Segurança Legal

Episódio #367 – Instituto Aaron Swartz


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  • Neste episódio, Guilherme Goulart e Vinicius Serafim conversam com Lucas Lago, do Instituto Aaron Swartz, sobre ativismo digital. Você irá descobrir o legado de Swartz e a luta pelo acesso livre à informação.​ A conversa aprofunda na história de Aaron Swartz, figura central na defesa do acesso à informação e do software livre. Discutimos sua perseguição após o caso J-STOR, o Manifesto do Acesso Aberto e a controversa prática de scraping de dados por empresas de Inteligência Artificial (IA). Lucas Lago detalha a missão do Instituto Aaron Swartz, herdeiro do Partido Pirata no Brasil, e seu trabalho em segurança digital, privacidade online e transparência política, como o Projeto 7c0. A discussão também aborda a ética hacker, direitos autorais e o Marco Civil da Internet. Assine, siga e avalie o Segurança Legal para apoiar o debate sobre tecnologia e sociedade.​

    ShowNotes

    • Site do Instituto Aaron Swartz
    • Projeto 7c0
    • Nota CopyTrolls
    • Cursos abertos apoiados pelo instituto
    • Foto do Episódio de Fred Bedenson

      📝 Transcrição do Episódio

      (00:00) [Música] Este é o Segurança Legal, Episódio 367, gravado em 21 de junho de 2024: Instituto Aaron Swartz. Neste Episódio, entrevistamos Lucas Lago, do Instituto Aaron Swartz, sobre o papel do ativismo digital no mundo contemporâneo. Segurança Legal com Guilherme Goulart e Vinícius Serafim, um oferecimento Brown Pipe Consultoria. [Música] Bem, já estamos de volta com o nosso convidado, nosso amigo Lucas Lago. Lucas Lago é um tecnologista de interesse público com mais de uma década de experiência em desenvolvimento de

      (00:44) software, criador do projeto 7c0 e ex-aluno do Media Democracy Fund. É também membro ativo do Instituto Aaron Swartz e, dentro desse Instituto, Lucas representa a organização em grupos de trabalho, tanto na Coalizão Direitos na Rede quanto na ISOC Brasil. Seu trabalho se concentra na divulgação da tecnologia, especialmente em segurança digital e tecnologias eleitorais. Seja bem-vindo ao Segurança Legal, Lucas, tudo bem? Tudo certo, Guilherme. Obrigado pelo convite. É um prazer enorme estar participando aqui do podcast de vocês. Eu sou ouvinte assíduo do Segurança e

      (01:25) fico feliz de estar aqui hoje. Legal, a gente fica muito feliz de contar com o teu tempo, com a tua participação. Nesse momento, acho que a primeira pergunta tem a ver com isso. Você sabe que eu estava lendo ontem, até uma coisa bem fora, assim, eu estava lendo um cara chamado Peter Singer, que ele fala sobre a questão da proteção animal, tem um livro chamado “Libertação Animal”, e ele falava do papel dos ativistas, da importância do papel dos ativistas para a causa animal. E aí eu pensei: “Bom, mas amanhã a gente vai falar com o Lucas, vou perguntar para ele

      (01:55) qual o que tu achas do papel do ativismo hoje em dia em relação à tecnologia, claro. E, levando em consideração que no mundo atual as novas tecnologias de maneira geral são tão intensas e fazem parte tão fortemente da vida de todos, como que tu vês o papel dos ativistas e dos divulgadores científicos na área de tecnologia hoje?” Acho que é um papel muito complicado, porque a gente fica responsável por empurrar as coisas para o lado que é contra o lado mais hegemônico das grandes empresas, Big Tech, principalmente. Então,

      (02:36) é um negócio muito de ter o papel de dar murro em ponta de faca, de apontar aonde as coisas tecnicamente não funcionam, às vezes, e, às vezes, onde elas tecnicamente funcionariam, mas o resultado não é exatamente o que as pessoas imaginam que seria, porque se compra muito o marketing da big tech. Então, o nosso papel é um pouco trabalhar para falar: “não, peraí, isso aí é propaganda, não é de verdade, ou isso aí é de verdade e é muito pior do que você imagina”. Então, o nosso papel é um pouco

      (03:19) esse. Esse “de verdade é muito pior que você imagina” é complicado. E também, até um pouco, eu acho que os ativistas, os divulgadores, eles vêm sendo meio que desacreditados ao longo dos últimos tempos, assim. Tu notas ou sempre foi assim, na tua visão? Na área em que eu sou mais atuante, eu acho que teve um processo, principalmente no meio de tecnologias eleitorais, teve um processo muito complicado de descrédito da divulgação científica e dos cientistas. E na área de segurança, nem

      (04:03) tanto, porque é uma área meio arcana, assim, meio que o pessoal não tem muito conhecimento, então acaba ficando por fora. Mas, no geral, tem um descrédito do papel do especialista nas discussões, assim. Então a gente percebe bastante isso acontecendo. E aí é onde a gente tenta trazer a discussão técnica e tentar falar: “olha, a gente está tentando apontar para isso aqui por conta desses elementos, por conta dessas coisas”. Então, a gente tenta trazer, forçar bastante o lado técnico. E só

      (04:40) trazendo aqui, isso é um papel que a gente do Instituto Aaron Swartz, eu sei que eu estou adiantando um pouco, mas a gente tenta fazer bastante esse ativismo por um lado técnico, por um lado mais da tecnologia mesmo, de sermos tecnologistas e ativistas ao mesmo tempo, porque existe muito ativismo que é super bem feito, mas ele não é feito por pessoas técnicas da área da computação, é feito por técnicos do direito, de outras áreas. E, então, a gente tenta trabalhar no nicho de: “nós somos ativistas e sabemos como isso aqui

      (05:24) funciona de forma bastante específica, assim, por dentro”. Legal. Beleza, Lucas. Primeiro, queria te dizer que o Guilherme falou no início ali que tu tens 10 anos de experiência como dev, alguma coisa parecida. A gente não perguntou a tua idade, mas, olhando, cara, eu acho difícil que tenhas esses 10 anos aí. Eu acho que não sei, não, cara, tu me pareces mais jovem do que… Deixa eu pensar, cara, com 10 anos tu devias estar com uns 12, lá. Que idade tu tens, cara? Que idade tu tens agora? Agora quer saber? Eu tenho mais que 35. Ah, vai te catar, sério, meu? Ah, não, cara, só vou

      (06:05) manter por aí. Poxa. Não, então tá bom, tá bom. Eu já estava duvidando desses 10 anos de experiência aí. Mas isso é profissionalmente, porque se for considerar o primeiro código que eu escrevi, eu escrevi com 10, 11 anos mesmo, porque eu ganhei um computador do meu pai, tipo um Commodore, alguma coisa. Ah, que legal. Que vinha com um livro com os códigos. Aí eu copiei um… Tu já estás com quase 40, cara? Quase. Tu já estás perto dos 40, aí. Bem pertinho, na verdade. Um Commodore, sim, sem dúvida. Tu tiveste esse, Vinícius, ou não? O Commodore, não. Eu comecei a mexer com 8 anos, só

      (06:47) que, quando eu tinha 8 anos, eu acho, eu tenho a impressão de que o Lucas não tinha nascido, cara, não sei, não. E aí foi o primeiro, foi um MSX, era da Gradiente na época. Meu Deus, 28k de… Mas tu gravaste software em fita cassete, então? Sim, claro, sim, gravei. E tentei muitas vezes carregar da fita cassete. Gravar é tranquilo, a questão é carregar da fita cassete. Aquela coisa de jogo, eu tinha jogo em fita cassete. Primeiro eu estava te falando que eu tinha um negócio, um simulador de voo, o primeiro

      (07:32) simulador de voo que eu usei na minha vida foi no MSX e ficava numa fita cassete. Tinha que carregar aquela porcaria inteira. Ah, cara, Deus do céu. Enfim, mas, Lucas, voltando, fora o esquema da tua idade, que com certeza nós vamos ter que verificar para ter certeza do que tu estás falando. Sei lá, o cara leu “Commodore” em algum lugar e resolveu dizer que usou Commodore, quando ele já tinha PlayStation na idade dele. Cara, a gente começou a conversar, essa conversa surgiu de uma troca nossa, que, volta e meia, a gente passa um

      (08:08) tempo, troca umas mensagens. Eu te perguntei, a gente falou de um outro assunto e aí: “E aí, cara, como é que tu estás?”. Daí tu falaste que estavas no Instituto, assim: “Bah, cara, vamos gravar”. E a gente acabou… Eu falei para o Guilherme: “Guilherme, o Lucas está no Instituto Aaron Swartz, e tal, vamos gravar com ele”. Daí o Guilherme topou de cara, te fiz o convite. E, cara, essa figura, assim, muita gente que eu conheço da área de TI não sabe quem é o Aaron Swartz.

      (08:40) E o Instituto Aaron Swartz, aqui no Brasil, nos disseste antes da gente conversar que ele é único, ele existe só no Brasil. Eu achei que fosse o braço de algo que existisse internacionalmente, o que me deixou mais surpreso ainda, estar no Brasil uma iniciativa única nesse sentido. Então, nos explica um pouco quem foi o Aaron Swartz, por que ele é importante para a internet e qual é o papel do Instituto, ou seja,

      (09:21) qual é a ideia do Instituto aqui no Brasil. Beleza. O Aaron, tristemente, é um cara que sumiu um pouco logo depois da morte dele, mas ele foi um cara absolutamente ativo em muitas, muitas diferentes áreas fundamentais para a internet. Desde todo mundo que escreve usando Markdown, ele estava lá no meio desse rolê. Todo mundo que já viu alguma coisa no Internet Archive, ele está lá no começo dessa discussão, lá no meio. Ele ajudou com várias coisas

      (10:08) dentro da Wikipedia. Então, ele tem diversas atuações. E, como eu estava comentando, da gente querer ter essa discussão ativista e técnica ao mesmo tempo, o Aaron Swartz é um exemplo muito grande para a gente disso, porque ele era um cara, ele era um programador. Ele sabia escrever código, ele era um cara que fazia isso da vida, mas tudo que ele fazia, ele tinha esse olhar de: “Não, peraí. Isso aqui, qual a relação disso aqui com a sociedade?”. Então, por que isso aqui é importante? Uma das grandes atuações dele foi contra o SOPA,

      (10:47) que era a lei antipirataria americana, o Online Privacy Piracy Act, e ele foi um dos caras que liderou a campanha contra isso, que era um projeto de lei para que ampliava ali o direito autoral nos Estados Unidos e ameaçava a liberdade de expressão e tal. Então, o Aaron estava lidando com ativismo contra isso, e do jeito dele. Então, ele construiu sites contra isso, ele levantou dados, ele fez esse tipo de trabalho. Então, ele tem todo esse ativismo dele baseado muito em

      (11:30) “o que que dá para fazer de efetivo com o que eu sei fazer?”. “Então, eu sei programar, então eu vou fazer meu ativismo com programação”. Isso é uma coisa muito interessante do Aaron. E para quem conhece o Reddit, ele também estava lá no começo desse fórum também. Então, é muito difícil usar alguma coisa na internet que não tenha um dedo do Aaron em algum momento. O RSS, ele estava metido. Ah, isso que eu ia falar. Eu ia dizer que se você está ouvindo esse podcast pelo seu agregador, é graças a ele também.

      (12:15) Lucas, eu não sei até que ponto, se foi ele que desenvolveu, ele trabalhou junto com a equipe, mas eu sempre soube que ele estava diretamente envolvido no RSS. Sim, então, o Aaron, ele tem muito pouca coisa que você olha e fala: “beleza, isso aqui foi o Aaron Swartz que fez sozinho”. Ele era um cara que estava sempre junto com uma galera fazendo coisas. E se você pegar a biografia dele, você vai ver que ele passava por meio de diversos grupos e sempre era convidado por um grupo para ajudar com alguma coisa, ia lá, se metia, fazia. Então,

      (12:50) eu acho que assim, tem poucas coisas que você pode falar: “isso aqui o Aaron que fez, sentou um dia e fez sozinho”. Ele era um cara que fazia muito pouca coisa assim, ele era um cara de fazer parte de várias equipes e tal. E talvez a coisa pela qual ele tenha ficado mais famoso é a questão que ele teve com a JSTOR, que é uma editora de artigos científicos. Enquanto ele estava no MIT, ele tinha acesso a todos os artigos dessa editora e ele decidiu que, como ele tinha acesso, ele ia fazer o download

      (13:28) de todos e publicar na internet. Então, ele subverteu um pouco o que significava ter acesso aos documentos. Muita gente fala que ele hackeou a JSTOR. Não, ele tinha acesso e fez um raspador. Em nenhum momento ele invadiu o sistema dos caras. Ele tinha acesso por ser do MIT e usou esse acesso de forma que a empresa não concordou com ele depois. E por causa disso, ele foi bastante perseguido, inclusive pelo FBI nos Estados Unidos. Então, ele teve uma perseguição gigante, e isso levou ele a tirar a própria

      (14:12) vida. Então, é um cara que levou a ideia dele, que era um ideal que ele tinha de que a informação tem que ser livre, e ele levou isso em todo momento na vida dele, em toda oportunidade que ele tinha, ele atuava em cima desse ideal. E isso, levou isso até as últimas consequências mesmo. E nessa… Foi essa tragédia, né? Porque ele esteve envolvido… Eu estava dando uma navegada para ver, entrego minha idade também, estava “navegando na internet” ontem, lendo

      (14:50) um pouco sobre a história dele, e me deparei com uma foto dele com o cara do Creative Commons, o Lawrence Lessig. E eles tiveram… Hoje a gente olha o site de vocês, do projeto, e tem lá no Instituto, aqui eu estou baixando o Creative Commons. Os nossos podcasts também são publicados com essa licença de Creative Commons. Então, ele teve uma participação muito grande e a tragédia da vida dele estava diretamente relacionada com a questão dos direitos autorais. E teve bem essa relação. E eu

      (15:31) acho que o Instituto hoje também tem essa preocupação. Sim, a gente… Não seria possível montar um instituto que tenta levar o nome do Aaron Swartz sem se preocupar com esse tipo de disputa em relação a direitos autorais. Mas o Instituto ainda tem mais uma grande influência que faz a gente lutar bastante contra isso, que é a origem do Instituto. A gente é a última decisão do Partido Pirata brasileiro. Então, em 2022, o Partido Pirata encerra as

      (16:11) atividades, e o encerramento das atividades do Partido Pirata cria o Instituto Aaron Swartz. A gente é o resultado da continuação, a gente tenta ser também a continuação da luta do Partido Pirata no Brasil. Então, direitos autorais é realmente uma coisa que a gente tem bastante interesse em discutir e debater. Então, por dois caminhos bem diferentes. Esse lance, só voltando um pouquinho, Lucas, na questão dos papers que o Aaron extraiu, raspou, porque ele de fato não invadiu… O que a gente tem hoje, os

      (16:55) periódicos dentro das universidades, continua do mesmo jeito. Se tu estás na universidade, tu tens acesso aos periódicos e tal. Se tu não estás, tu não tens acesso. E, mesmo assim, a universidade tem que pagar uma grana para esses portais, não é de graça. E o que é interessante é que, normalmente, a pesquisa é feita com grana do governo, com grana pública, e aí os professores, os alunos, fazem o trabalho, fazem a pesquisa, divulgam… Já é difícil conseguir dinheiro para pesquisa, aí tem que publicar. Aí tu publicas, aí

      (17:31) quando tu publicas, foi-se. Tipo assim, se tu quiseres o teu próprio artigo de volta, tens que pagar 40, 50 dólares por um artigo. Por um artigo, sim, por um único paper. Então, é interessante essa volta que o pessoal dá de “não, isso não é bem direito autoral, isso é meio que apropriação de direito autoral”. Em termos legais, talvez esteja OK, mas em termos morais não sei se isso é muito correto. Sim. E é muito interessante que, se você pegar a origem da disputa do Aaron Swartz sobre papers, ele

      (18:10) tem o “Guerrilla Open Access Manifesto”. Nele, ele fala, por exemplo, sobre o Sul Global, ele fala sobre o fato que, quando você coloca esses papers atrás de um paywall, atrás de uma cobrança, você cria um desbalanço de poder entre o Norte Global e o Sul Global, porque existe uma questão de acesso a recursos diferenciada nesses polos. Então, você vê que é um cara que,

      (18:50) ao pensar nisso, no manifesto dele, ele começa falando que informação é poder. Que informação é absolutamente filosófica. Disso, ele chegou à conclusão que o que ele tinha que fazer era escrever um script para raspar papers e publicar isso na internet. Então, ele foi um cara que vai do filosófico, da ideia de escrever o manifesto, à ideia de escrever uma peça de código. E, então, é um cara muito diferente do que a gente está acostumado a encontrar. É uma perda gigante para

      (19:27) a humanidade. E você colocou uma coisa muito interessante sobre essa raspagem, o scraping. É a relação de como a IA faz isso hoje. Sim, que é um negócio que eu, pessoalmente, e todo mundo do Instituto também… Hoje em dia, OpenAI, Microsoft, Facebook, todo mundo que está desenvolvendo seu grande modelo de linguagem, faz o que o Aaron fez. E são celebrados, e são investidos, e recebem… Têm a capacidade de chegar e falar que precisam de 6 trilhões de dólares para conseguir melhorar o desenvolvimento do seu modelo.

      (20:17) E lá em 2012, quando o Aaron fez a mesma coisa, o que teve foi perseguição e assédio judicial. E o objetivo do Aaron era raspar os negócios e tornar público, não tinha um objetivo de fazer grana, depois de montar um império em cima dessa Inteligência Artificial. Então, é muito revoltante ver que o mesmo expediente que o Aaron fez, de ir lá e raspar o que já tinha, o que tinha comprado para ter acesso, ser tratado de forma tão diferente quando é um ativista que faz e quando é uma corporação gigante que faz.

      (21:00) Ontem mesmo, Vinícius, chegou um ouvinte, mandou para nós uma notícia do teu buscador lá, o Perplexity. Conta para nós, tu lembras? Sim, sim. O Perplexity AI é uma ferramenta que eu conheci por uma pessoa que me indicou. Eu fui dar uma olhada e ela usa por baixo, se quiser, o GPT, assim como outros modelos. E ele é pago também, mesmo lance do ChatGPT. Só que a sacada dela era que ela faz pesquisa na internet e te traz as coisas referenciadas, coisa que o GPT até o 4 não fazia, o ChatGPT. E parece que agora o 4.0 parece que faz, embora eu

      (21:44) não use muito, então uso mais o Perplexity mesmo. Só que o Perplexity, eles não só fazem esse scraping daquilo que já foi treinado, eles fazem o scraping na internet em tempo real. E eles começaram a fazer, eu acho que desde o início tem isso, agora não lembro se quando comecei a usar já tinha, eles têm o Discovery, que é uma parte de notícias curadas pelo pessoal da Perplexity, mas usando IA e fazendo scrap na internet. Então saem várias notícias lá, realmente bem relevantes na parte de tecnologia.

      (22:22) Às vezes tem umas coisas diferentes, mas a parte de tecnologia é realmente bem relevante. Só que eles estão pegando coisas de trás de paywall, eventualmente, sabe-se lá como, se estão pagando as fontes com uma assinatura normal e fazendo scraping mesmo assim, que nem exatamente como o Aaron fez. E eles começaram a incomodar agora algumas empresas, uma delas é o New York Times e a outra é a Forbes, por uma matéria específica que eles falaram sobre IA para o Eric Schmidt, que era o CEO da Google, que saiu dizendo que a Google estava com IA, não sei o quê,

      (23:01) que era perigoso. O cara está numa empresa botando IA em drone de guerra, drone para matar gente, então dá para ver que o cara estava muito preocupado mesmo com a IA, e a preocupação dele era bem fundamentada. Mas o que chama a atenção é o fato que essa frase que tu colocaste, cara… Se a gente fosse ter um… Olha que daqui a pouco o Mateus faz o corte. Mateus, que trabalha com a gente, Lucas. Que hoje, essas empresas usam o mesmo expediente que o Aaron usou. E, de fato,

      (23:35) eles usaram a internet, tudo que estava aberto e mais um pouco, para treinar os modelos. Esses modelos não são de graça, tu tens que pagar para usar os modelos. E, ainda por cima, tu tens esse acesso em tempo real à informação. E mais um detalhe, Vinícius: a própria Perplexity disse que estava violando esse acordo de cavalheiros, que é o robots.txt, aquela coisa de “não olhe”. Mas, assim, se tu quiseres, não vai ter nada que impeça além daquela declaração do robots.txt. Mas, assim, todo mundo… Agora não sei mais se todo mundo,

      (24:11) pelo visto, não. Mas é mais complicado ainda, parece. Parece que sim. Sim, toda IA, e principalmente essas mais famosas, é muito claro que eles violaram bastante direito autoral… Não vou dizer que é muito claro porque vira uma acusação, mas… Cadê o negócio de cortar que você falou? Mas parece muito que eles violaram bastante direitos autorais, inclusive de Creative Commons e de licenças abertas, de você falar: “isso aqui está disponível para qualquer pessoa

      (25:03) usar, mas você não pode fazer dinheiro com isso. Se você pegou isso aqui de graça, você vai usar isso para fazer coisas igualmente gratuitas”. Então, eu não sei, por exemplo, se o ChatGPT acessou alguma coisa que eu tenha colocado… O ChatGPT, não, o Perplexity… A versão da Microsoft… A versão da Microsoft que acessa o GitHub. Ah, o Copilot. Isso, Copilot. Ah, o acesso ao GitHub, o Copilot, sim, que foi treinado com… Sim. Se estava no GitHub e se estava aberto, eles mesmos falaram que usaram se estava no GitHub público. Agora, os fechados, eu não sei. Aí eu

      (25:44) não vou acusar também. Mas os abertos, com qualquer licença, eles usaram. Porque tem licenças que não permitem uso para fins que deem lucro. Não vou acusar, mas se eu tiver que chutar, eu digo que usaram independente de licença. Não estou acusando, mas o meu palpite é que eles não olharam a licença, estava aberto e foi. É muito complicado. E, para a gente do Instituto Swartz, é muito dolorido, porque a gente tem como exemplo que, quando foi feito isso para criar uma biblioteca gratuita, o negócio mais

      (26:24) “good vibes” que existe, falar “a gente quer que o conhecimento seja acessível para as pessoas”, virou uma discussão, um assédio judicial gigante que levou uma pessoa a tirar a própria vida. E agora a Microsoft faz isso para ganhar bilhões. E aí, machuca bastante a gente. Claro, cara. E já que a gente entrou nesse assunto de IA, como tu já colocaste um pouco do que tu percebes, nessa perspectiva do próprio Instituto, na filosofia que existe por

      (27:02) trás do Instituto, como que tu vês o desenvolvimento atual da IA? E se tu achas que isso está sendo feito de maneira ética, se as pessoas estão cientes dos riscos envolvidos? Qual a tua visão? Como que vocês discutem isso hoje no Instituto? A gente tem poucas coisas diretamente sobre IA no Instituto ainda, a gente está elaborando. É uma coisa que eu estou devendo, a gente está elaborando um posicionamento sobre essa questão do direito autoral, dessas raspagens, e

      (27:40) como isso, fazendo um paralelo mesmo com a história do Aaron. A gente tem um pouco sobre como isso vem sendo usado. A gente participou um pouco de discussões sobre o uso para fazer identificação biométrica, uso pela polícia e esse tipo de coisa. Isso muito com o pessoal da campanha “Tire meu rosto da sua mira”. A gente participou com eles na CryptoRave de um painel. Mas, assim, sobre a IA, uma posição minha, não tanto do Instituto, eu fiquei muito feliz

      (28:25) quando eu vi um artigo falando que a gente chegou no limite da IA, tipo, talvez as coisas não melhorem tanto daqui para frente, os LLMs não fiquem tão melhores daqui para frente. Porque isso entrou num loop que parece muito uma bolha que vai estourar a qualquer momento, que me lembra muito quando eu discutia blockchain e estava nessa questão da bolha, e depois o negócio hoje em dia desapareceu de quase toda a discussão possível. Mas eu acho que a IA tem essa coisa de parecer muito útil, mas quando você começa a usar, ela às vezes tem tanta limitação

      (29:07) que te coloca no meio do caminho, que você fala: “não é tão útil quanto parecia”. E ela cria, às vezes, problemas que você não tinha antes. Então, eu ainda tenho muito problema com usar, apesar de que eu uso Copilot para programar. Principalmente porque o Copilot é muito bom quando você é um programador que não é muito bom, então ele te ajuda muito. Como eu sou um programador medíocre, eu adoro, ele me ajuda demais. Mas eu imagino que programadores bons não se sintam muito à vontade com ele, porque ele erra muita coisa que eu também erraria.

      (29:46) Você sabe que você falou do blockchain, dos NFTs, e aquela febre toda dos NFTs… A gente até gravou aqui um episódio, Vinícius, não sei se gravamos sobre NFT, eu acho, ou sobre blockchain, mas não lembro. Acho que teve um sobre NFT, só sobre NFT. E a gente estava meio perplexo. Tenho que ouvir de novo aquilo para ver se a gente acertou, mas a gente foi numa linha do tipo: “isso não faz muito sentido”. E, claro, fazia bem menos sentido do

      (30:21) que se pode falar hoje sobre IA. Guilherme? Oi. Episódio 274. Quando foi? Foi em 2021. Ah, legal. Para tu veres, 274, há 3 anos. O hype que era daquilo há 3 anos e hoje é um negócio que… Mas dizem que NFT… Agora eu não sei se vocês viram, se na semana passada ou essa semana. Eu vi, mas na pior das hipóteses foi na semana passada, o famoso disco do Wu-Tang Clan, que é aquela… Como é o nome? É uma banda… Procura depois no Tidal ou no Spotify.

      (31:09) Esses caras são quase uma religião, a galera que acompanha eles. E teve aquele… Esqueci daquele cara que foi preso, que ficava comprando direito de medicamentos que não valiam nada e, como tinha gente usando, aumentava lá em cima o valor. Cara, eu vou pegar o nome dele aqui e já falo para vocês, mas deixa eu contar a história. E esse cara que comprava os medicamentos, fazia essas sacanagens, desgraçado, ele comprou o disco. E o disco não

      (31:45) poderia ser tocado até, não sei que ano, 2000 e não sei quanto. E ele tocou um pouquinho uma vez numa live dele, mas ninguém ouviu. E aí o disco foi leiloado, o pessoal comprou e transformou o disco em NFT. Então, tem os NFT tokens lá, e cada token que tu compras libera, acho que, se não me engano, 5 minutos do disco, até o dia que todo mundo comprar todos os NFTs e o disco vai estar liberado. Eu vou pegar a informação com mais precisão aqui, mas só para dizer que eu queria lembrar que essa semana ou na anterior teve um uso de NFT, um que eu

      (32:24) não ouvia há muito tempo. Mas a tecnologia por trás ainda continua sendo usada, no final das contas, é criptografia. No final, tem um monte de ferramenta esperta sendo usada por trás só para fazer uma coisa que é muito estranha, que é compartilhar imagem de… Aqui, originalmente a cópia física é de 2014, “Once Upon a Time in Shaolin”, esse é o nome do disco do Wu-Tang Clan, e só tem uma cópia física. E agora ele foi transformado em NFT. O álbum foi… Podem comprar os

      (33:06) fãs, podem comprar. O álbum tem um banimento de 88 anos de uso comercial, e cada vez que alguém compra um NFT, reduz por 88 segundos o tempo de banimento do disco. Então, tu podes participar da publicação gradual do disco. E quem tinha o disco antes… Deixa eu só ver aqui… Ele foi comprado… Ah, aqui, o ownership aqui, o Shkreli, Martin Shkreli. Se pesquisarem quem é esse cara… Eu não vou dar adjetivos aqui, que daqui a pouco… Vai que o cara tem representante no Brasil, sei eu, mas o

      (33:59) cara fez dinheiro comprando remédio que valia pouco, quase não dava lucro na indústria farmacêutica, mas tinha muita gente usando. E da noite para o dia, vou dar um exemplo, ele passou um negócio que custava 5 dólares e passou a cobrar 100 dólares. Ele começou a fazer dinheiro desse tipo de medicamento, começou a atingir um monte de gente. Então, o cara não é boa pessoa. Mas, fechou. O Lucas tinha colocado antes sobre os usos da IA. Eu acho que dá para fazer uma coisa que a gente sempre cita aqui, nosso amigo Paulo Rená. Ele já falou

      (34:35) algumas vezes: “para que que a gente está usando a IA?”. Esse “para que”… Eu acho que dá para relacionar, voltando agora para o Instituto, para os objetivos gerais, porque lá no próprio site de vocês a gente tem os objetivos do Instituto e a gente também tem esse alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Não são todos, pelo que eu entendi. Vocês teriam alguns ali com que vocês seriam mais ligados. Se você puder falar um pouquinho sobre essa relação de vocês com os objetivos do Instituto e também com esses objetivos do

      (35:10) desenvolvimento sustentável. Porque, no final das contas, acho que até tem uma relação com IA, quando a gente fala “consumo responsável”, “redução de desigualdade”, “energia limpa”. Energia limpa é muito relacionado, claro. Fala um pouquinho para a gente dessas relações. Isso… Eu não participei da fundação do Instituto, entrei um pouco depois, então não posso dizer sobre o processo que a gente fez para chegar nesses 10 itens do esforço global. Mas, assim,

      (35:47) essa agenda da ONU, apesar de “agenda da ONU” soar como um gatilho para um monte de conspiracionista, são 17 objetivos, e é impossível você olhar para eles e discordar de algum deles. São todos, obviamente, coisas que se precisa fazer. E o Instituto olhou e viu quais eram alinhados com o que a gente tinha como missão antes, no Partido, e o que a gente era capaz de entregar. O Instituto, curiosamente, tem a sede numa cidade lá em Minas Gerais,

      (36:27) uma cidade pequena, então uma das ações que a gente tem é de ensinar programação para as crianças da rede pública. Então, a gente olhou para aquilo e falou: “Beleza, o que a gente pode fazer?”. A gente pode trabalhar com educação, ajudar o pessoal da escola pública no contraturno da cidade onde a gente tem uma sede. O que a gente consegue fazer discutindo tecnologia? Por exemplo, é superdivertido ficar gerando imagem de IA, mas trazer à luz o gasto de energia que isso tem, o

      (37:04) fato que para treinar e para manter um modelo desses você está queimando carvão em algum lugar na China, é importante trazer isso à luz. Então, a gente olhou para isso, viu as coisas em que a gente consegue atuar. E é muito isso: o que a gente sabe fazer, o que as pessoas que estão no Instituto sabem fazer e como a gente consegue ajudar. Então, a gente chegou nesses 10 dos 17. Eu acredito que são 17, posso estar errado no número de objetivos da ONU. (São 17 objetivos). E a gente chegou nos que estavam alinhados com os objetivos que a gente já atende dentro do Instituto. Então,

      (37:39) a gente tem um foco grande em educação. A gente quer, inclusive, expandir, criar alguns materiais para ajudar a ensinar certas coisas que a gente acha importante que as pessoas saibam. A gente tem um trabalho forte na questão de copyright, inclusive. Talvez o único instituto, não o único, mas um instituto que tem CNPJ e fala abertamente que “olha, pirataria não é um problema tão sério assim quanto vocês estão pensando”.

      (38:22) É importante a gente falar dessas coisas. Então, a gente chegou nesse alinhamento, chegou nesses 10, que têm muita relação com os que a gente já tinha. A própria questão da pirataria, a relação que você tem do uso privado, da cópia privada, que é uma coisa que há muito vem se discutindo em vista de se revisar a Lei de Direitos Autorais. Lá no próprio Marco Civil, em 2014, ou pré-2014, tinha a discussão de “vamos tentar rever aqui a Lei de Direitos

      (39:02) Autorais”. Era o Gilberto Gil, eu acho, o ministro na época, se não me engano. Eu acho que era, sim. E aí teve a discussão dos direitos autorais e disseram: “não, vamos deixar isso para depois do Marco Civil, para discutir, sobretudo, começar a olhar para essa questão da cópia privada”. Dessa coisa de você fazer a cópia para teu uso próprio, que é uma coisa que vem sendo aceita em vários lugares, e aqui a gente ainda continua com uma lei antiga em relação à tecnologia atual.

      (39:34) Sim. E, só para puxar disso, isso é um trabalho que o Partido Pirata começou quando chegaram no Brasil os famosos, internacionalmente, “copyright trolls”, que são, essencialmente, advogados, escritórios de advocacia, que o trabalho deles é entrar em contato com pessoas que supostamente acessaram conteúdos que têm copyright e mandar uma carta ou um e-mail pedindo um valor para corrigir o erro que a pessoa cometeu. Tipo, falando para a pessoa: “olha, você pode mandar para a gente R$3.000 aqui que a gente não entra com processo”. Eu

      (40:24) lembro disso, Lucas, era o valor mágico dos R$3.000. Eu lembro disso, era os R$3.000. Eu lembro que o valor era esse, era R$3.000. Exato. “Você baixou ‘Hellboy 2’ e aí você tem que pagar R$3.000

      (40:51) por causa disso”. Tipo, além de ter sido punido já por assistir ao filme. [Risadas] Eu até não vi, mas não sei, baixa aí depois para você ver, ter uma ideia. E o Partido Pirata criou um e-mail para ajudar as pessoas, porque, aparentemente, não existe nada na legislação brasileira que realmente faça esse valor de R$3.000

      (41:23) fazer algum sentido. E a gente tem um e-mail lá para quem receber essa carta e precisar de alguma ajuda, pelo menos de alguma informação. Tem o e-mail [email protected], que agora chega para a gente no Instituto. A gente consegue dar algum auxílio, pelo menos para falar para a pessoa: “olha, marca esse e-mail como lido, deixa para lá que não dá em nada”. E se vocês virem os tipos de e-mail que chegam, o fato de eles parecerem um esquema, um golpe, é

      (41:59) assustador. É um e-mail que fala: “Olha, você cometeu um crime, você precisa acessar esse site aqui e fazer um depósito de R$3.000 nessa conta”. É muito parecido com qualquer golpe que você encontra de phishing na internet. Não dá para diferenciar um e-mail legítimo, seja lá o que for legítimo nesse caso, de um e-mail que você receberia só por ter uma conta de e-mail na internet. Então, é um negócio que a gente ainda mantém, o canal de comunicação para ajudar quem está

      (42:38) com esse problema. E isso é uma coisa que a gente herdou do Partido Pirata. A gente, inclusive, tem aqui, Lucas, você nos passou o site, então a gente vai deixar aqui no show notes. Mas apenas para dizer que, além do Instituto, a gente tem aqui, além do Partido Pirata à época, a gente tinha envolvido nesse grupo de pessoas, com uma nota conjunta, grupos e institutos como a Coalizão de Direitos na Rede, o Creative Commons Brasil, o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), grupo

      (43:16) de Estudos em Direito, os nossos amigos lá do IRIS. Então, é uma coisa muitíssimo amparada por todos os lados, seja técnico e jurídico também. Porque você pode, às vezes, pensar de forma até legítima: “não, eu não estou alinhado com os objetivos do Partido Pirata”. Não é só isso, você tem institutos como o próprio IDEC aqui, e o Creative Commons Brasil, a Coalizão de Direitos na Rede, que também estão interessados, porque devem ter abusos sendo cometidos num cenário de

      (43:54) discussão bem delicado. E, pegando do ponto de vista técnico, tem um abuso esquisito, porque a carta chega para você por causa do IP que você usou, do IP que eles pegaram no servidor do seu provedor. Só que é o provedor que passa essa informação para eles. E o endereço IP não garante que o usuário final é aquela pessoa. Isso não era verdade quando toda a internet era cabeada, a internet de casa.

      (44:36) Hoje em dia é muito menos, com Wi-Fi. O endereço IP chega no meu roteador, ele é compartilhado por muitas máquinas que eu não tenho controle. O meu não, porque eu sou paranoico, então meu SSID é escondido e tem senha forte, etc. Mas, normalmente, os Wi-Fis são públicos e todo mundo consegue acessar, e muitos não têm senha ou têm uma senha simples. Então, usar o IP para falar: “você, Fulano, que paga a conta desse IP, é o cara que baixou esse filme” é um absurdo, tecnicamente falando,

      (45:17) completo. Sem contar que eu não sei exatamente como eles estão fazendo isso, mas imagino que estejam pedindo essa identificação para os provedores por via extrajudicial. E a gente também não sabe como isso é feito, para eles pegarem essa informação, de saber que é esse registro e tal. Isso não deveria ser bem assim para consultar. Mas, deixa, Lucas, eu vou pegar um outro assunto aqui, em que vocês podem ter sido… Tu, vocês, Instituto, não, porque foi antes, mas tu podes ter sido acusado por alguém por ter sido um troll,

      (45:53) também, por não deixar as pessoas esquecerem os tuítes que elas escreveram e depois disseram que não escreveram e apagaram. Que é o projeto 7c0. Essa pronúncia, 7c-zero? É essa aqui a fonte que a gente usou aqui? 7c0? O que que é o 7c0? Explica para o pessoal o que o 7c0 fazia e como que está esse projeto, como que aconteceu, qual foi o resultado dele. Vocês sofreram também por terem feito o que fizeram? O que vocês fizeram? Explica um pouco aí. O 7c0, primeiro só para contar o nome,

      (46:39) 7c0 é 1984 em hexadecimal. Ah, que legal, cara. Agora eu passei vergonha, porque eu nem me dei ao trabalho de tentar fazer isso. Mas, baita sacada, baita sacada. Faltou um “x” na frente, podia pôr. Podia, podia. Põe um “0x” ali na frente, porque senão isso não passa no programa. Claro, se tivesse posto um 0x… Aí, sim. Não vou me sentir mais culpado agora. Tinha que ter. Então, a ideia do projeto era… E se vocês entrarem, acho que o site ainda está no ar, eu não o derrubei ainda. Está, sim. A primeira

      (47:24) frase lá é do Orwell. Então, a ideia era, meio que baseado na questão do livro, uma das questões que o Orwell trata no “1984”, que é como o controle do passado influencia o presente e o futuro. Tinha aquele monte de gente reescrevendo, trocando as notícias de jornais e tal. Exatamente. Eu falei: “Beleza. O fato que o Twitter, o ex-Twitter e agora X, permite que um cara que é chefe de Estado apague um tuíte sem manter nenhum registro de que, um, aquilo foi apagado e, dois, o que que estava escrito lá”, eu achava um absurdo.

      (48:10) E eu falei: “Beleza, o que eu posso fazer além de achar isso um absurdo e reclamar no próprio Twitter?”. Sozinho? Você começou a fazer sozinho isso? Isso. Eu falei: “Vou escrever um código, vou escrever um script em Python e vou raspar a conta de algumas pessoas”. No começo, começou com algumas pessoas. Depois, alguém me passou, não vou lembrar o nome da pessoa, mas um cientista social me passou uma lista com todos os deputados brasileiros da legislatura 2019-2022. E eu peguei e falei: “Beleza, vou seguir todos eles”. Então, eu tinha um robozinho que seguia todos esses caras e

      (48:47) baixava todos os tuítes que eles escreviam. Então, de minuto em minuto, eu ia lá, olhava os tuítes que eles tinham escrito, gravava no banco de dados e, uma vez por dia, eu fazia uma varredura e via se esses tuítes ainda estavam no ar. E, quando não estavam, eu fazia um tuíte falando: “Fulano apagou o tuíte” e postava o conteúdo de novo, recuperava o conteúdo. Foi um trabalho bem divertido de fazer, eu imagino. Ele deu menos problema do que eu imaginei que daria no começo.

      (49:22) Eu lembro de ter conversado bastante com muita gente sobre: “Beleza, isso aqui, eu estou legalmente amparado por fazer isso ou posso ter algum problema muito grande?”. Mas eu decidi que poderia considerar que uma conta pública de um deputado é parte do mandato dele, e o mandato dele tem uma obrigação de publicidade. Então, eu estava razoavelmente seguro que seria difícil dar problema. E, tirando algumas acusações de um pessoal da direita, de que eu estava perseguindo os políticos de

      (49:59) direita no Twitter, deu pouco problema. Teve algum barulho uma vez, eu acho que foi na época que teve, não sei se vocês lembram, o rolo da vacina da Covaxin, que teve um superfaturamento e alguma coisa assim. E tinha um monte de deputado de direita que apagou tuítes falando: “Ah, essa aqui é a vacina boa, que não é a vacina chinesa”, e não sei o quê. E aí, quando saiu a notícia do superfaturamento, eles apagaram isso em massa. E aí eu recuperei. Quando eu recuperei isso, rolaram algumas críticas, alguns xingamentos e uma outra ameaça,

      (50:40) mas nada que fosse muito complicado. E, se eu bem me lembro, o robozinho ficava dizendo: “Fulano apagou tal coisa, está aqui o tuíte”. Era isso, um print? Ele simulava um print, eu tirava um print… Eu não lembro como era. Eu cheguei a fazer as duas versões, cheguei a fazer o print, mas o print ficou muito pesado para mim, porque eu desenvolvi e pagava os servidores todos disso. Então, ficar armazenando print na Amazon, que era o servidor onde o sistema estava, foi ficando meio caro.

      (51:21) Então, eu comecei a gravar só o texto, até porque print é muito fácil de forjar também, então não tinha grande valor gravar o print versus gravar o texto. Mas eu sempre recuperava. No começo, eu marcava a pessoa, colocava o arroba do deputado que apagou, mas o próprio Twitter me baniu. Eu fiquei banido um mês, um mês e pouco do Twitter, o robozinho, porque eles falaram que isso era “harassment”. Eu argumentei com eles, eles concordaram que, no caso, tinha um certo valor cívico, mas eles pediram para eu tirar o arroba.

      (1:18:25) A gente encerra, no áudio vai ser cortado, fica “Até a próxima” e o teu “Tchau, gente”. E depois, no YouTube, a gente fica mais um pedaço, não corta. A gente acaba quando tem alguma coisinha a mais para trazer. Eu ia botar a música, mas o YouTube vai nos derrubar. Vai nos derrubar, e com razão. Não por direitos autorais, mas por utilizar uma música de baixa qualidade num vídeo no YouTube. A

      (1:19:02) música… Eu estava vendo aqui, o nome da música não é “Tell Me Why”, é “I Want It That Way”. “I Want It That Way”, “Tell me why…” Ah, é boa, não é ruim, não. Terminou? Quando terminar eu ponho de volta o fone. Ah, não é ruim, eu acho legal. Eu lembro, a minha irmã adorava. Ah, legal, cara. Nossa, era um negócio assim… Dizem que tem mais ódio do que justificável, do que merece. Claro, claro. O próprio Justin Timberlake, do NSYNC, que eu acho que era meio que um concorrente, eu estou puxando de memória aqui porque eu não acompanhava tanto, mas ele era bom, é um cara bom, canta bem.

      (1:19:49) Tinha uma dezena dessas bandas, todas eram muito iguais, e eu entendo a fadiga. Mas, cara, música pop… Hoje tem o K-pop, que é outra pegada. Tenho um amigo meu que tem uma filha, a guria tem 12, 13 anos, eu acho. Cara, é super forte nos adolescentes, muito forte mesmo. Mas, deixo para vocês. Eu não curto essas bandas. Vocês lembram do… Não sei se era NX Zero, cara, lá no começo. NX Zero, que são os gaúchos aqui. Eu, na época, morava em Porto Alegre ainda, Guilherme. E a gente fez uma transmissão de um

      (1:20:33) show desses caras. Não, não foi NX Zero, foi aqueles caras que eram todos coloridos, que eles tocavam com umas roupinhas coloridas. Sim, a gente fez uma das primeiras transmissões ao vivo, que deu um trabalho. A gente estava envolvido na parte técnica, fez a transmissão, a gente recebia o sinal e tinha que mandar para os servidores para distribuir. Cara, como era o nome daquela banda? Era o Restart. Restart. Cara, Restart, meu Deus. Cada coisa que a gente faz na vida… Mas era legal. Na verdade, era uma

      (1:21:18) promoção de um refrigerante, tinha uma coisa. Eu não sei por que a gente estava envolvido nisso, mas tinha um contato que conhecia o André, amigo do André, lá de São Paulo, e ele estava envolvido com esse negócio e perguntou se a gente não faria. A gente conversou e: “Ah, vamos fazer”. Cara, foi um aprendizado naquela época, esse negócio foi bem… Você está no cantor gaúcho e a juventude numa banda numa propaganda de refrigerante… Só “guessing”. Eu sou muito fã, eu gosto.

      (1:22:00) Cara, eu acho ele o máximo, inclusive assisti a shows já aqui bem de pertinho. Ah, legal. Bom, vê só, Lucas, no final a coisa degringolou completamente, o tema aqui, mas está valendo. Sim, eu nunca tinha visto, não assisto no YouTube, eu baixo no podcast, então para mim acabava, não tinha esses extras. Sabe quem vê no YouTube, cara? A gente nem fala nada. É o backstage do negócio. Então, eu vou agora, sim, eu vou encerrar agora com o pessoal vendo.

      (1:22:45) Obrigado por ter aceitado prontamente o convite. Para quem nos acompanha até agora, um abração para vocês. A gente segue os três aqui para encerrar. Um abraço. Para quem acompanhou a gente até aqui, estou desligando. 1, 2, 3 e foi.

       

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