STJ
    (11:08) que consolidou, digamos assim, ou modelou o dever de segurança das instituições de pagamento. O STJ reconheceu, lá no REsp, que é o número da decisão, Recurso Especial 2.222.059, a responsabilidade das instituições de pagamento, não somente das instituições bancárias, mas das
    (11:38) instituições de pagamento também. Há uma diferença entre esses dois tipos de instituição, ambas instituições financeiras, para os golpes de engenharia social. O que a gente tinha até agora? A jurisprudência já vinha, e para aqueles não iniciados no direito, jurisprudência são os conjuntos de decisões dos tribunais superiores que marcam como o judiciário se posiciona sobre uma questão. A jurisprudência vinha entendendo, numa decisão também recente, que quando a fraude ocorre ou quando a fraude é habilitada por um vazamento,
    (12:18) a instituição financeira seria responsável pela fraude. São aquelas situações comuns. Ou seja, eu tenho ainda ali uma presunção de que se o atacante teve acesso a dados que certamente saíram de dentro da instituição de pagamento, ela seria responsabilizada pela fraude, veja, habilitada pelo vazamento, além inclusive de um dano moral. Ou seja, eu teria duas indenizações ali, além de um dano moral pelo receio de ter aqueles dados utilizados em outras situações e tudo mais, como a gente também falou aqui em um dos episódios passados. Pois bem, ou
    (12:56) seja, aquela situação em que o fraudador entra em contato contigo e diz: “Olha, você tem aqui o seu financiamento de tanto, do carro tal, você já pagou 18 prestações, tem duas que estão em atraso, eu estou te ligando aqui para…”, e aí o cara cai no golpe. A novidade agora foi ampliar a interpretação de qual é o dever de segurança das instituições de pagamento.
    (13:29) Nesse caso aqui, o Nubank. É um balanço, na verdade, delicado. Porque a depender do tipo de atividade que uma empresa presta, se a gente for perguntar qual é o dever de segurança dessa instituição ou dessa empresa, é claro que o dever de segurança vai variar a depender da complexidade do serviço, do tamanho da empresa, se tem dados pessoais ou não e da própria segurança que se espera para aquela atividade. Então, se ao mesmo tempo a empresa não pode transferir para o usuário, para o
    (14:02) consumidor, os riscos da própria atividade, eu preciso fazer um balanço delicado, porque ao mesmo tempo que o risco não pode ser transferido, é inegável que a internet e os meios digitais revolucionaram os sistemas financeiros e bancários. Ninguém mais vai ao banco, raramente você vai ao banco.
    (14:25) Então, é claro que isso traz uma vantagem absurda para os usuários. O cara vai viajar para outro país e consegue manter a vida financeira dele como se estivesse aqui. Agora, a questão é como eu faço esse balanço desse benefício que o usuário, que o consumidor tem, e qual seria o risco que a própria instituição deveria suportar num cenário de ampliação de golpes. Porque o último anuário de crimes de segurança, o Anuário de Segurança, fugiu o termo, Vinícius, se você puder procurar. Anuário de crime, não, Anuário de Segurança, eu
    (14:58) acho que sim. Se você puder procurar só o termo, mas falou do intenso aumento de crimes digitais, de fraudes digitais. Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Isso aí.
    (15:21) E, então, uma coisa que a gente já sabe é que os criminosos têm menos risco no ambiente digital e tudo mais. Então, dentro dessa dinâmica, como eu modelo esse dever de segurança aqui, especificamente nas instituições de pagamento? E o que se entendeu foi que os bancos também vão ser responsabilizados, as instituições de pagamento, perdão, vão ser responsabilizadas nos casos de golpes de engenharia social, mas que não necessariamente tenham sido causados por um vazamento. Então, o que deveria se levar em consideração? Essa decisão do STJ considerou os limites da
    (15:59) transferência de risco e também os limites de qual é a segurança possível esperada por um serviço, levando em consideração que é um ambiente imprevisível, os golpistas estão sempre inventando novas técnicas e também os próprios limites do dever de segurança por parte do próprio usuário. O próprio usuário também tem um dever de cuidado mínimo ali.
    (16:26) Então, eles entenderam que as instituições precisam manter algum tipo de análise preventiva das transações. Eu leio aqui: transações que fogem do perfil do cliente ou do padrão de consumo. A avaliação do horário e do local em que as operações foram realizadas, o intervalo de tempo entre essas transações, a sequência de operações realizadas, o meio utilizado para a realização e a contratação de empréstimos atípicos em momento anterior à realização dos pagamentos suspeitos.
    (16:57) Ou seja, você conjuga tudo isso. E no caso específico, o usuário ali, o consumidor, ele usava a conta do Nubank quase como uma poupança, ou seja, ele não tinha quase transações, ele só colocava grana lá dentro. E aí, no mesmo dia, houve 14 transações seguidas, de lugares diferentes, em horários intervalados, num intervalo próximo uma da outra, o que, segundo a jurisprudência, configuraria um desvio no padrão de uso do cara. Então, essa figura da análise e da falha no padrão de uso já vinha sendo reconhecida pela jurisprudência também,
    (17:34) mas como o STJ, como corte máxima de recursos, reconheceu isso, consolida de certa forma algo que já vinha sendo reconhecido, que é esse dever preventivo de avaliar se as transações do correntista não estão fugindo daquilo que ele faz normalmente.
    (18:00) E aí quando a gente coloca a IA aí, Vinícius, esse tipo de avaliação fica mais facilitado. Porque, veja, não é algo tão complexo assim você criar um perfil de uso. O cara faz uma transação a cada 5 dias, aí de repente tem 14 num dia só. Bom, teve ali uma, o cara vai ter que dar uma travada, vai ter que ter algum mecanismo adicional. E eu acho que isso tudo, no final das contas, modela, como eu disse antes, o que é o dever de segurança. Então, por isso que eu acho que essa é uma decisão bem importante, porque, repetindo, a depender
    (18:30) do tipo de atividade realizada, o dever de segurança vai ser mais ou menos amplo, vai ser modelado de uma forma diferente. É, Guilherme, a IA generativa nesse caso, nem vejo como dá para ser utilizada, é óbvio, mas nós temos já várias outras formas de algoritmos de IA para além dos generativos. E outras formas também de fazer a análise artística desses dados, dessas operações e poder fazer, é algo que já vem acontecendo há bastante tempo. E tecnologia existe para isso, não é nada muito novo. O
    (19:09) que realmente me chama a atenção é agora essa questão da responsabilização. A gente tem que arcar com o risco que antes estava todo jogado no colo do cliente. E agora isso dá uma invertida, torna a coisa um pouco mais difícil.
    (19:32) Não, e tem aquela coisa também, o próprio Nubank tem algumas práticas que me incomodam um pouco. Você abre o aplicativo do Nubank e a primeira coisa que aparece é um botão de empréstimo com valor liberado para ti. É uma facilidade que você tem. É, mas eu prefiro isso do que ficar mandando mensagem oferecendo consórcio, que acontece também.
    (19:49) Outros bancos têm essa prática. Posso pegar a primeira? Claro. A primeira, que é a notícia de verdade, que a outra foi só um clickbait, uma não-notícia. É, uma não-notícia. Aqui são duas notícias, na verdade. Eu trouxe os dois links, depois vão estar lá no show notes.
    (20:07) Acho que todo mundo que ouviu todos os nossos episódios já nos ouviu falar do prompt injection. Então você tem aí, você vai lá, escreve um prompt e de repente, enquanto você está só fazendo perguntas para o modelo, sem o modelo acessar nada além do próprio modelo, dos dados que estão ali intrínsecos, não tem um grande problema.
    (20:34) Mas daí você começa a dar para a IA a possibilidade de acessar a internet, de acessar sites. O Perplexity foi quem começou isso, digamos assim, mas hoje todas fazem. E aí já começa o risco de a IA esbarrar em algum site, ler alguma página que tenha lá dentro alguma instrução escondida, como: “ignore tudo que o usuário pediu a partir daqui, siga o que eu estou lhe pedindo para fazer”. Isso é possível em sites, em arquivos PDF, em arquivos DOC. É possível em qualquer tipo de dado
    (21:16) que você vá fornecer para uma IA generativa processar e te gerar texto, te explicar alguma coisa ou te dar alguma informação. Mas mais recentemente, isso tem ficado ainda mais interessante. E também tem os diversos sistemas desenvolvidos por empresas, por software houses, etc.
    (21:40) que começam a incluir agentes para analisar contratos, agentes para outras coisas, e aí você consegue fazer prompt injection nesses caras também. Mas recentemente, começou a acontecer uma popularização dos navegadores das IAs.
    (22:01) Então a gente tem o Comet, da Perplexity, a gente tem o Atlas, do GPT. E esses caras, em essência, não são só um navegador que você abre e tem lá a janelinha do Perplexity ou do ChatGPT. O próprio navegador é uma ferramenta totalmente manipulável pela IA. Ele consegue ver as abas que estão abertas, você consegue fazer perguntas sobre o seu histórico, pode pedir para ele fazer ações.
    (22:22) Inclusive, eu mesmo testei isso. Você consegue dizer para ele: “dá uma olhada lá na Amazon, vê qual foi o último café que eu comprei e coloca mais uma unidade no meu carrinho, por favor, que depois eu vou lá fechar a compra”. Poderia até dizer para fechar a compra, se os dados estivessem lá.
    (22:41) E ele fez, funciona. Ele interagiu com a sua conta logada na Amazon. É isso. Ele interagiu com a minha e não só isso, ele procurou. Eu estava com o Gmail aberto numa aba. Aí ele procurou no meu Gmail a lista de e-mails relacionados a compras que eu fiz na Amazon. Encontrou o café, acessou o site da Amazon.
    (23:00) Eu já deixei logado. Ele logou no site, catou o café, botou no carrinho e me avisou: “está no carrinho”. Mas ele pode fazer várias outras coisas para você. Você pode estar com o WhatsApp logado nele e pode pedir: “procura aí as mensagens que eu não li, as não lidas recentes, e me dá uma sugestão de resposta para uma delas”.
    (23:25) Ou você pode dizer: “responde para o fulano de tal que não sei quê”, e ele vai responder. Então ele consegue interagir com sites em seu nome. Em essência, é isso que esses navegadores conseguem fazer. E aí, obviamente, começou a aparecer ataque de prompt injection contra navegadores de IA.
    (23:46) A coisa ainda está começando, tem muita especulação sobre o que daria para fazer. Você poderia pedir coisas como, por exemplo: “pega o histórico do usuário e manda por e-mail para não sei onde”. Ou “faça uma compra, faça com que o usuário compre o produto tal na Amazon e mande entregar no endereço tal”, num outro endereço que não seja do próprio usuário.
    (24:21) As possibilidades, em tese, são infinitas, porque você tem uma ferramenta que consegue interagir com a internet em seu nome. Então, dependendo das credenciais que você colocou ali, do que você acessou, ela pode fazer o que quiser em seu nome. E isso interagindo com as suas contas logadas, não precisa nem roubar sua senha. O que estiver logado ali, o que você tiver no navegador, o navegador é da IA. Se você se logou na conta X, Y, Z, as contas X, Y, Z vão
    (24:53) estar disponíveis para ele. Então, se você se logar no repositório do Git, do GitHub, se você acessar um banco, qualquer coisa, ele consegue interagir. Porque é um agente, ele é genérico, não foi feito para interagir com uma página específica.
    (25:20) Então isso está abrindo cada vez mais o leque de ataques. Quando a gente falava da internet, havia um tempo que não era possível atacar bancos via internet, porque não tinha banco na internet. A partir do momento que veio tudo para a internet, a gente pode atacar bancos via internet, coisa que não era possível. Para a IA, a mesma coisa.
    (25:37) A gente está dando cada vez mais acessos à IA. Para quem usa o ChatGPT, o próprio Copilot também, eles têm ferramentas para rodar no desktop. É mais comum ter primeiro para Mac, depois para Windows, mas agora todos têm para Windows também. E essas ferramentas você pode vincular ao seu desktop, à manipulação de arquivos. O macOS tem mais opções, ele consegue controlar o navegador, por exemplo.
    (26:06) Então, você tem várias opções para integrar esses agentes de IA com o seu ambiente de trabalho. E aí eles conseguem fazer qualquer coisa. Eu fiz um teste com um agente do Claude para ele organizar uma pasta de arquivos.
    (26:25) Peguei uma pasta de downloads, “organiza aqui para mim, apaga os duplicados, põe numa pasta o que eu devo apagar…”. Funcionou perfeitamente bem. Mas, se num dado momento eu pedir para ele ler um arquivo que eu tenho na minha máquina e esse arquivo tiver um prompt injection e ele estiver sujeito a esse tipo de ataque, o que vai acontecer é que ele vai ler aquele prompt e vai fazer sabe-se lá o que com os meus arquivos. Então você tem essas possibilidades.
    (26:51) E aí uma coisa interessante. Diferente de um SQL injection, uma injeção de SQL, para quem está ligado nisso, em que você monta comandos SQL para serem executados a partir de campos de busca, campos de login e várias outras situações que a gente tem.
    (27:11) Diferentemente disso, com a IA, como é um modelo de linguagem de grande escala, ele interpreta aquilo que você passa para ele. Você tem formas de escapar da interpretação dele, de subverter a interpretação dele e
    (27:26) convencê-lo a fazer algo que ele não deveria fazer. Eu já dei este exemplo aqui por ser bem inocente. Um exemplo simples: você pede para o ChatGPT a fórmula, os elementos e as quantidades para fazer pólvora negra. Ele vai dizer que não pode te dizer como fazer
    (27:44) isso. Aí você vai lá e pede uma poesia sobre a feitura da pólvora negra, citando os elementos e as proporções. E ele vai fazer a poesia e vai te dar as proporções dos elementos certos. São, é claro, uma coisa bem simples. Tem várias outras maneiras de fazer esse tipo de exploração, mas a ideia é que a gente está dando cada vez mais poderes para a IA, cada vez mais alcance.
    (28:16) E a Apple, Samsung e outras fornecedoras de smartphones estão enlouquecidas tentando integrar a IA com os telefones. E aí, prompt injection é um problema multiplataforma, multissistema e multimodelo, porque não tem um único modelo que seja completamente imune a esse tipo de ataque. Então é isso.
    (28:41) Se liguem aí quem está usando o Atlas, GPT Atlas, ChatGPT Atlas e o Comet da Perplexity. Já comecem a se ligar nisso e também nas extensões, Guilherme. Se preocupem um pouquinho com as extensões que acrescentam IA no seu Chrome, no seu Brave, etc., porque ele vai ler a página. A extensão normalmente tem acesso à página que você está acessando e se tiver um injection livre, pode afetar sua extensão.
    (29:12) Tinha outra aqui, que é bem simples. É um alerta para quem está usando o ChatGPT Atlas e o Perplexity Comet. Tem algumas extensões maliciosas aí e mesmo alguns JavaScript que têm simulado aquela barrinha lateral da IA onde você abre o prompt no navegador. Quem já está usando sabe que tem uma sidebar que abre para conversar com a IA. Os caras estão fazendo uma sidebar fake que é igual à original. Então tem que tomar cuidado. É
    (29:49) bom testar. É bom abrir os navegadores, testar, ver como é e saber o que você está utilizando. Mas sabe que, ao mesmo tempo, os próprios mantenedores dos modelos também têm evoluído na detecção e para evitar que seus modelos ajam dessa forma.
    (30:15) Ou seja, vai ficar cada vez mais difícil, não é como era no início, do tipo: “me conta uma história para dormir”. Ele já está se dando conta de algumas coisas. Esses dias aconteceu, até te falei, um negócio super, nunca tinha acontecido comigo. Eu estava com o Perplexity, pedindo alguma coisa qualquer, meio que na rua, fiquei com uma dúvida. Digitei tudo errado no celular, sabe? Aquela coisa que você digita e entram uns caracteres estranhos no meio da palavra. E ele disse: “Olha, eu não”, no meio da frase. A
    (30:46) resposta foi: “Olha, eu não posso te responder isso porque parece um prompt injection. Estou bloqueando aqui a tua resposta”. E nem era. Eu estava perguntando. Enfim, interessante.
    (31:06) Achei bem interessante porque eu nunca tinha visto aquele tipo de comportamento, um comportamento preventivo. Ainda falando sobre IA, Vinícius, e este episódio vai ficar um pouquinho mais curto, que é um caso bem interessante que envolveu a Deloitte. Eles usaram IA para fazer um relatório para o governo da Austrália.
    (31:31) O governo da Austrália contratou um estudo para o que seria lá o departamento de trabalho e relações de trabalho, algo como nosso Ministério do Trabalho, algo equivalente a isso. E eles contrataram um estudo da Deloitte. O estudo foi publicado e um professor da Universidade de Sydney começou a achar uma série de erros no relatório. Aquela coisa, você já sabe onde a gente vai chegar. O Vinícius está rindo ali, para você que está ouvindo no feed e não está vendo, o Vinícius começou a rir. Mas você já sabe onde a coisa vai
    (32:02) chegar. O cara começou a investigar e levantou a hipótese de que seriam alucinações por IA. E aí, entre os problemas, aqueles problemas bem comuns que você que nos escuta já conhece: artigos acadêmicos que não existiam, citação falsa atribuída a uma juíza e um livro fictício de uma pessoa (o autor existia, mas nunca tinha escrito aquilo).
    (32:30) Era um livro completamente fora da área dele. E às vezes ele se perde mesmo. Eu pergunto muito, quando estou pesquisando sobre um tema e quero saber mais, acabo perguntando: “me indica uma lista de livros”, dou as línguas que eu consigo ler e “me dá uma lista de livros com link para compra, para saber mais sobre aquilo”. Em geral ele acerta, mas às vezes erra também.
    (32:57) Então é aquele cuidado que uma pessoa um pouco mais ligada sabe que precisa ter. E aí, essa reportagem e a fala do professor foram interessantes. Ele usou uma expressão que eu achei interessante, não tinha ouvido ainda: ele usou essas 20 citações inventadas como “tokens de legitimação”.
    (33:19) Interessante, porque você começa a ler aquilo e pensa: “pera aí, tem 20 estudos aqui”. Você não vai verificar a bibliografia de tudo que lê, não tem como. A imprensa consultou a Deloitte e eles disseram que vão resolver internamente. Acabou que eles devolveram 1,5 milhão de dólares australianos para o governo.
    (33:43) E, ao mesmo tempo, é importante a gente notar que essas Big Four de consultoria estão investindo em modelos próprios de IA para a prestação dos seus serviços. A própria Deloitte investiu 3 bilhões neste ano em um modelo e ainda iniciou uma parceria com a Anthropic para fornecer o Claude para os funcionários da Deloitte. Então, por que isso é importante? Primeiro, que entra quase como uma coisa meio folclórica. Já está virando meio folclórico aquele cara que usa IA sem
    (34:20) conferir os resultados. E isso está trazendo efeitos reais. Saiu até uma notícia esses dias também, vamos falar em outro episódio, sobre a quantidade de material na internet, por exemplo. Mas é inegável: as pessoas estão usando e estão usando sem a transparência adequada.
    (34:45) Isso entra nesses casos folclóricos de advogados usando IA para petições. Teve dois nessas últimas semanas. Um em Santa Catarina, a autora foi multada em 3.700 reais pelo uso de IA, que inventou o nome do relator de um acórdão. O cara nem desembargador era, na verdade ele era dono de um bar especializado no atendimento a consumidores de cerveja gelada.
    (35:14) E o próprio juiz da ação foi pesquisar: “esse cara aqui é dono de um bar, nem é desembargador”. E outro no TRT3 também, feito por IA, foi multado por litigância de má-fé, porque citou uma súmula do TST que não existia, inventou uma súmula. E a defesa reconheceu isso. Então eu acho que uma das reflexões que a gente tem que fazer, para além dessa coisa já meio folclórica, repito, do cara que entra no ChatGPT e diz: “escreve uma petição inicial do processo assim e assado”, dá algumas informações e o negócio escreve. Não é
    (35:48) definitivamente não é assim que você tem que usar, caso alguém não tenha te dito, caso alguém tenha dúvida. Ou para alunos também que eventualmente nos escutam, não usem para fazer o trabalho. O objetivo de você estar fazendo a faculdade é realmente aprender a fazer aquilo.
    (36:06) Então, evitem esses atalhos. A gente tenta fazer lá na faculdade também alguns momentos com IA e momentos sem IA, justamente para saber quando usar. Então, o que acontece? A gente vai ter que começar a enfrentar esse tema do adimplemento por IA. Isso é uma coisa que lá no Direito das Obrigações, quando a gente estuda em qualquer contrato, você tem a figura do adimplemento, que é o cumprimento do contrato.
    (36:36) E antes, até antes da IA, a gente começava a discutir, por exemplo, quando o contrato deve ser prestado por aquela pessoa em específico e quando pode ser prestado por outra pessoa sem nenhum prejuízo para o credor. Então, sei lá, o exemplo clássico é a abertura do festival de música, que tem que ser feita por aquele cantor que foi contratado.
    (36:59) Ele não pode mandar outro no lugar dele. Eu acho que a gente vai ter que começar a investigar agora quando e como a IA vai poder ser utilizada para a prestação de certos serviços. E eu acho que isso entra bem forte numa rediscussão do próprio Direito dos Contratos mesmo. A gente vai ter que começar a pensar isso, mas ao mesmo tempo pensar de uma forma mais transparente. É você dizer para o seu cliente que vai usar IA naquelas circunstâncias.
    (37:29) E claro, o objetivo não é usar IA para produzir dados falsos. Está longe de ser o objetivo. Mas ao mesmo tempo, informar também para o cliente a extensão do uso: vai ser para apoio, para pesquisa? Que você pode usar, que isso não implica num descumprimento do contrato. Ou seja, a gente vai ter que começar a repensar arranjos contratuais, respeitando a boa-fé objetiva, no sentido de deixar claro e transparente quando e como a IA vai estar sendo utilizada. Então, acho que é um caso emblemático que entra, mais uma vez, nas situações folclóricas do cara que usa, porque é quase como
    (38:07) uma questão meio desleixada. A imagem que passa é que o cara não quis fazer o trabalho dele, colocou um prompt aleatório qualquer lá, produziu um monte de coisa e sequer conferiu. Que é uma coisa que você poderia, ainda há tempo. Se você economizou 200 horas para fazer o relatório, invista pelo menos 10 para verificar ou para acompanhar.
    (38:33) E eu acho que se conecta, para finalizar, Vinícius, um pouco com a primeira notícia. Do nosso ouvinte anônimo. Que é aquela história: se eu não estou regulando como isso pode ser usado internamente, eu, empresário, ainda corro o risco jurídico de estar descumprindo contratos. Porque no final das contas, quem vai responder para o cliente não é o empregado, embora possa, mas vai ser o empresário. Teu cliente vai processar o empresário.
    (39:01) O empresário depois que vai atrás do cliente, direito de regresso e tudo mais. Mas você não quer ter a sua imagem ou a sua reputação manchada por uma coisa boba como essa. Então acho que, no final das contas, sem querer, Vinícius, as coisas se conectaram. É, completou o círculo, sem dúvida nenhuma. Sem querer, de verdade. Sem querer
    (39:26) mesmo. Não, foi sem querer. Quer fazer alguma observação aqui ainda sobre ela ou vamos terminando? Não, podemos ir encerrando. Hoje vai ser mais curtinho mesmo. Nós não chegamos nem a 40 minutos, o que é um recorde para nós. É um dos nossos recordes. Não, mas sabe que eu acho que é bom também mesclar com episódios menores. Às vezes o cara não tem tempo de ouvir tudo. E então acho que também funciona, eventualmente podemos fazer uns episódios mais curtos, mas sem deixar de fazer episódios mais longos quando for necessário. Claro, não com 7 horas que nem o Xadrez Verbal. A
    (39:57) gente ainda não chegou nesse nível. Mas um deles é bom. O deles é bom. O nosso também é bom. Só que o deles por 7 horas é muito bom. É muito bom. Bom, então agradecemos a todos aqueles e aquelas que nos acompanharam até aqui.
    (40:16) Nos encontraremos no próximo episódio do podcast Segurança Legal. Até a próxima. Até a próxima.

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    Segurança LegalBy Guilherme Goulart e Vinícius Serafim

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