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And here is the monologue for your benefit:
Minha filha está muito mudada, e não sei se acho isso bom ou ruim.
Antes, ela era muito preguiçosa. Morava — e ainda mora — comigo porque estava indo para a faculdade, mas o hábito dela sempre foi o mesmo. Ela se acordava perto de meio-dia e, quando se levantava, ia direto para o computador. A gente se preocupava com ela porque hoje em dia os jovens não têm muita resiliência para segurar o rojão, e minha filha não parecia ser do tipo que ia ser alguém na vida. Nem um macarrão ela sabia fazer!
Mas as coisas ficaram diferentes com a chegada de um novo vizinho. Era o Adriano, um bricoleiro que tinha minha idade e com quem minha filha tinha desenvolvido uma amizade próxima... demais.
E agora ela mudou. Está querendo fazer trabalhos manuais. Um dia desses chegou em casa com uma caixa de ferramentas e outros materiais. Tinha ido a uma loja de construção.
A primeira coisa que ela fez foi dar um jeito no encanamento do banheiro para consertarum vazamento antigo. Fiquei com o pé atrás – nunca a conheci pegando no batente. Mas resolvi dar uma chance.
E não é que ela consertou?
E aí ficou andando pela casa. Dizia que a gente precisava de uma reforma. Embora ela não conseguisse fazer tudo – ainda precisava que o Adriano lhe ensinasse um pouco mais – ia passar um pente-fino na casa para ver o que podia ir adiantando.
No jardim, disse que precisava de umas ferragens, uma pá e uma enxada para capinar. Ia preparar um canteirinho para as flores de que a mãe dela tanto gostava em vida. Ia ficar lindo.
Na garagem, pegou uma furadeira, uma serra, umas tábuas e um monte de prego e martelo – disse que ia construir uma estante para a gente guardar as peças do carro e deixar tudo mais organizado.
Nos quartos, ela planejava pintarcom tinta antimofo, porque ficava muito úmido na época de chuva. Até trouxe umas amostras para que eu escolhesse a cor, e já tinha comprado pincéis e estopa para começar o trabalho.
E andava para cima e para baixo, ora com uma chave de fenda, ora com um alicate, fazendo algum reparo ou dando acabamento em algum serviço que tinha começado.
A amizade dela com o Adriano foi o estopim dessa mudança, mas acho que aí tem coisa. E estou com medo. O Adriano é quase vinte anos mais velho que ela, mas tem sido uma influência tão boa para minha filha. Agora estou entre a cruz e a caldeirinha. Será que ponho fim a essa amizade e trago de volta minha filha preguiçosa ou deixo a coisa rolar e ver até onde vai?
Não sei, mas vou esperar até que ela reforme a varanda para tomar uma decisão.
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Minha filha está muito mudada, e não sei se acho isso bom ou ruim.
Antes, ela era muito preguiçosa. Morava — e ainda mora — comigo porque estava indo para a faculdade, mas o hábito dela sempre foi o mesmo. Ela se acordava perto de meio-dia e, quando se levantava, ia direto para o computador. A gente se preocupava com ela porque hoje em dia os jovens não têm muita resiliência para segurar o rojão, e minha filha não parecia ser do tipo que ia ser alguém na vida. Nem um macarrão ela sabia fazer!
Mas as coisas ficaram diferentes com a chegada de um novo vizinho. Era o Adriano, um bricoleiro que tinha minha idade e com quem minha filha tinha desenvolvido uma amizade próxima... demais.
E agora ela mudou. Está querendo fazer trabalhos manuais. Um dia desses chegou em casa com uma caixa de ferramentas e outros materiais. Tinha ido a uma loja de construção.
A primeira coisa que ela fez foi dar um jeito no encanamento do banheiro para consertarum vazamento antigo. Fiquei com o pé atrás – nunca a conheci pegando no batente. Mas resolvi dar uma chance.
E não é que ela consertou?
E aí ficou andando pela casa. Dizia que a gente precisava de uma reforma. Embora ela não conseguisse fazer tudo – ainda precisava que o Adriano lhe ensinasse um pouco mais – ia passar um pente-fino na casa para ver o que podia ir adiantando.
No jardim, disse que precisava de umas ferragens, uma pá e uma enxada para capinar. Ia preparar um canteirinho para as flores de que a mãe dela tanto gostava em vida. Ia ficar lindo.
Na garagem, pegou uma furadeira, uma serra, umas tábuas e um monte de prego e martelo – disse que ia construir uma estante para a gente guardar as peças do carro e deixar tudo mais organizado.
Nos quartos, ela planejava pintarcom tinta antimofo, porque ficava muito úmido na época de chuva. Até trouxe umas amostras para que eu escolhesse a cor, e já tinha comprado pincéis e estopa para começar o trabalho.
E andava para cima e para baixo, ora com uma chave de fenda, ora com um alicate, fazendo algum reparo ou dando acabamento em algum serviço que tinha começado.
A amizade dela com o Adriano foi o estopim dessa mudança, mas acho que aí tem coisa. E estou com medo. O Adriano é quase vinte anos mais velho que ela, mas tem sido uma influência tão boa para minha filha. Agora estou entre a cruz e a caldeirinha. Será que ponho fim a essa amizade e trago de volta minha filha preguiçosa ou deixo a coisa rolar e ver até onde vai?
Não sei, mas vou esperar até que ela reforme a varanda para tomar uma decisão.
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