Porque essa preocupação toda com o “super fungo”? A Candida auris é uma levedura emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública por ser resistente a múltiplos medicamentos antifúngicos, forma biofilmes, o que dificultam o seu controle e favorece o seu desenvolvimento. Causa infecção sistêmica por disseminação sanguínea (Fungemia), podendo ser fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades, como diabetes mellitus. Candida auris permanece viável no ambiente por semanas ou meses, podendo ser resistente a diversos desinfetantes.Candida auris foi documentada pela primeira vez em 1996 na Korea do sul, sendo o primeiro caso associado a doença humana no Japão em 2009. Nesse caso foi isolada do conduto auditivo de um paciente. Posteriormente foi identificada em outras partes do corpo em pacientes em todos os continentes.Em um estudo recente de 2018 na Colômbia em ambiente hospitalar, Candida auris foi encontrado em cabeceira e outras partes da cama, telefone celular de pacientes e em piso, além de equipamentos médicos, maçanetas, dispensadores de álcool gel, pias, comadres e baldes de esfregões. Em humanos, foi encontrada na mão de pacientes e profissionais da saúde, além da região da virilha, o que é comum para outras espécies de Candida, representando um risco contínuo de infecção.A preocupação se dá pela elevada taxa de mortalidade intra-hospitalar que está entre 30-60%. Pelo crescimento mais lento em relação as bactérias a Candida auris apresenta o tempo médio da infecção de 19 dias, mas pode demorar semanas para se manifestar após o início da infecção.Apenas 4 classes de medicamentos estão disponíveis para o tratamento sistêmico de infecções por Candida, incluindo os azólicos, polienos, equinocandinas (e, finalmente, o flucitosina. Algumas cepas de C. auris são resistentes as três primeiras classes de medicamentos. Assim somente a flucitosina possuí aparentemente efeito sobre Candida auris, mas em alguns casos, como reportados na venezulea, cerca de 6% de isolados foram também resistentes a essa droga.Novas drogas estão em fases de teste, mas nenhuma está comercialmente disponível.Em conclusão a Candida auris é uma levedura resistente a praticamente todas as drogas disponíveis para uso atualmente, além de santizantes utilizados em superfícies, como em ambientes hospitalares. Está presente em todo o mundo, sendo responsável por infecções na corrente sanguínea. Sendo disseminada de pessoa a pessoa, por superfícies ou equipamentos médicos contaminados. O monitoramento é muito importante e deve ser feito rigorosamente a identificação por técnicas moleculares para o combate a disseminação.Quer ver o vídeo no YouTube? Basca clicar no link:https://youtu.be/982EgiFNzoQLinks importantes:Página exclusiva do CDC sobre Candida auris - https://www.cdc.gov/fungal/candida-auris/index.htmlAnvisa confirmação de Candida auris - https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/comunicados-de-risco-1/alerta-candida-auris-dezembro-de-2021.pdfReferencias bibliográficas:ANVISA. Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa n 01/2020. Brasil, v. 2020, n. 01, p. 1–4, 2020a. ANVISA. NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES No 02/2020 - Alterações nos Formulários de Notificação de Indicadores Nacionais das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e Resistência Microbiana (RM) para o ano de 2020. Anvisa, n. 20 de JAneiro, p. 1–24, 2020b. BIDAUD, A. L.; CHOWDHARY, A.; DANNAOUI, E. Candida auris: An emerging drug resistant yeast – A mini-review. Journal de Mycologie Medicale, v. 28, n. 3, p. 568–573, 2018. JEFFERY-SMITH, A. et al. Candida auris: A review of the literature. Clinical Microbiology Reviews, v. 31, n. 1, p. 1–2, 2018.