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E aqui está o monólogo para seu proveito!
Nunca fui muito abelhudo. Se tem boato, prefiro ficar de fora, porque as consequências sempre podem respingar em mim. Mas teve um dia no supermercado que não teve jeito.
Não teve jeito porque eu estava na fila quando uma senhora tentou furar a fila. O pessoal não ia deixá-la se safar assim. Começaram a reclamar e, depois de um ou dois gritos, conseguiram colocar a senhora no lugar dela. Mas ela não foi sem protesto.
O problema é que ela foi ficar logo atrás de mim. Já não gosto de gente assim, indelicada, porque me indisponho fácil e não sei lidar bem com minha raiva. Mas, por sorte, ela não tentou passar na minha frente. Ficou procurando assunto comigo, mas dei um chega para lá suave. Não gosto de lidar com quem não tem um pingo de consideração pelos outros.
“Ninguém mais respeita uma idosa,” ela disse. “Depois, quando estiverem com minha idade, vão ver só. Bando de infeliz.”
“Para com esse nhenhenhém aí,” quis dizer, mas achei que ia ser fora de propósito. Além do que, não era o momento mais propício para esse tipo de rompante.
Dali a pouco o telefone tocou. Era o celular da senhora. Ela atendeu numa ligeireza, parecia querer desabafar com alguém. Alô, ela disse bem alto. E daí começou a falar com a pessoa do outro lado da linha.
Quem quer que estivesse do outro lado da linha, ou era surdo ou era duro de ouvido. Nunca vi pessoa mais gritalhona do que aquela senhora falando ao telefone. Se fosse só isso já era problema suficiente, mas a senhora achou interessante esmiuçar a vida íntima de uma tal de Marluce ali mesmo. Ela falava para todo mundo ouvir. As pessoas começaram a olhar e apontar. Eu não precisava olhar, não seria insensato a esse ponto. Mas aparentemente a tal da Marluce estava traindo o marido. A senhora ao telefone fazia o maior estardalhaço. Todo mundo achava o comportamento tacanho. Eu também. Mas não era isso que ia me impedir de desfrutar da história.
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Nunca fui muito abelhudo. Se tem boato, prefiro ficar de fora, porque as consequências sempre podem respingar em mim. Mas teve um dia no supermercado que não teve jeito.
Não teve jeito porque eu estava na fila quando uma senhora tentou furar a fila. O pessoal não ia deixá-la se safar assim. Começaram a reclamar e, depois de um ou dois gritos, conseguiram colocar a senhora no lugar dela. Mas ela não foi sem protesto.
O problema é que ela foi ficar logo atrás de mim. Já não gosto de gente assim, indelicada, porque me indisponho fácil e não sei lidar bem com minha raiva. Mas, por sorte, ela não tentou passar na minha frente. Ficou procurando assunto comigo, mas dei um chega para lá suave. Não gosto de lidar com quem não tem um pingo de consideração pelos outros.
“Ninguém mais respeita uma idosa,” ela disse. “Depois, quando estiverem com minha idade, vão ver só. Bando de infeliz.”
“Para com esse nhenhenhém aí,” quis dizer, mas achei que ia ser fora de propósito. Além do que, não era o momento mais propício para esse tipo de rompante.
Dali a pouco o telefone tocou. Era o celular da senhora. Ela atendeu numa ligeireza, parecia querer desabafar com alguém. Alô, ela disse bem alto. E daí começou a falar com a pessoa do outro lado da linha.
Quem quer que estivesse do outro lado da linha, ou era surdo ou era duro de ouvido. Nunca vi pessoa mais gritalhona do que aquela senhora falando ao telefone. Se fosse só isso já era problema suficiente, mas a senhora achou interessante esmiuçar a vida íntima de uma tal de Marluce ali mesmo. Ela falava para todo mundo ouvir. As pessoas começaram a olhar e apontar. Eu não precisava olhar, não seria insensato a esse ponto. Mas aparentemente a tal da Marluce estava traindo o marido. A senhora ao telefone fazia o maior estardalhaço. Todo mundo achava o comportamento tacanho. Eu também. Mas não era isso que ia me impedir de desfrutar da história.
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