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Já perdi as contas de quantas vezes meu pai surtoucomigo essa semana. E tudo por causa de um relacionamento bobo.
Sabe, conheci um coroa na galeria onde trabalho. Ele era um cliente, e o nome era Jânio. Primeiro, o Jânio foi muito galante comigo – tinha um papo inteligente, era formoso e ainda por cima muito enxuto. E, apesar da investida inicial, ele foi super respeitoso. Pedia o meu consentimento para falar comigo e sempre respeitava os meus limites.
Ele foi tão maravilhoso que nem liguei para a nossa diferença de idade – o Jânio era quinze anos mais velho que eu – e aceitei o pedido de namoro que ele fez, ajoelhado, num jantar à luz de velas. Disse que, se eu quisesse, nem precisava mais trabalhar, que ele tinha como me patrocinar, mas recusei – eu não estava querendo dar o golpe do baú nem nada e não precisava disso. E de todo modo ele não queria que eu parasse, só ofereceu porque, se eu quisesse, podia me dedicar à minha arte.
Quando meu pai ficou sabendo, foi o furo do século – a Anita está namorando um ancião que tinha idade para ser o pai dela! Contou para minha mãe, que só disse “panela velha é que faz comida boa”. Meu pai ficou roxo que nem uma berinjela. “E a regra dos sete?” ele gritou. E lá vinha ele de novo com essa história. Eu era só quinze anos mais nova, não era como se ele tivesse o dobro da minha idade. Além disso, eu tinha maturidade suficiente para saber o que eu queria.
Mas para meu pai era um tabu.
“Você é desmiolada,” ele disse comigo. “Não tem um pingo de juízo. Onde já se viu? A sociedade vai condenar vocês. Milagre é não chamarem o CEDECApara ele, esse papa-anjo.”
“O senhor é que é um pudico!” Não aguentei e gritei com ele.
“Bom,” interveio minha mãe. “Aqui não podemos ter dois pesos, duas medidas. Não é como se ele estivesse tentando engabelar nossa filha – ele foi franco com ela sobre suas intenções. Ela encontrou nele um ombro amigo e ele, nela. Não é a gente que vai atravancar a relação de nossa filha, Cléber. Até porque eu mesma sou mais nova que você doze anos.”
“É, mas com a gente é diferente, né?” meu pai disse.
“É diferente como?” minha mãe contestou. E eu ecoei: “É, é diferente como?” Acuado, meu pai ficou caladinho, e a briga acabou ali.
By Eliaquim Sousa5
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Ele foi tão maravilhoso que nem liguei para a nossa diferença de idade – o Jânio era quinze anos mais velho que eu – e aceitei o pedido de namoro que ele fez, ajoelhado, num jantar à luz de velas. Disse que, se eu quisesse, nem precisava mais trabalhar, que ele tinha como me patrocinar, mas recusei – eu não estava querendo dar o golpe do baú nem nada e não precisava disso. E de todo modo ele não queria que eu parasse, só ofereceu porque, se eu quisesse, podia me dedicar à minha arte.
Quando meu pai ficou sabendo, foi o furo do século – a Anita está namorando um ancião que tinha idade para ser o pai dela! Contou para minha mãe, que só disse “panela velha é que faz comida boa”. Meu pai ficou roxo que nem uma berinjela. “E a regra dos sete?” ele gritou. E lá vinha ele de novo com essa história. Eu era só quinze anos mais nova, não era como se ele tivesse o dobro da minha idade. Além disso, eu tinha maturidade suficiente para saber o que eu queria.
Mas para meu pai era um tabu.
“Você é desmiolada,” ele disse comigo. “Não tem um pingo de juízo. Onde já se viu? A sociedade vai condenar vocês. Milagre é não chamarem o CEDECApara ele, esse papa-anjo.”
“O senhor é que é um pudico!” Não aguentei e gritei com ele.
“Bom,” interveio minha mãe. “Aqui não podemos ter dois pesos, duas medidas. Não é como se ele estivesse tentando engabelar nossa filha – ele foi franco com ela sobre suas intenções. Ela encontrou nele um ombro amigo e ele, nela. Não é a gente que vai atravancar a relação de nossa filha, Cléber. Até porque eu mesma sou mais nova que você doze anos.”
“É, mas com a gente é diferente, né?” meu pai disse.
“É diferente como?” minha mãe contestou. E eu ecoei: “É, é diferente como?” Acuado, meu pai ficou caladinho, e a briga acabou ali.

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