Segurança Legal

Episódio #364 – Enchentes no RS


Listen Later

Neste episódio falamos sobre a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, onde você irá entender alguns aspectos do  desastre, o impacto da desinformação e o debate sobre a resposta do Estado na crise.​ Guilherme Goulart e Vinícius comentam a fundo sobre a catástrofe climática no Sul. Analisando a resposta à maior enchente no RS, eles debatem o papel do poder público e a onda de solidariedade e ajuda humanitária. O episódio aborda a complexidade da prevenção de desastres e da reconstrução, criticando a gestão de risco e a disseminação de fake news e desinformação que atrapalham a Defesa Civil. Uma reflexão sobre políticas públicas essenciais para lidar com um desastre ambiental dessa magnitude e o que a crise climática nos reserva.​

Para mais análises sobre tecnologia e sociedade, siga, assine e avalie o Segurança Legal no seu aplicativo de podcast preferido. Sua avaliação nos ajuda a alcançar mais pessoas.


Ajude as vítimas de enchentes no RS (Sugestões de doações via PIX, Sugestões de outras instituições recebendo donativos)

 Visite nossa campanha de financiamento coletivo e nos apoie! (os apoios dos ouvintes estão sendo direcionados para as vítimas das enchentes)

 Participe da Comunidade:

  •  Preencha a pesquisa “A voz do ouvinte do Segurança Legal”
  •  Conheça o Blog da BrownPipe Consultoria
  • 📝 Transcrição do Episódio

    (00:01) Sejam todos muito bem-vindos. Estamos de volta com o Segurança Legal, o seu podcast de segurança da informação e direito da tecnologia, dessa vez em uma edição bem diferente, diante do que estamos enfrentando aqui no Rio Grande do Sul. E aí, Vinícius, como é que está? E aí, cara, na medida do possível, bastante bem, mas não posso reclamar nem um pouquinho da minha situação, principalmente agora. Tu segues aí em Porto Alegre? Eu estava em Porto Alegre, cheguei na sexta-feira, no dia que a coisa estourou. Fiquei mais uns dias e consegui retornar aqui depois de uma viagem bastante longa. Mas eu não…

    (00:38) posso. A minha situação é bastante boa, a tua também, um pouco mais limitado do que eu aí, mas ainda assim muito boa, comparado com o que atingiu a população toda em boa parte do estado, na parte central do estado. Porto Alegre… O Vinícius está agora bem no interior, perto da Fronteira Noroeste, que é a cidade de Três de Maio, que não foi atingida com grande intensidade como foi Porto Alegre e a região metropolitana. Vocês certamente já estão bem, já sabem tudo aí, porque…

    (01:15) ou bastante coisa, melhor dizendo, do que está acontecendo, até porque a cobertura da imprensa está sendo bem intensa. A nossa ideia aqui era falar um pouquinho sobre algumas das coisas que a gente viu, falar um pouco também sobre alguns problemas um pouco mais ligados à nossa área, que envolvem a questão das fake news, e também pedir para que, se você ainda não fez, que você doe. A gente tem uma boa audiência aqui no Segurança Legal, então a gente pede que, se você ainda não doou…

    (01:52) a gente vai estar montando ali uma lista, já montou uma lista, encaminhamos inclusive no mailing, nas redes sociais. É uma lista que a gente está atualizando ainda, mas tem algumas instituições que a gente entende que, segundo a gente viu, são aptas para receber valores. Então doe. Se cada um que estiver nos ouvindo fizer uma doação, pode ser bem pequena. A gente viu aí pessoas dizendo: “Ah, recebi um Pix de R$5 aqui”, uma instituição dizendo: “Se puder doar um, doe um, porque isso vai fazer diferença nesse momento”. A ajuda das pessoas está…

    (02:32) fazendo bastante diferença, e a gente vai falar um pouco sobre isso depois também, Vinícius. Sim, e um chamado, Guilherme. Por óbvio, a gente não fez os anúncios que faz normalmente quando iniciamos o podcast. Mas, por gentileza, doe direto para esses órgãos que nós vamos indicar aí. O que nós já indicamos são todos órgãos, não tem nenhuma empresa, é tudo a Prefeitura de Porto Alegre, a Prefeitura de Canoas, de Eldorado, acho que também. E assim, não passe, не faça Pix para o…

    (03:03) Segurança Legal para que a gente faça a doação. Da nossa parte, o Guilherme já inclusive divulgou isso, a gente obviamente está pegando o que está entrando no Segurança Legal de apoio de vocês, que são os nossos ouvintes que nos apoiam. Isso está indo direto para o auxílio. Mas não apoiem o Segurança Legal, não passem dinheiro para nós para repassarmos para as entidades que precisam. A gente не quer atuar, a gente não pode atuar como atravessador nesse sentido. Vocês podem…

    (03:36) ir direto às entidades que precisam. Então “Ah, mas então eu vou suspender o apoio ao Segurança Legal e passar direto”. Faça isso, não tem problema. E aqueles que já nos apoiaram e que continuam nos apoiando, fiquem sabendo também que o apoio de vocês está sendo direcionado integralmente para o auxílio, para o socorro das vítimas dessa catástrofe aqui no Rio Grande do Sul. Então, está dado o recado para ficar bem claro: a gente não está fazendo arrecadação para as vítimas. O Segurança Legal não está fazendo arrecadação para as vítimas, que fique muito claro. Esse é um dos…

    (04:14) pontos. Já dá para entrar em algumas questões. A gente está diante de uma situação que ela é absolutamente anômala, absolutamente excepcional. E quando eu falo excepcional, é uma palavra que você usa ou deveria usar em situações excepcionais, mas essa excepcionalidade parece que é realmente excepcional. Nós não vimos nada parecido. Tivemos uma enchente aqui em 1941, veja, em 1941. E aquela questão da própria forma como as pessoas lidam com o risco. A gente está acostumado a falar sobre risco aqui no Segurança Legal, risco relacionado à…

    (04:52) tecnologia da informação e às questões de risco na segurança. As pessoas gerem mal o risco, de maneira geral. Então fica com aquela ideia: “Não, mas isso nunca mais vai acontecer”. E aconteceu uma situação anormal, desviante, e a gente acredita que isso deve ser levado em consideração também quando nós formos interpretar e lidar com o que está acontecendo, pela excepcionalidade, pelo fato de as próprias pessoas estarem com o seu psicológico, toda a população gaúcha está com o seu…

    (05:28) psicológico e com os ânimos muito alterados, e isso é normal, é esperado. Eu estou falando aqui, claro que o pior foi ali em Canoas, Eldorado, Roca Sales, Guaíba, ali na serra também, Lajeado, foi bem complicado. Eldorado, a cidade ficou todinha, se você olhar uma foto de satélite, a cidade inteira ficou alagada, inteira. Não sobrou nada, a cidade inteira foi alagada. Mas eu ia comentar que mesmo Porto Alegre, que tu estás numa região alta aí de Porto Alegre, mais alta, mas mesmo Porto Alegre foi bastante atingida.

    (06:12) Foi bastante atingida. Eu mesmo escapei duas vezes. Escapei uma vez ali do aeroporto, meu carro inclusive estava na garagem, eu cheguei no dia que o aeroporto foi fechado. O meu carro estava na garagem no nível térreo, e depois aquilo foi alagado. E do aeroporto eu fui para um hotel que estava mais perto do Guaíba ainda, que também foi alagado depois. Mas Porto Alegre teve várias, uma região bastante grande ali, residencial inclusive, que é o Quarto Distrito, que foi o mais afetado. Teve ali um pedaço do bairro Menino Deus também.

    (06:50) E aí Cidade Baixa depois, aquela questão de desligarem as bombas lá. Mas, sem dúvida nenhuma, as outras cidades… É que nem a gente falava antes, Guilherme, não dá para comparar desastre. Desastres не se comparam. O que aconteceu lá na na serra fluminense há uns anos, mais de uma vez, foi um desastre também. Então, assim, desastre não se compara. O que me preocupa mais nessa situação toda é que as previsões são de que isso vai se…

    (07:27) tornar cada vez mais comum, esse tipo de evento. Não sei se nessa escala, mas enfim. Tu queres seguir na tua linha ali, que depois a gente comenta um pouquinho sobre isso? Sim, tá. Vai me interrompendo para a gente seguir alguns dos pontos que a gente colocou aqui. Até porque hoje a gente não vai se delongar muito. Pessoal, é delicado falar nesse momento, porque nós temos uma visão bastante limitada da situação toda. A experiência que eu tive e que estou tendo com essa situação de enchente, eu ainda tenho parentes em Rio Grande, por exemplo, que é…

    (08:04) uma cidade que pode vir a ser alagada, a depender das situações. Mas a minha relação com esse processo todo é diferente da relação do Guilherme, que é um pouquinho mais crítica porque ele estava lá. Acho que ainda está sem água, ou já retornou? Estou sem água, e vai talvez… Sem água desde domingo. A gente está gravando na sexta-feira, dia 10. Desde o dia 5, 4 ou 5. Desde o dia 5 sem água. Então, quando eu fui…

    (08:41) comprar água, eu estava com a minha família em Porto Alegre, com as crianças lá. A gente foi comprar água, comprar coisas no mercado, porque a gente não tinha como se socar todo mundo no apartamento do Guilherme, que ele já está com pessoas lá que tiveram a casa alagada. Foi uma situação bem complicada, e comprar água com as crianças junto, as crianças ficaram muito nervosas. Mas, de novo, a minha experiência não chega perto do que o pessoal está sofrendo, porque eu não perdi casa, eu não perdi carro, eu não estou com meus filhos…

    (09:17) separados de mim, não está cada um num abrigo ou alguma coisa desse gênero. A experiência de perder as coisas… E as pessoas, né, Guilherme, tem as pessoas. Claro, claro. Mas enfim, e a tua experiência aí está sendo ruim também, pior ainda na real do que a minha. Só que, ainda assim, nós dois somos bem privilegiados com relação aos impactos desse negócio todo, nesse impacto direto de ver a casa alagada, lama por tudo. Como a gente já está vendo, a água começando a baixar em alguns lugares, o pessoal…

    (09:54) começa a voltar para casa, fazer vídeo e mostrar. Cara, dois, três centímetros de lama. Não é água, é lama, empurrando com rodo aquele lodo. Eu tive sorte, porque eu morava num lugar que hoje está embaixo d’água, foi alagado. A gente está com uma amiga nossa que comprou o apartamento anterior que a gente morava, e esse apartamento, que fica lá no Quarto Distrito, está embaixo d’água. A tua mãe também está fora de casa, que é do Quarto Distrito, está fora de casa. Sexta-feira a gente conseguiu tirar ela de lá antes…

    (10:27) prevendo e já ouvindo o que ia acontecer. Mas ninguém imaginava. Ela mesma não queria sair. A pessoa fica reticente: “Ah, não vai acontecer, não, não vai acontecer”. Aí quando ela se vê ilhada, sem comida, sem água, sem energia, porque tem que desligar a energia onde alaga, é muito punk. Bom, eu estava comentando antes que essas situações de desastre, elas fazem emergir tanto tendências muito boas quanto muito ruins da sociedade. O desastre acontece dentro de uma sociedade e, a depender do nível de…

    (11:04) desastre, o próprio tecido social vai ficando desgastado e às vezes rompe, como a gente tem visto acontecer em alguns locais aqui. Diante da complexidade, esse eu acho que é um ponto que eu gostaria de destacar. É uma situação muito complexa, e a gente tem visto muita gente tentando apontar erros e questões como se fosse a coisa mais simples do mundo. Não é. É uma situação super excepcional. A gente pegou alguns livros aqui, alguns deles até quero ler com mais profundidade, sobre essa sociologia dos…

    (11:38) desastres, ou seja, sobre como a sociedade reage nesses casos. Sim, vai ter crime. Sim, o ladrão vai continuar cometendo crimes. Sim, pessoas ruins vão continuar fazendo o que elas fazem; algumas não, outras sim. As pessoas cometem crimes por razões muito diferentes. Pessoas boas vão continuar sendo boas; outras não. É complexo, não é algo que você consegue prever o que vai acontecer. Alguns dos problemas que nós estamos enfrentando, muito críticos agora, mais ligados à nossa área, é a questão das fake news. A gente entrou numa profusão de…

    (12:13) notícias falsas nos últimos dias. No começo não estava assim. Eu tive que voltar para o Twitter para me atualizar naquele momento inicial, devido até a uma falha do poder público e da Defesa Civil de se comunicar. Eu acho que isso é um problema que ainda está acontecendo com os poderes de maneira geral aqui, tanto o estado quanto o município. Nós não temos um meio de comunicação efetivo, o que é uma ironia diante da era da comunicação. Nós temos um problema de comunicação.

    (12:45) Eu diria que essas questões de fake news têm duas origens aí. Primeiro, a ignorância, generalizações, pessoas que às vezes propagam coisas sem saber que é uma fake news mesmo. São pessoas que acho que não estão mal-intencionadas. Muitas vezes a gente está diante de uma situação, de um momento que é propício para o chamado pânico moral. Então, certas tendências, certas coisas e até certas místicas vão aparecer, e as pessoas vão divulgar como se fosse verdade. Isso às vezes causa certos pânicos. E aí quando o poder público, o estado, vai lá: “Não, isso não aconteceu, era uma mentira”.

    (13:22) Então você tem esse elemento aqui. Mas você tem uma frente conscientemente, grupos organizados de maneira consciente para descredibilizar o Estado. E nós estamos vendo muitas pessoas, influenciadores muito famosos aí, dizendo que o poder público não está fazendo nada. Ora, isso é algo que não se sustenta na própria realidade. Seria impossível que o poder público, por pior que fosse ou por pior que seja, não…

    (13:59) estivesse fazendo nada. Nós temos polícias federal, estadual, forças municipais, bombeiros, funcionários inclusive de outros estados que vieram para cá. Eu mesmo, na segunda-feira em que consegui sair pela RS-040 e peguei a 101 em direção a Santa Catarina — e sim, eu peguei um pedacinho de Santa Catarina para conseguir voltar para o Rio Grande do Sul —, passei por um comboio de uns oito, nove carros da polícia militar de Santa Catarina, sendo que nesse comboio tinha pelo menos uns cinco ou seis barcos…

    (14:37) de alumínio com motor, aqueles que o pessoal e a polícia utilizam. E eles estavam sendo trazidos, o pessoal estava a milhão, vindo para Porto Alegre, para a região de Porto Alegre. O próprio Exército… hoje eu estava ouvindo no rádio, e esse é o ponto, quem está aqui está vendo. Então as pessoas que estão aqui e dizem que o Estado не está fazendo nada, bom, elas estão conscientemente e voluntariamente se posicionando de uma maneira que não está de acordo com a realidade. Agora, isto não afasta o…

    (15:20) direito que todas as pessoas têm de criticar o Estado. E o Estado, ou as forças estatais aqui, merecem muitas críticas, sem dúvida. Mas não podemos dizer que elas não estão fazendo nada, porque o que acaba acontecendo é que essas mesmas pessoas estão começando a dizer que o Estado não está fazendo nada e somente os particulares estão fazendo tudo. E, portanto, não precisamos do Estado. No fundo, ideologicamente, é o que está por trás. Repito, o Estado não é à prova de críticas. Essas responsabilidades vão ter que ser apuradas, sim. No momento oportuno.

    (16:01) Não é momento de falar. Veja, neste momento, até hoje diminuiu, estava vendo na rádio também, mas até ontem e hoje, pessoas tanto particulares quanto forças do Estado estavam tirando pessoas que ainda estavam em cima de telhados por conta da chuva da semana passada, de sexta a sábado. Entende? Então, você tem que hierarquizar as coisas que precisa resolver. Acerca das críticas, Prefeitura Municipal e Estado negligenciaram, sim, questões de Defesa Civil e manutenção das casas de…

    (16:37) bombas e tudo mais, mas isso não significa que não estejam atuando agora. Com falhas, mas estão atuando. Eu te diria que acho que em todas as esferas, a gente tem um problema de responsabilidade a ser apurada em todas as esferas: municipal, estadual e federal. Principalmente, me chamou muita atenção, e eu vi mais de uma vez o pessoal do INPE falando sobre as previsões que já vinham sendo feitas. O pessoal do INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e eles têm a informação. Inclusive, tem…

    (17:25) um mapa. Tu tens o link daquele mapa lá? Eu não tenho, ia te falar do link. Ah, tá, só um pouquinho que eu já abro aí. É justamente um mapa que aponta por município, é o Adapta Brasil. Acabei de achar aqui, vou compartilhar com vocês e já vou passar o link de novo para o Guilherme para ele botar lá na pauta. Enquanto eu vou colocando aqui, que é este cara aqui, ó. Esse site aqui… Por que não está aparecendo? Ah, eu já sei por quê. Mas segue, depois a gente coloca no…

    (18:00) show notes ou depois você mostra aí, mas vai falando a tua mensagem. Tá, aqui no Adapta Brasil já havia informação, e não estou falando de informação deste ano ou do ano passado, já de alguns anos, com relação aos riscos relacionados a enchentes, relacionados ao aumento das chuvas. Então, informação que previa, talvez não desse tamanho… O pessoal todo fala: “Olha, dava para prever que alguma coisa ia acontecer, mas não se imaginava algo desse tamanho, as proporções que isso tomou”.

    (18:44) Eu acho que a gente vai ter que pensar muito bem com relação às responsabilidades do poder público nas três esferas, que ignoraram essas informações geradas, por exemplo, pelo INPE. Ignoraram isso, tipo, fizeram o que com essa informação? Ela está lá no site, vocês vão ver depois. O Adapta Brasil, eu acho que não é do INPE… Não, não é do INPE, mas o cara é do INPE, o cara do INPE que sugeriu. Entendi. Deixa eu ver, aqui, ó, agora vai rolar. Eles são do Ministério da Ciência e Tecnologia. Isso aí, o Adapta Brasil. Aí, tá, eu vou ter que…

    (19:27) ajustar um negocinho. Ah, tá, aqui o site. Eu não vou conseguir mostrar o mapa aqui, mas eu vou ajeitar para ficar pronto. E conseguiu. Ah, tá, foi. Adapta Brasil, esse aqui é o site, e ele mapeia por município os riscos, riscos relacionados aos seguintes setores estratégicos: recursos hídricos, segurança alimentar, segurança energética, saúde, infraestrutura portuária, desastres geohidrológicos, infraestrutura ferroviária e rodoviária. Então isso aqui é por município do país inteiro. Isso é só um exemplo de que…

    (20:11) informação se tinha. E o risco para Porto Alegre, de acordo com esse estudo, eu vou acessar aqui, ele é alto. O risco hidrológico, acho que é hidrológico, relacionado a inundações, ele é alto para Porto Alegre. O próximo seria “muito alto”, mas ele é alto para Porto Alegre. Então, tem um risco alto para Porto Alegre. Quem conhece a região metropolitana, ali a gente tem…

    (20:47) área aterrada. Tem área aterrada na beira do Guaíba que está no nível do Guaíba. Tem o tal do muro de contenção da Mauá, que quem não é de Porto Alegre com certeza ouviu falar em algum momento. Esse muro de contenção não cerca a cidade toda, ele vai mais ou menos até o Gasômetro, que é uma antiga usina que tinha ali de energia. E a água deu a volta no muro. Ela não conseguiu passar o muro por cima, mas ela deu a volta no muro, estourou uma comporta lá do outro lado…

    (21:19) na Zona Norte, e as bombas pararam de funcionar. As bombas pararam de funcionar por falta de manutenção. Exato. E a água começou a voltar pelas bombas. Um monte de infraestrutura da cidade e do estado nessas zonas de aterro, grudadas no Guaíba, e numa cidade que tem um risco hidrológico de inundação alto, já mapeado. Então, eu acho que tem muito para a gente pensar depois. Agora, feito o resgate, a primeira coisa é o resgate, para as pessoas não morrerem ou pararem de morrer. Só que tem todo um…

    (22:03) problema na sequência. Rocca Sales se foi. Se alguém já viu a imagem de Rocca Sales, uma escola que tinha lá, que tinha tido uma parte recém-inaugurada uma ou duas semanas atrás, cara, foi tudo, foi parede, foi tudo. Então fica bem delicado. Tem muito trabalho para ser feito na reconstrução. E casa para essas pessoas, os bens delas. E tem cidade que vai ter que ser realocada. Ou tu vais levantar tudo lá de novo e…

    (22:41) esperar que dê uma nova enchente? Ou tu vais cercar a cidade? Vamos fazer… não sei, cara, não sei o que tem que fazer. E esses riscos, esse tipo de risco que a gente está lidando aqui, que são riscos catastróficos, eles têm características diferentes. Eles são, por exemplo, caríssimos. O controle desse tipo de risco é muito caro. E é por isso que aquelas pessoas que vêm e dizem: “Ah, não, o Estado не faz nada, somente as pessoas, o privado é que vai…”. Não, o privado não tem esta função. A função de controle desse tipo de risco, e veja, eu me refiro inclusive não só a medidas…

    (23:25) reativas, mas a medidas preventivas. O Vinícius está mostrando, enquanto eu falo aí no YouTube, para quem está no YouTube pode ficar vendo. E vai mostrando também aí, Vinícius, quem fica vendo ainda consegue ver o mapa para ver o nível de risco. Isso é resolvido pela via das políticas públicas. Esse tipo de risco é controlado, prevenido, você lida com isso pela via do Estado, com as suas políticas públicas. Claro, e aí a gente precisa ressaltar que, se não fosse as pessoas ajudando, muitas vidas ainda teriam sido perdidas. Não significa que nós não devamos contar e instigar, que é o que nós estamos…

    (24:03) fazendo e nós estamos envolvidos nisso, instigar a população a ajudar, a doar, a cuidar das outras pessoas que estão passando por dificuldades nesse momento. Mas… Acabei de ser desmentido pelo mapa aqui, eu acho que eu passei o mapa de Viamão. Porto Alegre é risco baixo de inundação, olha só. E Viamão é alto. Canoas é alto. Cachoeirinha é alto. Cara, mas eu vi esse mapa contigo, não pode ter sofrido alteração. Deixa eu só ver se eu peguei certo. E todos os impactos, vulnerabilidade… Deixa eu só ver se eu peguei o mapa certo aqui.

    (24:44) Eu dizia, não é possível que o Estado, e aqui eu falo do Estado moderno, não somente do Estado brasileiro, eu estou falando da instituição Estado, transfira para o cidadão a responsabilidade de lidar com desastres. O cidadão não vai ter condições e não é sua função lidar com isso, é a função do Estado. Então, eu acho que no cerne dessas fake news de que o Estado não está fazendo nada, a gente tem algo muito mais sério e muito mais complexo. Até porque essas pessoas que estão salvando outras, elas também estão…

    (25:24) se colocando em risco. Eu não vou dizer quem é, mas já passou aqui pelo podcast, ele não me autorizou a dizer, mas ele estava salvando pessoas e pisou num prego, por exemplo. Veja, para que você salve pessoas, você precisa de treinamento, para que você não precise ser salvo depois. A situação é tão complexa que você também vai precisar de pessoas especializadas para fazer uma série de coisas que, de repente, o privado e o cidadão não vão ter condição de fazer. A própria questão da…

    (25:59) eficiência. Os economistas gostam tanto de falar da questão da eficiência. A questão de como a gente ajuda. Às vezes, doar dinheiro pode ser melhor do que você levar coisas em natura para os locais. A gente entrou em contato com um dos grupos ali, que é o Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul, e nós entramos em contato com a grande maioria, não todos, Vinícius, mas com a grande maioria dessa lista que a gente está montando, além dos entes estatais que estamos recomendando. Perguntamos: “O que…

    (26:30) é melhor, dinheiro ou comida?”. Na questão do Banco de Alimentos, eles responderam: “Olha, é dinheiro”. Primeiro, porque a gente tem uma questão logística. Se todo mundo for nos supermercados comprar coisas e ficar levando, vejam, eu não estou dizendo para não fazerem isso. Hoje de manhã, Vinícius, nós, pela via da nossa empresa, fizemos isso, dedicamos lá. Mas veja, seria melhor, e o que o pessoal do Banco de Alimentos falou, eles conseguem, por exemplo, preços melhores. Então é mais eficiente você doar para o Banco de…

    (27:08) Alimentos para que eles consigam, com preços melhores, comprar mais coisas e, inclusive, levar essas coisas de maneira mais eficiente. As estradas estão com problemas, o trânsito aqui na cidade está meio problemático. Então a gente tem que olhar também. A gente sabe que tem pessoas que querem ajudar, que querem se envolver fisicamente com isso, isso não é nenhum problema. Mas o ponto é que a questão é tão complexa que nós estamos falando de funções estatais aqui. Então, tem esse aspecto aqui. Diga. É, até com aquela história, não dá para…

    (27:44) simplesmente querer substituir o Estado por Pix. Não dá. A própria questão do Pix, a gente vai ter uma questão até tributária aí, fiscal. De repente, as pessoas estão lidando com milhares de reais nas suas contas pessoais, isso vai acender alertas para a Receita Federal, por exemplo. O Estado… e aí tem algumas questões: “Ah, mas o sujeito multou” ou “não sei quem está…”. Veja, o Estado não é um mecanismo que você aperta um botão e seus controles param de funcionar. A burocracia estatal é difícil de lidar. Eu não estou querendo passar pano para nenhum erro…

    (28:23) mas o que eu estou querendo dizer, ao mesmo tempo, é que é complexo lidar com isso. Mas seria muito mais fácil se estivéssemos preparados. Se a gente tivesse um plano de desastre, o que se faz quando acontecer o próximo. Porque esse que aconteceu, a gente está lidando e vai lidar com as consequências disso por bastante tempo. E o próximo? Qual é o plano para o próximo? Sim, porque não vão ser os privados que vão arrumar as casas de bomba ou que vão fazer um plano de contenção e de prevenção de desastres…

    (28:56) para os seus municípios. É o Estado que precisa fazer isso. E aí, mesmo o investimento que vai ter que ser feito para isso é absurdo. Nem se sabe o valor que vai ter que ser empregado nisso. Mas assim, eu acho que o que eu quis falar quando citei a questão do Pix, nem só essa questão tributária que tu comentaste, mas não dá para substituir política pública por Pix. Claro que nós, pessoas físicas, podemos auxiliar tanto quanto estiver ao nosso alcance. A gente sempre deve…

    (29:36) auxiliar o próximo, para colocar numa expressão que todo mundo pelo menos já ouviu falar. Então, sim, a gente tem que se dispor a auxiliar as pessoas, isso faz parte de uma vida saudável, numa visão mais ampla. Só que a gente precisa entender que é muito importante cuidar do Estado. E cuidar do Estado é… a gente precisa de pessoas bem formadas assumindo cargos, a gente precisa de técnicos, de pessoas técnicas. Mas assim, não é…

    (30:17) técnico que, no fundo, tem viés político. É técnico mesmo, o cara que olha e diz: “A gente não pode continuar fazendo isso aqui em barranca de rio porque nós vamos ter esse tipo de problema”. Pronto, não vamos mais fazer. Mas isso seria um mundo perfeito, Guilherme, que a gente vai ter que lidar com política, com tudo. Então, a gente tem que cuidar. Eu até comentei com o Guilherme quando eu estava em Porto Alegre e estava bem preocupado com a situação lá.

    (30:46) Quando eu estava lá dentro com as crianças, principalmente, a gente… acho que quando entram filhos na história… Tentar sair, né? A gente naquela coisa de “vamos sair ou não vamos sair?”. Detalhe: já estávamos no momento em que o aeroporto estava fechado. E as estradas, quase todas elas… Só tinha uma saída de Porto Alegre, a 040. E é ainda a única. Acho que sim. Bom, mas aí o que me fez pensar é que a gente tem que cuidar muito de quem a gente escolhe quando vai votar.

    (31:26) Quando vai para uma eleição, tem que analisar. Eu vou tomar muito mais cuidado, porque a gente tem que prestar muita atenção. A pior coisa que pode ter, e eu não estou falando especificamente deste momento, mas de momentos de crise de maneira geral, menos graves do que este talvez, mas o que você está dizendo se aplicaria, em momentos de crise menos graves, é que a gente precisa ter gente competente para cuidar da sociedade. A pior coisa que pode ter… eu estava vendo, achei um pouco exagerado, mas eu vi um…

    (32:05) sociólogo comentando, e talvez o exagero seja importante para a gente se dar conta do que pode acontecer. Ele estava colocando que a gente estava à beira de um caos social. E eu acho que nem tanto. Sim, o desespero das pessoas é um negócio absurdo, é alarmante. A gente teve tiroteio ali em Canoas, pessoal roubando os barcos que estavam fazendo salvamentos, uma coisa fora do comum. E, ao mesmo tempo, eu comparo esses ladrões de barco, que estavam roubando não só os barcos, mas chegou um…

    (32:40) momento em que estavam roubando não as casas, mas as pessoas resgatadas dentro do barco, fazendo a limpa. E eu comparo esse pessoal que espalha fake news, falando barbaridades aí que atrapalham o trabalho de quem está realmente ajudando. Esses caras são ladrões de barco, só que é um barco um pouco diferente, mas são ladrões de barco. Eles estão se aproveitando de uma situação e, pior do que só se beneficiarem, eles poderiam simplesmente ajudar e dizer: “Estou ajudando”, sair fazendo propaganda.

    (33:15) Eles não estão fazendo isso, eles estão atuando contra, estão atrapalhando. E, no final das contas, tem outras pessoas que ajudam, mas que usam a ajuda para passar uma mensagem contrária ou prejudicial. Pode ser assim também. Então, quando tu fazes uma coisa dessas que prejudica esses trabalhos de salvamento, prejudica os trabalhos de suporte a essas pessoas que estão sofrendo essa calamidade toda, você, em última análise, está provocando mortes. Você é responsável por isso.

    (33:52) Eu sei que a gente precisa encerrar. Eu só gostaria de deixar alguns temas aqui que a gente vai voltar a falar. Veja, nós poderíamos ter falado hoje sobre o viés dos planos gerais de continuidade de negócios, que é um tema que ainda vamos falar. Esse não seria o momento de entrar por esse viés técnico aqui. A gente vai voltar a falar disso. Eu quero voltar a falar ainda sobre um tema que é relevante nesse caso, que são políticas de comunicação em casos de desastres. Isso tem a ver com…

    (34:30) segurança da informação. Nós já fizemos políticas de continuidade e a gente percebe como as empresas são reticentes ao lidar com isso, inclusive sobre questões de comunicação. Você precisa ter um plano de comunicações, precisa ter planos de comunicações escritos em papel. Nós já chegamos a sugerir. E vamos lá, Guilherme, não dá, numa situação dessas, para depender de Instagram, Twitter. Não pode, não dá. Não faz sentido. Nós falávamos sobre o exemplo da Espanha e da Europa de maneira geral: você anda de carro por lá, está…

    (35:09) ouvindo música no teu celular, e a política pública de lá é: tem uma mensagem de emergência, interrompe tudo que você está ouvindo e entra numa rádio de emergência que o Estado tem. Isso, nós temos um problema gravíssimo aqui. Então, problemas de comunicação, nós vamos voltar a falar. Vamos voltar a falar sobre essa questão dos planos de continuidade e como esse desastre, na minha opinião, na nossa opinião, Vinícius, ele vai mudar bastante o paradigma de… e eu espero que isso ocorra…

    (35:44) continuidade de negócios no Brasil. Nós vamos precisar olhar inclusive exemplos que houve aí, mas que não vem ao caso fazer agora. Então tem esse aspecto. Mas eu acho que o principal aqui, Vinícius, é: ajude, se você puder. Nós falamos toda essa questão do poder público e tal. A gente põe lá no Twitter, tem um videozinho com os Pix e tal, e vai ficar no show notes também. Vamos colocar no show notes, a gente montou um postzinho lá no blog da Brown Pipe com algumas indicações. É um guia vivo, a gente está mexendo nisso…

    (36:23) incluindo coisas lá. Principalmente para quem está em Porto Alegre, mas para quem não está também, algumas sugestões de Pix. Veja, e tudo isso que nós falamos, a questão da crítica ao Estado e da necessidade de se fazer políticas públicas para lidar com isso, a gente vai ter que voltar a falar. Mas veja, este é um momento em que, infelizmente, a ajuda das pessoas ainda é útil e necessária. Então ajude. O mundo ideal seria que o Estado estivesse pronto, mas nós não estamos no mundo ideal e nós precisamos salvar vidas. Então ajude.

    (36:58) Se quiserem entrar em contato comigo por e-mail também, a gente pode conversar. E é isso, pessoal. A gente só quis meio que falar. Não poderíamos entrar agora, pelo menos na situação em que nós e o nosso estado estamos, para falar sobre qualquer outro tema, porque seria uma falta, eu acho, de sensibilidade, de consideração com o estado. A gente está muito abalado, o Estado do Rio Grande do Sul e acho que o Brasil inteiro, mas nós que estamos mais próximos aqui, a gente está muito abalado com isso. Então eu acho que nós não tínhamos como…

    (37:32) fugir desse tema. E é isso, pessoal, é isso então. Quer falar mais alguma coisa aí? Podemos ir encerrando. Eu acho que a gente vai ter bastante assunto aí para o desenrolar dessas diversas histórias que a gente ainda vai ouvir. A gente não está vendo nada ainda. Tem que esperar, tem que dar tempo agora. E a própria questão da imagem das pessoas, o uso da imagem. Poxa, teve um cara aí que começou a tirar foto de pessoas mortas. Você tem uma série de coisas que vão emergir. Vamos falar de proteção de dados agora? Olha…

    (38:11) a imagem das pessoas está sendo mal utilizada. Fica fotografando e filmando gente que você está ajudando ou que você salvou para dizer que você ajudou. Pense na imagem dessas pessoas, que vai ficar eternamente vinculada. Não só isso, cara, não só isso. É tipo assim, moralmente, a gente é cheio de defeitos, a gente tem os nossos. Não vamos bancar aqui os perfeitinhos, coisa parecida. Todo mundo tem suas virtudes e seus vícios, mas é uma escala abaixo, digamos assim, do normal. Essa galera que…

    (38:47) fica se promovendo nessa bagunça toda, que fica assaltando barco, que fica assaltando com fake news as pessoas na internet, com desinformação, e se aproveitando disso… Teve gente aplicando golpe. Se você não ficou sabendo, teve gente aplicando o golpe do resgate. Cobrando R$4.000…

    (39:10) para um helicóptero descer lá e resgatar, e a pessoa tinha que pagar R$2.000 adiantado. Golpe. A gente já tem golpe aqui no Rio Grande do Sul, aqui em Porto Alegre, de caminhão-pipa. O cara paga lá o caminhão-pipa e o caminhão não aparece. Esse tipo de coisa… A questão do Pix, muito cuidado. A gente botou lá no blog, no videozinho que a gente botou no Twitter. Confere na hora. Mesmo pegando no nosso site, os Pix que a gente colocou, as chaves que a gente colocou, a gente verificou essas chaves. Mas mesmo você pegando de lá…

    (39:41) confira se está indo para a entidade certa, vê direitinho. “Ah, mas o Vinícius está fazendo, abriu uma conta lá: ‘Ó, pessoal, passem Pix para mim que eu vou direcionar'”. Cuidado, cuidado. Então, escolha bem para onde direcionar seus recursos. E depois vamos discutir sobre como tomar melhores decisões com relação a risco, a contingência, avaliar melhor o risco. Sim, tem muitos temas que emergem. Eu vi, por exemplo, Vinícius, agora sim, vamos terminar de uma vez. Eu vi, por exemplo, a própria questão da Inteligência Artificial.

    (40:22) Os impactos ambientais que a Inteligência Artificial causa e que a gente não dá muita bola. Mas você vê, tem um poder, um processamento absurdo para te dar uma imagenzinha ali, entendeu? Que de repente você está consumindo recursos e gerando um dano ambiental. Vou te levantar outra, para ver como tem várias facetas. Vou te levantar outra questão: talvez com Inteligência Artificial a gente consiga melhorar ainda mais essas possibilidades de reação e de previsão. Mas o que adianta se a gente não está usando nem o que a gente já tem?

    (40:59) É aquilo que o Paulo Rená já disse, não nesse contexto aqui. E, aliás, um beijo, um abraço para o Paulo. Para que nós vamos usar a Inteligência Artificial? Eu vi um pessoal ridicularizando: “Ah, o prefeito está com o ChatGPT lá atrás, e agora?”. Cara, por que não pedir? Eu pedi para o ChatGPT sobre como economizar água aqui na minha casa. Ela te deu a dica de botar vinagre ao urinar, que ajuda, por exemplo. Mas aí que está, a galera está focada no… não vou…

    (41:36) eu não vou abrir outra discussão agora. Mas, enfim, eu acho que tem um monte de coisa para ser analisada. A gente tem que ver a hora que a coisa normalizar, não sei se dá para chamar de normalizar, mas que melhorar. Tem que olhar para trás, ver o que a gente já tinha. Tem um monte de informação, um monte de entrevista de especialista, um monte de gente apontando que esse tipo de coisa podia acontecer, alguns mais específicos, outros menos. É claro que, num universo em que tem gente que faz todo tipo de previsão, alguém vai estar certo.

    (42:09) E estamos falando de um risco caríssimo de se lidar, não é apertar um botão, são bilhões e bilhões. Então tem esse lance aí que tem que ser avaliado direitinho para ver com base no que a pessoa afirmou tal coisa. Não é qualquer um que sai falando: “Ah, viu, estava certo”. Mas com base no que estava certo? Tu até podias ter acertado o que falou anos atrás, mas com base no quê? Senão, se todo mundo chutar um pouco, alguém vai estar certo. Então tem que olhar para trás para ver o que tinha sido previsto, o que já se sabia, avaliar as decisões…

    (42:39) que foram tomadas pelas três esferas de poder e o que a gente vai fazer para adiante. Ou seja, quando acontecer de novo, a gente vai ter um canal das autoridades públicas que a gente possa ficar acompanhando? Ou eu vou ter que ficar de novo no YouTube de rádio fazendo propaganda, ou no Twitter, ou no Instagram, para alguém me avisar que uma estrada caiu? Que uma estrada se foi? Então eu vou ter que ficar indo em site de concessionária de rodovia para fazer isso, que foi o que…

    (43:11) eu tive que fazer? É um absurdo na era da informação você não ter informação. Claro que esses meios estão servindo de um jeito meio orgânico que se criou automaticamente, mas houve uma… No final das contas, Vinícius, a gente tem aquilo que se repete em alguns filmes: nós precisamos olhar, mais do que nunca, não podemos virar negacionistas nesse caso, inclusive o negacionismo ambiental. Porque é aquilo que acontece no filme da Netflix, “Não Olhe para Cima”, ou nesses filmes de desastres: começam com todo mundo…

    (43:49) ignorando os especialistas, os cientistas de maneira geral. E esse caso me parece que é um pouco disso também. É a gente ignorar o que os técnicos, as pessoas que estudam isso… Agora está todo mundo ouvindo lá o cara da UFRGS de hidrologia. Está certo, é o estudioso, tem que ouvir o cara mesmo. Mas agora a gente vai ter que ouvir esses cientistas e esses especialistas. Não basta a gente… “Ah, mas não fechou a bomba lá”. Cara, eu não sei. Nós vamos ter que confiar de fato e ouvir de fato a ciência.

    (44:27) Não tem como a gente sair disso com generalizações de redes sociais, porque senão não vai dar certo. Isso aí, cara. Vamos terminando. Doem, confiram ali quem você pode doar, porque por um bom tempo a gente ainda vai precisar da ajuda, até essa situação, como você bem disse, se é que é possível dizer, se normalizar. É, muito obrigado a todos aqueles e aquelas que nos acompanharam até aqui. Nos encontraremos no próximo episódio do Segurança Legal. Até a próxima. Até a próxima.

     

    ...more
    View all episodesView all episodes
    Download on the App Store

    Segurança LegalBy Guilherme Goulart e Vinícius Serafim

    • 4
    • 4
    • 4
    • 4
    • 4

    4

    7 ratings


    More shows like Segurança Legal

    View all
    Braincast by B9

    Braincast

    108 Listeners

    RapaduraCast - Podcast de Cinema e Streaming by Cinema com Rapadura

    RapaduraCast - Podcast de Cinema e Streaming

    111 Listeners

    MacMagazine no Ar by MacMagazine.com.br

    MacMagazine no Ar

    179 Listeners

    Xadrez Verbal by Central 3 Podcasts

    Xadrez Verbal

    173 Listeners

    Giro do Loop by Loop Infinito

    Giro do Loop

    91 Listeners

    Tecnocast by Tecnoblog

    Tecnocast

    42 Listeners

    NerdCast by Jovem Nerd

    NerdCast

    1,010 Listeners

    Naruhodo by B9, Naruhodo, Ken Fujioka, Altay de Souza

    Naruhodo

    120 Listeners

    Petit Journal by Petit Journal

    Petit Journal

    78 Listeners

    Durma com essa by Nexo Jornal

    Durma com essa

    45 Listeners

    História FM by Leitura ObrigaHISTÓRIA

    História FM

    30 Listeners

    Ciência Suja by Ciência Suja

    Ciência Suja

    20 Listeners

    Vortex by Parasol Storytelling

    Vortex

    19 Listeners

    Só no Brasil by Pipoca Sound

    Só no Brasil

    4 Listeners

    IA Sob Controle - Inteligência Artificial by Alura - Hipsters Network

    IA Sob Controle - Inteligência Artificial

    1 Listeners