A vida de Chavela Vargas, cantora costa-ricense de nacionalidade mexicana, é uma sucessão de acontecimentos altamente improváveis, que só se concebe em uma obra de ficção Mas, tudo parece ser verdade.

Ouçamos Chavela interpretando duas belas canções de José Alfredo Jiménez: “En el último trago” e “Vámonos”.

O bolero “Dos gardênias”, desde sua criação, fez grande sucesso na América Hispânica. No Brasil, passou quase desapercebido, por cerca de meio século. A sua inclusão na trilha sonora do documentário Buena Vista Social Club mudaria isto.

“Dos gardênias” é das primeiras canções da pianista cubana Isolina Carrillo, falecida em 1996, aos 89 anos.

Isolina compunha sem parceiros e dizia que suas canções raramente foram fruto de vivência pessoal. Ela disse não ter sofrido dores de amor e ter tido um casamento longo e feliz. Sobre os versos de “Dos gardênias”, geralmente associados a uma desilusão amorosa, ela disse que foram inspirados pelo presente que uma aluna de piano lhe deu. Mas os de “Castillo de ensueño” parecem inspirados por sua vida. Escutemos esses dois boleros, em interpretações da brasileira Maria Rita e da cubana Berta Dupuy.

Sylvia Telles foi a primeira grande divulgadora da bossa-nova, mas não é identificada como pertencente ao movimento. Seu repertório era fundamentalmente do samba-canção moderno. Uma pena que um acidente automobilístico a tenha levado tão cedo. Ouvimos, com Sylvia Telles, “Canção da volta”, de Ismael Neto e Antônio Maria e “Foi a noite”, de Tom Jobim e Newton Mendonça.

O mexicano Gonzalo Curiel, falecido em 1956, aos 54 anos, foi um dos grandes autores do bolero. Seu maior êxito é “Vereda Tropical”, um dos boleros mais conhecidos em todo o mundo. Mas, Curiel tem várias canções de qualidade similar. Ouvimos, com Sacha Sokol, de Gonzalo Curiel e Alfonso Esperiú, “Sorpresa”, de, com Elvira Rios, de Gonzalo Curiel, “Llevame”.

Giraldo Piloto e Alberto Vera, ambos nascidos em 1929, em Havana, se conheceram na infância e desenvolveriam grande amizade e uma pareceria que deixaria marca importante no bolero. Eles tinham gostos similares: eram exímios desenhistas, fizeram o mesmo curso técnico, na área de engenharia civil, trabalharam como cartógrafos e adoravam jazz. Hoje escutaremos dois dos mais belos boleros da dupla Giraldo Piloto e Alberto Vera, em gravações deste século: “Añorado encuentro”, na voz da brasileira Marina de La Riva, e “Debi llorar”, com a canarina Marta Bolaños.

A Argentina é o país sul-americano que mais sofreu com a chaga do exílio, seja aquele provocado por razões políticas, econômicas ou por ambas. Esse drama, com seria natural, refletiu-se na canção popular do país.

Ouvimos, com Adriana Varela, “Anclao en Paris”, de Barbieri e Cadícamo, e “Los tambores del retorno”, de Gerardo Jerez, com Sandra Rumolino e a orquestra de Juan Mosalino.

No programa de hoje, escutaremos duas das canções que Borges efetivamente escreveu letras para Piazzolla. Uma milonga e um tango. Inicialmente, Sandra Rumolino interpretará Jacinto Chiclana, um tema que evoca um guapo mítico da história da cidade. Em seguida, Susana Rinaldi interpretará “Alguien le dice al tango”, cujos versos celebram o tango antigo e sua íntima relação com Buenos Aires.

Hoje falaremos sobre “Duas contas”, um samba-canção belíssimo e importante para a MPB. Seu autor é quase desconhecido, para as novas gerações. Trata-se de Aníbal Sardinha, o Garoto. Para Tom Jobim, Garoto foi um dos mais importantes precursores da bossa-nova. 

Exímio violonista, referido pelos especialistas como um músico à frente de seu tempo, Garoto viveu 40 anos.

Ouvimos, de Garoto, “Duas contas”, com o Trio Surdina e com o Conjunto 100 anos de Garoto.

Nascido em 1968, o cantor espanhol Diego Cigala se tornou um astro de prestígio internacional, a partir de seu encontro com o pianista cubano Bebo Valdés, o pai de Chucho. Cigala, filho de músicos, iniciou-se nas artes muito jovem. Ouvimos, com Diego Cigala e o bandoneón de Nestor Marconi, “En esta tarde gris”, de Mariano Mores e José María Contursi, e, em dueto com Andrés Calamaro, “Los Hermanos", de Ataulpha Yupanqui.

O espanhol Carmelo Larrea, nascido em Bilbao em 1902 e falecido em 1980, destacou-se no bolero por dois grandes êxitos: “Dos Cruces” e “Camino verde”. Ouvimos, de Carmelo Larrea, “Dos cruces”, com Milton Nascimento, e “Camino verde”, com María Dolores Pradera.