Tomás segura o seu copo de cerveja com a mão direita. Encosta-se a uma coluna na lateral do bar, a música gritando aos seus ouvidos. As luzes rasgam os rostos e os corpos dos fugitivos da noite, obrigando-os a uma dança ritmada imperturbável. Perscruta os olhares de quem passa, procurando alguma identificação, alguma correspondência ensopada em suor. Não há nada. O seu próprio rosto é indecifrável, não diz nada, e ele sabe-o porque de repente encontra-se num espelho e, olhando para si mesmo, permite-se sair do seu corpo e entrar num éter emanado pela cerveja, como se o si que olha a si mesmo fosse outro que olha outro. Percebendo-se de fora, é incapaz de se mover, remetendo-se a uma catadupa de pensamentos desconexos que culminam num refluxo de vómito.
This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit miguelde.substack.com