Segurança Legal

Episódio #378 – InternetArchive, Retorno do X, Cortex e celulares nas escolas


Listen Later

Neste episódio comentamos o massivo ciberataque ao Internet Archive, o controverso sistema de vigilância Cortex do governo e o debate sobre a proibição de celulares nas escolas. Você irá descobrir os impactos diretos desses eventos na sua privacidade e segurança digital.​

Aprofundamos a discussão sobre o Cortex, o sistema de vigilância estatal que cruza dados de milhões de brasileiros, como biometria e localização em tempo real, sem ordem judicial, levantando debates sobre privacidade e a necessidade de uma LGPD Penal. Analisamos também o ataque que tirou o Internet Archive do ar e expôs dados de 31 milhões de usuários, as novas políticas do X (Twitter) sobre moderação de conteúdo e o uso de posts para treinar inteligência artificial, e os riscos do reconhecimento facial com óculos inteligentes. Um debate essencial sobre segurança da informação, proteção de dados e os limites da tecnologia. Para não perder nenhuma análise, assine nosso podcast, siga-nos e deixe sua avaliação.

 Visite nossa campanha de financiamento coletivo e nos apoie!

 Conheça o Blog da BrownPipe Consultoria e se inscreva no nosso mailing


ShowNotes

  • The Internet Archive is under attack, with a breach revealing info for 31 million accounts
  • Internet Archive wobbles back online, with limited functionality
  • X finally making long-feared change that enables ‘creeps’
  • BlueSky down: X/Twitter competitor knocked offline after mass exodus from Elon Musk’s site
  • X’s downfall led Bluesky to gain 500,000 Brazilian users in just 2 days
  • ANPD convocará X para explicar uso de dados de usuários para treinar IA
  • Programa de vigilância do MJ permite a 55 mil agentes seguir “alvos” sem justificativa
  • Com cláusula “anti-imprensa”, governo dá acesso ao Córtex até para guardas civis
  • Da placa de carro ao CPF – Conheça o Córtex, sistema de vigilância do governo que integra de placa de carro a dados de emprego
  • Como funciona o Córtex, super sistema de vigilância do governo
  • Cade investiga 33 multinacionais por formação de cartel no país
  • Teles estudam usar dados de clientes para vender score de crédito
  • Maioria dos pais é a favor de proibir celular nas escolas, diz Datafolha
  • Terrifying Smart Glasses Hack Can Pull Up Personal Info of Nearby Strangers in Seconds
  • Harvard duo hacks Meta Ray-Bans to dox strangers on sight in seconds
  • 📝 Transcrição do Episódio

    (00:00) Bem-vindos e bem-vindas ao Café Segurança Legal, episódio 378, gravado em 18 de outubro de 2024. Eu sou Guilherme Goulart e, junto com Vinícius Serafim, vamos trazer para vocês algumas notícias das últimas semanas. E aí, Vinícius, tudo bem? E aí, Guilherme, tudo bem? Olá aos nossos ouvintes. Esse é o nosso momento de conversarmos sobre algumas notícias e acontecimentos que nos chamaram a atenção, tomando um café ou outra bebida. Pegue, então, a sua bebida preferida e venha conosco. Para entrar em contato conosco e enviar suas críticas

    (00:32) e sugestões é muito fácil: basta enviar uma mensagem para [email protected], no Mastodon em @[email protected] e no Bluesky @segurancalegal.bsky.social, além, é claro, do direitodetecnologia.com, que sou eu lá no Bluesky. Dá para você agregar o seu domínio lá, que seria o “verificado” do Bluesky. E o Vinícius no serafim.p.

    (01:03) br. Isso aí. Estou sem a referência aqui na pauta, mas eu sigo o Vinícius lá, então siga o Vinícius lá você também. Já pensou em apoiar o projeto Segurança Legal? Acesse o site apoia.se/segurancalegal и escolha uma das modalidades de apoio. Entre os benefícios, você terá acesso ao nosso grupo exclusivo de apoiadores lá no Telegram. Ontem, por exemplo, postei algumas das notícias que seriam tratadas aqui para dar um gostinho para a audiência. E como sempre, Vinícius, a gente sempre pede que você considere apoiar um projeto independente de

    (01:34) produção de conteúdo. Você tem essa garantia da nossa independência aqui, né, Vinícius, para trazer as informações importantes aqui para vocês. E inclusive, Guilherme… Calma, calma. Já ia puxar a mão, para quem está vendo no YouTube, o Guilherme já ia fazer um… mas, fazendo um adendo ao que tu falas, eu estava conversando ontem com uma pessoa, com um profissional que trabalhou em uma empresa que nós atendemos há algum tempo pela Brown Pipe, e ele está revisitando os episódios mais antigos do Segurança Legal. Estava

    (02:10) no 227, uma coisa assim. E ele ouvindo e dizendo: “Cara, tudo que acontece agora, tudo que vocês apontam, que vocês apontavam lá dentro da empresa, vocês já estavam gravando isso, está lá no podcast, está sendo dito lá no podcast”. E cara, exatamente. O podcast serve também como propaganda da Brown Pipe, a gente fala que é um oferecimento da Brown Pipe em todo início de episódio. Eu acho que dá para dizer que a gente iniciou a empresa em torno do podcast, né, Guilherme, em 2012. Sim, o podcast veio antes, veio

    (02:50) antes da Brown Pipe. Veio antes da Brown Pipe. A gente já tinha a intenção, já tinha a ideia ali em 2012, a gente estava pensando na criação da Brown Pipe. E a gente sempre foi muito transparente em dizer que nós somos independentes, a gente не tem nenhum tipo de filiação ou de patrocínio de algum produto específico de segurança, principalmente no que diz respeito ao nosso trabalho. A gente é bem independente nesse sentido, e o que a gente traz no podcast é conteúdo que a gente usa no nosso

    (03:26) trabalho. Então, você está ouvindo o Segurança Legal, a gente não está escondendo o jogo, a gente está trazendo coisas que são realmente importantes, realmente úteis. E sim, se um dia você ou sua empresa nos chamar, chamar a Brown Pipe para atender, você também, que é também um jeito de apoiar o podcast. De passagem, contrate a Brown Pipe, que também é um jeito de apoiar o podcast Segurança Legal. Vocês vão ver que muito do que a gente coloca no nosso trabalho, das discussões que a gente tem com os nossos clientes, nas nossas reuniões, nas nossas trocas de experiências,

    (04:04) porque a gente conversa muito com o cliente, a gente se preocupa muito em fazer troca de conhecimento, não só entrega de coisas pontuais. A gente troca experiências ali com o cliente, e vocês vão ver que muita coisa está no podcast, foi dita no podcast ao longo desses anos. Então, é um conteúdo realmente útil. Sem falsa modéstia, é um conteúdo que é útil, é um bom conteúdo. Aproveite o conteúdo, porque é um bom conteúdo. E apoie o Segurança Legal contratando a Brown Pipe, é uma outra forma

    (04:45) também. Além disso, eu preciso destacar que semana que vem — hoje gravamos no dia 18 de outubro de 2024 —, semana que vem, dia 25 de outubro, às 15 horas, nós faremos uma ação ao vivo do podcast. A gente vai falar um pouco lá sobre resposta a incidentes, gestão de maneira geral de incidentes. E se você tiver na sexta-feira com tempo e tiver o interesse de participar, de ouvido na empresa ou no home office… mas é um tema, vamos lá, é um tema super relevante, questão de gestão de incidentes. A gente vai… eu posso dar o spoiler do material,

    (05:28) Guilherme? Posso? Eu acho que pode. Acho que sim. Pode. Então, tá. Então, o Guilherme autorizou. Vou dar o spoiler: vai ter o material, então, que a gente vai compartilhar, o material escrito que a gente vai compartilhar sobre gestão de incidentes na sexta-feira. E a gente vai fazer a nossa conversa em torno desse material e de algumas outras coisas. Como vai ser ao vivo, como a gente já fez em outro episódio, você pode acompanhar a gente na gravação. E se você quiser largar alguma pergunta lá, de repente você não pode ouvir tudo, está lá trabalhando e não tem como ficar

    (06:00) 100% do tempo prestando atenção no que a gente está falando, de repente você pode largar uma pergunta ou outra para nós lá no chat. A gente vai estar no YouTube, no chat lá do YouTube. Conforme a gente conseguir, a gente encaixa na nossa fala, responde, comenta. E se a gente não conseguir na hora, a gente pode trazer em algum outro momento. Mas fiquem à vontade para nos acompanhar, então, fazer uma companhia para a gente na sexta-feira que vem, dia 25 de outubro. Não vai ser café, mas você pode

    (06:38) trazer um café também. Bom, e aproveitando que a gente falou sobre a Brown Pipe antes, não deixe de visitar o blog da Brown Pipe. Você vai encontrar semanalmente algumas notícias importantes sobre segurança da informação. Nos últimos tempos, bastante coisa sobre proteção de dados, mas algumas relações interessantes. Olha, o Vinícius está mostrando: compartilhamento indevido com a Meta, empresa multada por uso ilegal de sistema de controle de ponto, e a terceira notícia é um hospital multado em 200.000 € por falhas graves

    (07:11) na segurança de dados de pacientes. Esse tema, segurança da informação e proteção de dados, anda cada vez mais de mãos dadas. Inclusive, vamos fazer algumas considerações sobre esse aspecto, sobre esse lado do problema, na nossa live da semana que vem. E ali na própria Brown Pipe, se você quiser, você pode se inscrever no mailing semanal para acompanhar e para receber lá na sua caixa de e-mail algumas dessas notícias que vão para o nosso blog. Também temos o YouTube, a gente já falou antes. Você pode acompanhar alguns episódios. Sobretudo, Vinícius, eu já vou começar jogando a

    (07:46) bola para ti, porque houve um… nós temos esse serviço chamado Internet Archive, que sofreu um baita de um incidente, um baita de um ataque, melhor dizendo, nos últimos dias. Explica para nós o que aconteceu e por que esse tema é importante para nós. Cara, a gente не sabe o que aconteceu. O que se sabe até o momento é que houve um Distributed Denial of Service. Então, um atacante teria utilizado vários dispositivos que vieram principalmente da China — o Brasil foi o terceiro, agora

    (08:27) esqueci o país. O Brasil foi o terceiro. Era China, um outro país e o Brasil. A origem… Coreia, acho que foi. Deve ter sido Coreia. Agora não tenho certeza, mas o Brasil foi o terceiro na origem de tráfego que foi utilizado. Então, tráfego de rede, pacotes TCP em boa parte, para entupir o acesso aos links lá do Internet Archive. Então, esse ataque tirou o Internet Archive do ar, que era o que a gente sabia em um primeiro momento. Em um segundo momento, e vocês vão poder ver isso na notícia do The Verge, vocês vão

    (09:06) ver que não só houve um Denial of Service, mas também teve uma quebra de segurança que acabou revelando informações sobre 31 milhões de contas, provavelmente a nossa também, que está lá. Você nem contou ainda por que é importante. Nem contei ainda, mas já estou dando o spoiler aqui. 31 milhões de contas. Não vazaram senhas. As senhas, na verdade, estavam protegidas com Bcrypt, que, aliás, tem um… eu tenho um vídeo lá no canal do Segurança Legal no YouTube em que a gente falou justamente sobre

    (09:40) armazenamento de senhas, uso de Bcrypt, etc. É um material que a gente colocou lá um tempo atrás, eu fiz uma live sobre isso. Então, está lá o material para quem quiser saber mais sobre Bcrypt. Mas essa senha que vazou no formato Bcrypt… eventuais atacantes não tiveram acesso à senha em texto claro, como a gente chama. Para eles conseguirem recuperar a senha, eles vão ter que tentar quebrar cada um desses Bcrypts que eles conseguiram recuperar. Óbvio que, se a senha for fácil, не vai ter muito esforço. Mas senhas que foram bem escolhidas vão estar razoavelmente protegidas

    (10:19) desse eventual ataque secundário, digamos assim, em cima dos Bcrypts vazados. E vazaram detalhes sobre as contas: nome, e-mail, esse tipo de informação. Agora, por que o Internet Archive é importante? O Internet Archive tem… vamos falar da natureza do serviço, Guilherme. Ele tem um objetivo, talvez o inicial e principal dele quando eles começaram, alguns anos atrás, que era ser uma biblioteca da internet. O que uma biblioteca faz? Ela guarda exemplares de livros que foram publicados. E na internet, o que eles

    (10:57) fazem é guardar “exemplares” dos sites publicados. Então, vocês podem… não sei como está funcionando. Deixa eu entrar aqui para ver como eles estão nesse momento, se o Wayback Machine está funcionando. Acho que está, tu estavas usando antes, né, o Wayback? Sim, sim, está. Só que quando você cai na página do Archive direto, ele mostra… Dá até para mostrar a mensagem ali do “Service availability”. Beleza, eu vou mostrar aqui. Essa aqui é a página principal hoje do Internet Archive. Estão dizendo que estão tendo problema e tal. Quando aconteceu… ah, eu

    (11:33) queria mostrar para vocês rapidamente o Internet Archive Wayback Machine, mas não está aqui, acho que o link… Será que o link está indo aqui? Não está. Wayback Machine, que te permite… Ué, estou clicando e não está indo. É, pior que não está indo mesmo. Que bom. Mas eles têm esse serviço, Wayback Machine, em que você pode colocar o endereço de um site e ver cópias do site que você colocou ao longo dos anos. É muito interessante para pesquisa e tudo mais. Mas, enfim, eles têm um outro serviço… Advogados usam às vezes para buscar uma informação que

    (12:08) eventualmente foi publicada, você consegue usar em processos e tal. Pessoal de OSINT também. Também, também. Mas, enfim, eles têm um outro serviço que не é só a cópia do que tem na internet, mas de hospedagem de conteúdo para a comunidade da internet. E uma das coisas que dá para hospedar lá, adivinha? Áudio de podcasts. E há muitos anos, lá em 2012, uma dupla que procurava um lugar para hospedar um podcast encontrou o Internet Archive. Gratuitamente. No início do projeto, gratuitamente, a gente encontrou o Internet Archive e até nos surpreendeu que

    (12:53) a gente conversou com eles, a gente trocou informações com eles por e-mail, até foram bem rápidos nas conversas que a gente teve. A gente gostaria… a gente viu que eles tinham um esquema de coleções para não largar nossos episódios todos soltos lá dentro. Nós queríamos criar uma coleção chamada “Segurança Legal” e botar nossos episódios de Segurança Legal dentro. E eles responderam prontamente, dizendo: “Olha, publiquem os primeiros 10, eu acho… 20?”. Acho que tinha um número que eles pediram. “Publiquem os primeiros tantos, e a gente cria a coleção e depois joga tudo lá para dentro”. E assim foi feito. A

    (13:27) gente fez a gravação, eles criaram a coleção para nós, jogaram nossos episódios todos lá dentro, e a gente ficou feliz da vida. Até o momento presente, todos os nossos episódios, até hoje, desde então, foram publicados sempre no Internet Archive. E aí sofreram esse ataque. Então, se você está tentando ouvir nossos episódios direto do site, fazer o download lá, не está funcionando ainda. Os episódios antigos… nós temos backup de todos os episódios, então a gente не tem preocupação em ter perdido

    (13:59) o conteúdo em si, mas os episódios antigos, por enquanto, estão indisponíveis. Você não vai conseguir baixar. E no Spotify, a gente percebe que tem funcionado porque tem cache. O Spotify está baixando o MP3 do Internet Archive, mantendo em algum lugar lá dentro, então tem cache. E a gente acabou publicando os episódios mais recentes do Café, o último e esse aqui também, e o outro também. A gente continua publicando no YouTube. Então, no YouTube, você consegue ver, não os mais antigos, mas tem um

    (14:34) bom tanto lá dos mais recentes. E a gente está publicando na AWS, por enquanto, os arquivos, enquanto não volta o Archive. É isso, nós fomos afetados por esse negócio, mas isso já faz um tempão. Cara, nós estamos há umas três semanas nesse negócio, mais ou menos. Vai fechar quase um mês já. Então, é eine pena. Quem atacou está dizendo que atacou porque é um serviço norte-americano que está rodando nos Estados Unidos, e

    (15:11) os Estados Unidos apoiam Israel, etc. A gente não vai entrar nessa discussão neste podcast, que não é o objeto, mas o ataque teria sido porque o Internet Archive seria fácil de atacar, é norte-americano e pelo apoio dos Estados Unidos a Israel. Enfim, essa foi a coisa. E o Guilherme aqui acaba de trazer… não sei por que tu não falou, tu mandou aqui no chat. Podia ter falado. Posso falar? Não, agora eu vou falar, tu mandou para mim, eu vou falar. Perdeu a chance. O Guilherme lembrou que os primeiros episódios a gente

    (15:48) publicou no blog dele, no blog antigo. Teu blog existe ainda? Aquele blog, não. Ele publicou no blog dele os primeiros episódios, e depois a gente criou o site do Segurança Legal e começou a colocar tudo lá. Se você quer ver como é possível algo melhorar bastante, ouça o nosso primeiro episódio de Segurança Legal, que você vai ver a qualidade do áudio comparada com a de hoje, nem chega perto. E também a qualidade dos apresentadores, que eram os mesmos, mas, há mais de 10 anos, a gente

    (16:25) tinha outro jogo de cintura para gravar o podcast. Então, você que quer gravar um podcast e acha que os primeiros ficaram ruins, fique tranquilo, você vai melhorar. É só não desistir. Vamos embora. Muito bem. Enquanto você falava aqui, eu estava tentando ver se o blog estava fora do ar, se está funcionando. Direito e… Tecno, ao vivo, Vinícius. Ao vivo. Me manda o link, se tiver, que eu já compartilho com o pessoal. blogs… Eu não consigo digitar… blogspot… está no ar. Está no ar. Manda aí, que eu vou compartilhar com

    (17:05) o pessoal. O último episódio, a última postagem, faz só 10 anos, mas tudo bem, está lá. Meu, tem o logo da Brown Pipe antigo ainda, com uma foto que eu tirei dos campos aqui da região. É verdade. Está aí. Só da internet… Olha, minha defesa de mestrado ali em 2012, tinha esquecido. A tua entrevista para a Rádio Justiça do STF. Participação sobre vazamento de fotos íntimas de atrizes de Hollywood. Será que o áudio está aqui ainda? Eu recebi… Ah, está no Internet Archive, está meio quebrado, mas o áudio está. Mas

    (17:57) tem ali, por exemplo, alguns dos episódios ainda estão lá. Se você for ver, é um histórico interesante. Canal do Otário. Decisão que ordenou retirar o vídeo do Canal do Otário. Lembro, lembro. O podcast Segurança Legal, te mandei ali, de 2012, Interceptação Telemática, falamos inclusive com o Paulo César Herman, teu colega, meu colega de mestrado. Eu mantive. Tu vês, esse blog aqui era desde 2006. Eu entrei no mestrado em 2009. Eu lembro até que o meu professor comentou na aula: “Bah, ele tem um blog, vocês acessem lá e leiam sobre

    (18:35) Direito da Tecnologia”, porque, veja, em 2006, a internet era muito diferente do que é hoje. Faz quase 20 anos, 18 anos isso. Quase 20 anos, exato. E quase 20 anos, e a gente já estava estudando esses temas. Então, é legal olhar para esse histórico aqui também. É bem interessante. É isso aí. Deu um momento… como a gente chama? Momento nostalgia. E eu dando spoiler das notícias aqui. Vamos lá então. Vamos para o nosso café. O que tu queres comentar? Qual é a tua primeira notícia? Rapidinho, eu

    (19:08) quero falar sobre o retorno do X. No nosso último Café, a gente falou, faz um tempinho já, que a gente ficou duas, três semanas sem gravar. Claro, vocês acompanharam essa grande queda de braço entre… Eu não sei se dá para chamar de queda de braço, basicamente, porque tem ordens judiciais descumpridas, você tem a participação do Supremo Tribunal Federal e a resistência… aí sim, nesse sentido daria para se dizer, do X em descumprir essas ordens. Bom, teve tudo aquilo que a gente já comentou, não vou refazer tudo o que aconteceu. Já falamos demais sobre esse assunto,

    (19:48) mas decidiram voltar. Nomearam representantes, “bom, vamos pagar a multa”. A multa ficou. Os caras, antes de voltar, pagaram a multa, só que depositaram o pagamento da multa em uma conta errada. Fizeram o PIX errado e tiveram que peticionar dizendo que a conta era errada. Bom, depois houve o retorno no país. Muitas pessoas notaram, em muitas reportagens estrangeiras, americanas, em jornais americanos, enfim, comentando sobre o aumento da desinformação e como o X tem cada vez

    (20:26) mais se tornado, por suas políticas de falha no âmbito da moderação, um espaço cada vez mais apto para florescer discursos homofóbicos, islamofóbicos e de desinformação mesmo. Inclusive, no último furacão que houve lá nos Estados Unidos, teve muita desinformação sobre isso. Mas com a volta do X, não exatamente porque voltou, mas concomitantemente, houve uma decisão que o Musk já havia anunciado anteriormente, que era modificar o sistema de blocos. Então, você no Twitter vai lá, bloqueia alguém, aquela pessoa não consegue nem

    (21:09) interagir contigo e nem ver os teus posts. A partir de agora, com a nova política do Musk, à qual ele vinha se opondo, sobretudo porque muitas pessoas bloqueavam contas que ele achava que deveriam ver, e ele, por entender que essas contas deveriam ser vistas e fugir desse sistema de blocos, a partir de agora, se os posts forem públicos, pessoas que foram bloqueadas poderão ver os posts de quem as bloqueou, o que basicamente destrói o sistema de blocos, que seria um tipo de moderação de conteúdo pessoal que,

    (21:45) me parece, toda a rede deveria permitir. A ideia de bloquear é: eu publico algo, eu não quero que tu vejas e te bloqueio. Exatamente. Agora, uma vez que tu me bloqueies, eu vou poder ver os teus posts. E isso, em uma timeline que fica cada vez mais não aquela das coisas que você segue, mas sim uma timeline moderada pela plataforma, você perde um pouco o poder que você teria de: “Ah, o algoritmo está me mostrando esse cara aqui, eu não quero mais ver esse cara” ou “Se eu interagir com ele, não quero que ele veja as minhas interações também”. Mas isso vai ser quebrado. Eu acho

    (22:25) que uma coisa é te forçar a ver o conteúdo de outra pessoa, o que acho que não está sendo mexido. No momento que eu não quero mais ver o teu conteúdo, eu não vejo, eu te bloqueio, não quero ver teu conteúdo e acabou. Certo, eu te bloqueei. Agora, eu não sei, eu tenho minhas dúvidas, dado o que a gente viu acontecendo com relação, principalmente, à questão de políticos que usam o Twitter como plataforma oficial de sua comunicação. Vários fazem isso, de todos

    (22:56) os espectros políticos, todos os posicionamentos. E eu acho que esse pessoal, por exemplo, não tem o direito de impedir que se olhem os posts deles, entende? Eu acho que isso deveria ser forçado. Não tem essa de bloquear e não deixar. “Ah, vou sair bloqueando jornalista, vou sair bloqueando opositor, vou sair bloqueando não sei quem para não verem os meus posts”. Se o cara está pegando só esse caso, não sei se de forma geral isso se aplicaria, mas se ele está publicando e usando isso como canal oficial de comunicação institucional, eu acho que

    (23:33) ele não tem que ter o direito de bloquear mesmo. Uma conta institucional não deveria ter. O cara que está usando para fins institucionais, acho que não deveria ter mesmo. Por outro lado, pensando em todo mundo agora, não especificamente no caso de políticos, cara, se tu estás dizendo um negócio em uma rede pública, não é um grupo privado de conversa, tu estás largando ali e queres impedir que uma determinada pessoa ou um certo grupo de pessoas veja os teus posts? Ou não vejam? É impedir que eles

    (24:03) vejam. Impedir que vejam. Eu não sei se eu me oponho tanto a essa regra de “tudo bem, tu queres bloquear o cara, beleza, mas o que tu publicas é público, todo mundo vai poder ver, inclusive quem tu não gostas pode ver”. Então, eu не vejo, não sei se isso é um problema tão grande. Eu creio que é, porque você perde um controle que você poderia ter sobre quem pode ler o quê, mais ou menos. Não é um grupo fechado, mas com o negócio público, vai lá, cria outra conta e vai ver teu conteúdo. Sim, mas aí tu

    (24:38) percebe, tu vais ter que criar uma outra conta que não é você para… Mas se o cara se importa contigo a ponto de tu teres que o bloquear, tu achas que o cara não vai fazer isso? Eu não vejo vantagem em fazer isso. E acho que o que… me forçar a olhar um conteúdo, beleza, acho que não pode acontecer mesmo. Agora, me proibir de ver algo que é público… Isso já ocorre, porque eu acho que seria romper com a ideia de ou você ter o teu perfil fechado ou você ter o teu perfil aberto, permitindo um controle mais granular.

    (25:12) Os caras falam, também, algumas reportagens falam sobre situações de pessoas que eventualmente podem estar sendo perseguidas, situações de pessoas que começam a usar os teus posts para te agredir. Em um cenário de uma rede que vai ficando cada vez mais tóxica, esses controles mais granulares permitiriam você fugir de certos ataques e coisas do gênero. E, além disso, além dessa polêmica, eles também alteraram os termos de uso para que todos os posts feitos pelos usuários possam ser usados para treinar

    (25:47) tanto modelos de machine learning deles como a inteligência artificial lá, o Grok. E veja, sem opt-out. E isso revoltou demais. O opt-out, eu recebi o e-mail deles dizendo… depois da atuação da ANPD aqui no Brasil. Sim, e eu recebi um e-mail da Meta, a gente falou no podcast. Eu recebi, me oferecendo o opt-out. Aí eu fiz o opt-out, lembra disso que eu comentei, acho que no episódio? Sim, a gente conversou no episódio. Eu recebi um e-mail de volta dizendo então que iriam

    (26:19) respeitar o meu opt-out, que não iam utilizar nenhuma das minhas informações de nenhuma das plataformas da Meta para fazer o treinamento dos modelos deles. E é importante ter lembrado isso, porque o próprio Ronaldo Lemos comentou sobre esse caso dia desses lá no Bluesky, que por menos do que isso a ANPD impediu que a Meta treinasse o modelo dela daquela forma como ela estava promovendo. E esses e-mails que nós recebemos, acho que todo mundo que tem conta lá recebeu, foram encaminhados depois de um acordo

    (26:55) com a ANPD para colocar o uso dessas informações pessoais dentro de um contexto que permitisse à pessoa realizar algum tipo de controle. Bom, depois de tudo isso, o Bluesky recebeu 100.000 usuários em 12 horas, o que causou uma queda temporária da autenticação deles, não dava para entrar mais no site. Em 48 horas depois disso, tanto da retirada da ferramenta do block quanto do uso de dados para treinamento de inteligência artificial, em 48 horas foram em torno de 500.000 pessoas. E o Bluesky já

    (27:37) se tornou o terceiro aplicativo mais baixado na loja da Apple nos Estados Unidos. Além disso, e por último, a União Europeia também começou a considerar, para a aplicação de multas para o X, contabilizar o faturamento das outras empresas do Musk, e não somente do X. O que aconteceu? O Alexandre de Moraes passou em concurso na Europa, foi isso que aconteceu? Passou para a corte europeia? Ele fez um concurso, passou e está lá aplicando multa no grupo inteiro lá também? Olha só. A grande

    (28:17) questão que tem se colocado, e nós já lemos diversas mensagens do Musk publicamente xingando autoridades na União Europeia, é que as regulações começam a se demonstrar ineficientes para conter certos avanços dele. Então, eu não sei dizer se juridicamente isso se ampararia, a depender do país, mas em nível de União Europeia, no que diz respeito às regulações do AI Act, enfim, do Services Act deles lá também, se isso se ampararia. Mas como as multas podem chegar a até 6% do faturamento, se

    (29:02) colocar a Tesla também junto com o X e com outras empresas, a multa pode ficar bem salgada. O fato é que pessoas diferentes de países diferentes estão tomando medidas, em alguns casos até de forma parecida com as que foram tomadas aqui, para tentar conter o que tem se firmado como comportamentos muito desviantes da rede social, basicamente do X. Aquele último livro, que acho que a gente comentou, o livro sobre ele que a gente comentou no último episódio, comenta um pouco da dinâmica

    (29:40) de como as decisões eram tomadas. É um livro-reportagem, basicamente. Já veio para o Brasil, e tal. Enfim, depois eu pego o nome, que não lembro exatamente. Mas, enfim, acho que você pode tocar uma tua, Vinícius. Quer falar sobre a pesquisa da Datafolha, o que os pais estão pensando? Esse é um assunto que me é muito caro. Eu até conversei hoje, ainda pela manhã, com algumas pessoas sobre isso. Eu vou compartilhar já direto a notícia para a gente comentar em cima

    (30:11) dela aqui. A matéria da Folha de S.Paulo está falando que a maioria dos pais é a favor de proibir celular nas escolas, diz Datafolha. A pesquisa mostra que 43% dos pais de crianças dizem que os filhos de até 12 anos têm um aparelho próprio. Cara, eu acho que, dependendo do ambiente que tu olhares, da escola, poder aquisitivo, etc., isso pode ser bem maior. Isso pode ser bem mais do que só 43%. Eu acho que aqui, por exemplo, é um pouco mais. Dos colegas do meu filho, acho que mais de 43%

    (30:57) têm celular. Mas, enfim, esse assunto me é muito caro porque eu me preocupo bastante. Eu tenho filhos e vejo claramente o comportamento deles e de colegas deles com relação a celular. A gente já vem observando isso há bastante tempo, mesmo antes de eu ter os meus filhos. A gente grava o podcast há mais tempo do que eu tenho meu filho mais velho. E a gente já vem falando há bastante tempo desse tipo de uso. Bom, o que a pesquisa traz? 62% da população, segundo o Datafolha — eles pegaram brasileiros a partir dos 16 anos —,

    (31:37) apoia o banimento dos celulares em sala de aula, tanto em sala de aula quanto nos intervalos. Na parcela da população que tem filhos de até 12 ou de até 18 anos, o apoio à proibição é um pouco maior: 65%. 43% dos pais de crianças de até 12 anos dizem que o filho já tem aparelho celular próprio, e até 18, 50% têm aparelho celular próprio. Guilherme, eu, pessoalmente, metendo minha opinião aqui, não chego a dizer que é um grande problema. Há pouco tempo, por exemplo, deve ter outros pais que nos escutam e talvez se identifiquem com essa

    (32:16) situação. Meu filho не tem celular próprio, ele tem menos de 12 anos. Ele foi viajar com a turminha e, para esta viagem especificamente, eu separei um celular com chip, configurei esse celular para ele poder usar para conversar com a gente e ponto. Um “burning phone” para ele poder… não chega a ser um “burning phone”, mas para ele poder tirar as fotos dele, poder mandar mensagem, falar com a gente a hora que ele quisesse. E depois ele voltou de viagem, a gente recolheu o celular, acabou, не tem mais o celular. Então, eu não vejo tanto problema os

    (32:56) filhos já terem aparelho próprio ali pelos 12 anos. A questão não é em si o aparelho, mas sim o uso que se faz do aparelho. É ainda maior o número dos que consideram que o celular… estou lendo aqui da matéria, para quem não está vendo no YouTube… é ainda maior o número dos que consideram que o celular traz mais prejuízos do que benefícios ao aprendizado de crianças e adolescentes: 76% da população e 78% entre os que são pais de crianças. Olha que interessante. Eu julgava que o pessoal não tinha tanta consciência assim. Eu imagino que

    (33:32) a Datafolha fez a pesquisa direitinho, metodologicamente, aquela coisa toda. Então, claro, esses números me surpreenderam. Mais de 70% da população e pais de crianças acreditam que o celular em sala de aula traz mais prejuízo do que benefício. Isso me surpreende. Por que me surpreende? Me parece aquela coisa do cara que fuma… Cala a boca tu, aquela piada. O cara que fuma, hoje em dia,

    (34:15) tu sabes que aquilo te faz mal, mas por N razões, e claro, existe o vício, existe toda uma questão complexa, fisiológica, psicológica e tudo mais, que nós não vamos discutir aqui. Mas tu sabes que aquilo faz mal, mas por alguma razão qualquer, tu continuas usando aquele recurso, o cigarro, por exemplo. E me parece que isso aqui me lembrou um pouco essa situação. Os pais sabem que faz mal, pela pesquisa. Sabem que prejudica e, no entanto, tu vês que… Eu não sei se sabem,

    (34:54) Vinícius, mas 70% acham que faz mal. Eu até acho o número meio alto. Também achei. Não faz sentido a gente dizer “eu acho que a pesquisa está errada”, não fizemos a pesquisa, então vamos pegar a pesquisa. Estou me baseando no que a pesquisa está dizendo. Se quase 80% da população e dos pais acham que faz mal, e 43% — e acho que esse número é até mais alto — dos pais de crianças de até 12 anos dizem que os filhos já têm

    (35:27) aparelho, tem uma coisa meio estranha aí. E o próprio comportamento dos pais… e aí vamos apelar para a nossa experiência do dia a dia, Guilherme. Dos pais que tu vês por aí, dos pais que eu vejo por aí quando a gente vai a um restaurante, quando a gente vai viajar, num almoço na casa de amigos ou numa viagem que tu faças. Tu vês um pessoal num restaurante de férias e tal, os pais estão grudados na porcaria do celular. E a galera… aquela velha cena do casal sorrindo, tirando a foto,

    (35:59) faz a selfie, aí para de sorrir e cada um fica no seu celular. E depois vai para a tarefa enfadonha de ter que comer aquilo que pediram no restaurante. Não sem antes… Não sem antes fotografar. Claro, mas estou dizendo, faz a selfie com o sorrisão bonito, casal legal, guarda o celular, faz as publicações que tem que fazer e aí: “tá, agora tem que comer isso aqui, depois que eu tirei a foto”. A pior parte é que vira secundário o negócio. Entendi. Eles entrevistaram uma amostra

    (36:33) deles aqui. O instituto Datafolha entrevistou presencialmente uma amostra de 2.029 pessoas, representativa da população brasileira com 16 anos ou mais, em 113 municípios do país, nos últimos dias 7 e 8 de outubro. A margem de erro geral é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, dentro de um nível de confiança de 95%. Ou seja, os números seriam sólidos. A gente está falando de mais de 70% dos pais falando que o negócio faz mal. No recorte dos pais com filhos até 12 ou 18 anos, a margem de

    (37:06) erro é de quatro pontos. A margem de erro aumenta um pouquinho, mas ainda assim é alto, estamos falando de mais de 70% de qualquer jeito, para mais ou para menos. As mulheres se mostram ainda mais preocupadas do que os homens com o prejuízo do celular ao aprendizado de crianças e jovens: 78% delas acham que o aparelho traz mais prejuízos do que benefícios, ante 73% da população masculina. No recorte de gênero, margem de três pontos. O apoio à proibição nas escolas é maior entre aqueles com mais escolaridade. Interessante isso. Isso aqui

    (37:36) é interessante, Guilherme, porque é aquela coisa do “efeito do salgadinho”. Não conheço. Sabe o efeito do salgadinho? Não sei o que é isso. Tu tens aquele salgadinho que não é frito, é ao forno, tem menos sódio, não sei o quê, não tem gordura trans, e custa R$ 50 a grama do salgado, estou exagerando aqui. E tu tens aquele salgado que a gente diz que é o “isopor”, aquele isopor com gordura e sal, que é R$ 1 o grama. Então, o que

    (38:14) acaba acontecendo? As famílias de mais baixa renda tendem a se alimentar ainda pior do que já se alimentam. Tendem a consumir um produto de uma qualidade ainda mais baixa porque não têm um controle muito grande. E nem dinheiro para comprar o salgadinho ao forno com menos sódio. Então, tu percebes aqui, tu intensificas o problema. O cara já tem pouco dinheiro para se alimentar direito, e o pouco dinheiro que ele tem, ele ainda vai comprar uma coisa que está acessível para ele, que faz muito mal para ele. E aqui a gente tem a mesma

    (38:52) coisa. O apoio à proibição nas escolas é maior entre aqueles com mais escolaridade. Ou seja, quem já tem mais escolaridade acaba tendo um entendimento maior, os próprios pais, de que “cara, faz mal esse negócio, eu tenho que ter algum controle”. Pessoas com menor escolaridade tendem, pelo que a gente está lendo aqui, a deixar os filhos mais expostos ao uso dessas tecnologias, com menos controle. Mas deixa eu só fazer uma observação, e eu não tenho filhos, Vinícius, você tem, você pode me confirmar isso. O que parece ser uma

    (39:25) contradição… Ora, se tantos pais sabem que faz mal para a educação, por que dão o celular para o filho levar para a escola? Eu acho que também tem um elemento de você nem sempre conseguir ter o controle total sobre as situações acerca de crianças. Fico pensando naquelas crianças, a cena clássica da criança fazendo birra no supermercado porque quer alguma coisa, o pai не quer comprar, e aí o pai, para evitar a gritaria, pega e compra. Acho que tem esse elemento também. Acredito que deva ser bem difícil criar um filho. Você

    (44:15) não vai levar” e acabou. Eles não insistem, entende? Não tem que ficar no “ai, mas deixa eu levar?”. Não pode. “Ai, não sei o quê”. Não tem. Eles olham, podem olhar, não tem problema, mas não vai levar, e acabou. Então, para o celular, o que a gente faz? À medida que eles vão ficando mais velhos, tu tens que dar a explicação. Então, para o celular, meu filho mais velho já está tranquilo para eu explicar para ele o porquê não do celular. Ele já perguntou algumas vezes, sentei com ele: “Filho, entende que o celular faz mal para a criança, principalmente quando envolve redes sociais”. Eu expliquei para ele o que é

    (44:47) criar uma rede social. Ele já sabe que tem colegas dele, principalmente meninas, que já têm Instagram, então ele já sabe. Ele não usa, mas já sabe que o pessoal tem. E eu expliquei para ele que tem um estudo, não sei o quê, em uma linguagem para ele compreender, e beleza. Ele sabe que daqui a um tempo ele vai ter, mas neste momento ele sabe que eu não estou dando para ele porque eu gosto dele e não quero que ele seja prejudicado por causa de um celular. É claro que faz sentido. Mas a

    (45:18) gente sabe e ele entende, a criança entende. Agora, isso só acontece se tu tiveres um diálogo. E para ter um diálogo, precisa ter tempo. Quando eles falam aqui que aqueles com maior escolaridade… o apoio à proibição é maior entre aqueles com maior escolaridade, aqui tu pressupões, não é regra, tu pressupões que, tendo maior escolaridade, a tendência é que a pessoa tenha mais tempo em casa, tenha um diálogo mais aberto com os filhos. Um

    (45:51) teste qualificado, talvez. Estou pegando um recorte meio… entende? Porque não é pré-requisito, eu sei, mas estou dizendo que talvez tu tenhas, por isso que estou falando do efeito salgadinho aqui. O efeito salgadinho: é muito mais fácil tu comprar um pacotão de salgadinho cheio de gordura trans e sal, entregar para a criança e deixar na frente da TV ou de um celular se entupindo com aquilo do que tu parar… não digo que tem que gastar num salgadinho mais caro, mas de repente comprar uma fruta. Tu convenceres a criança a comer uma fruta, e

    (46:28) tu sentares para conversar, trocar uma ideia, explicar o porquê não. Eu acho que tem um monte de coisa aqui que pode estar envolvida nesse processo, nessa questão da escolaridade que é citada. E talvez eu acho que faz sentido. Claro, aqui a gente не tem condições de falar sobre pedagogia, sobre educação de crianças, é uma experiência bem empírica, mas talvez o problema com o celular… assim, o celular está causando, de forma documentada, danos para a educação de crianças, jovens e, agora eu falo

    (47:05) enquanto educador, e adultos. Algo… eu contei, acho que aqui, um dia desses, uma aluna minha estava assistindo à televisão no celular. E aquilo me chamou bastante atenção, porque era uma aula. Enfim, mas estava lá assistindo a um programa de televisão. Pensando: “Poxa, a pessoa está assistindo à televisão…”. Nunca tinha visto que tem alguns celulares que têm televisão. Sim, sim, nem precisa. Tu baixas o aplicativo e assistes. Então, aquilo me chamou a atenção. Me parece que a questão do celular é um sintoma de algo

    (47:39) maior, de outros problemas. Agora, deixa eu trazer uma outra pesquisa, Vinícius, a gente tem que passar adiante, 50 minutos já. Só deixa eu citar mais um tópico dessa pesquisa que é bem interessante. Antes que alguém fale “ah, isso é de tal espectro político, de tal espectro, desse outro, não sei o quê”. Olha que interessante aqui, eles se preocuparam com isso. Em um país polarizado, a preocupação com celular une lulistas e bolsonaristas. Entre os que afirmam terem votado no presidente Luiz Inácio Lula da

    (48:09) Silva (PT), 61% se declaram a favor da proibição do aparelho nas escolas. Entre los que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), são 63%. Então está ali, 61%, 63%, que se declaram a favor da proibição do aparelho nas escolas, acham que, de fato, faz mal. Interessante. Os eleitores dos dois polos opostos estão ainda mais próximos quando o Datafolha pergunta sobre o impacto do celular para o aprendizado de crianças e adolescentes: para 76%, o aparelho traz mais prejuízos do que benefícios, tanto entre lulistas quanto entre

    (48:47) bolsonaristas. Interessante. Não, talvez seja desimportante esse dado. Não, parece uma coisa meio fora do propósito ali no meio do caminho, mas eu acho que eles quiseram mostrar: “isso aqui não está relacionado necessariamente a um determinado espectro político”. A gente sabe muito bem que o efeito das redes sociais, o uso das redes sociais e do celular, a questão do papel do WhatsApp, dessas coisas todas nas eleições, na questão política, a gente sabe muito bem disso. Então, talvez por isso eles trouxeram essa coisa meio, eu diria,

    (49:24) inusitada. Esse recorte talvez provocativo. Eu diria provocativo. Interessante. A gente está falando de pesquisas. Só para também lincar esse tema com o tema do nosso episódio anterior, sobre IA no ensino e na pesquisa. Então, se você não ouviu, vá lá e escute também, depois de ouvir este episódio. Mas tem a nossa pesquisa, que é a TIC Kids Online Brasil, Vinícius. A nossa não, aquela pesquisa brasileira. A nossa brasileira, claro. Mas a pesquisa que a gente sempre comenta aqui, do

    (50:04) mesmo pessoal que fez aquela pesquisa do estado da adequação à LGPD no Brasil. Tem vários números. Você vai ver ali que tem vários números. Eu destaquei dois aqui enquanto você falava. Crianças e adolescentes por dispositivos utilizados para acessar a internet. Os números que eu vou passar não significam que são essa porcentagem de todas as crianças do Brasil, são das crianças que acessam a internet. Não achei aqui o número de crianças que acessam a internet na

    (50:35) população toda, mas das que acessam, eles mediram qual foi o equipamento utilizado. Tablet: 11%. Computador portátil: 23%. Computador de mesa: 22%. Videogame: 22%. Televisão: 70%. Eu perdi o celular. Telefone celular, o número, Vinícius? 97%. Nossa Senhora. É, por isso que aquele número, aqueles 43%, está meio baixo lá, mas tudo bem. 97%. Então, me chamou a atenção aqui esse número também. Eu posso falar sobre o caso Cortex? Tá bom, fala. A Agência Pública retomou um tema que não era de todo desconhecido. Enfim, é um sistema

    (51:33) que está funcionando desde 2021, 2020. Enfim, antes havia algumas limitações, mas do jeito que ele funciona hoje, ele está assim desde 2021. Em 2020, até teve uma reportagem do The Intercept Brasil falando sobre. É um sistema governamental mantido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública que visa a agregar dados de várias fontes diferentes. Então, o Ministério da Justiça montou esse “broker”, digamos assim, de dados, claro, para serem utilizados para fins de segurança pública de maneira geral. E esses dados vêm de diversas fontes

    (52:21) diferentes. Esse sistema tem sido utilizado e já foi disponibilizado para mais de 180 órgãos públicos, tendo 55.000 usuários, tudo com dados da Agência Pública, em uma belíssima reportagem. E porque traz à tona o que, na minha visão, é um problema. O que ocorre é que essas pessoas conseguem acessar esses dados não somente sem dar nenhuma motivação para essas consultas, como também sem a necessidade de autorização judicial. Entre as pessoas que usam esses dados, você tem membros de Forças Armadas, policiais civis, militares, federais,

    (53:07) agentes penitenciários, setor de inteligência do Exército, ABIN, Gabinete de Segurança Institucional e até bombeiros também utilizam isso, além de órgãos do Ministério Público de estados, enfim, mais ou menos ligados a alguma atividade. Mas o que chama a atenção é justamente essa questão de não haver nenhuma motivação para acessar esses dados. O próprio Ministério disse que essa motivação não seria necessária e que, além disso, não caberia a eles controlar quem acessa o quê nesse sistema. Eles disseram: “O controle de acesso para realização de consultas…” — e olha a palavra

    (53:48) usada, tanto nessa fala deles quanto na portaria que instituiu o Córtex: “realização de consultas”. As palavras importam, as palavras têm um sentido. Não se usa as palavras, em muitos casos, ao acaso. O uso de “alvo” aqui. O que é o alvo? Enfim, investigação e tal. Presumo. Presumo, presumo. Sim, alvo de investigação ou de acompanhamento aqui. “…é feito pelo ponto local de cada instituição, indicado pelo seu representante maior, através de ofício, etc.”. Bom, tem essa

    (54:34) portaria. Eles então permitem também que empresas privadas enviem informações para o Córtex, e que tanto órgãos da administração pública como dados provenientes de prefeituras também vão para esse sistema. A Agência Pública teve bastante dificuldade para conseguir números aqui de monitoramentos e tal, mas acabaram descobrindo ali em 2022… eles fizeram um pedido que foi negado. Eles disseram aqui, em algum momento, que isso poderia comprometer investigações ou operações. A Agência Pública, via Lei

    (55:15) de Acesso à Informação, pediu: “mas quantas pessoas foram monitoradas?”. Não pediu quem, nem por quem, nem por quê. Ela só pediu o número. E o Ministério disse que não poderia dar essa informação porque pode comprometer investigações ou operações em andamento, o que definitivamente não é verdade. Mas eles conseguiram recuperar um dado de 2022 dizendo que 360.000

    (55:43) alvos em 2022 teriam sido monitorados. Bom, então o que esse Córtex agrega, vocês devem estar se perguntando, se é que já не leram a reportagem. Em primeiro lugar, eles conseguem ter acesso a imagens de 35.900 câmeras espalhadas pelo país em tempo real. Muitas dessas câmeras, eu не sei se todas, Vinícius, eu tenho dúvida, eu não entendi direito ali se todas, então eu vou dizer “muitas”, pode ser que sejam todas, possuem sistema de OCR para reconhecimento de placas. Mas será que isso está na própria câmera ou no serviço de backend que recebe as imagens?

    (56:26) Pois é, não sei. Porque, como eles estão recebendo as imagens, eles poderiam aplicar isso. Deve estar no sistema. Isso deve ser no sistema que recebe as imagens e aplica em tempo real. Sim, aí seria em todas que estão olhando. Pode ser que sim, pode ser que não. Eu digo que não sei porque a gente tem que concordar também que, a depender da resolução da câmera, pode ser que ela não pegue a placa. Sim, e tem câmera que tem essa funcionalidade embutida nela mesma. Sim, sim, sem dúvida. Mas,

    (56:55) enfim. Então, tem essa possibilidade aqui. Em tempo real, eles conseguiriam, por exemplo, fazer o tão aclamado, inclusive pelo governo de São Paulo, o tal do cercamento eletrônico. O que envolve o cercamento eletrônico? Bom, eu sei quem entrou e quem saiu de determinada área. E eles conseguem, veja, acompanhar onde efetivamente as pessoas estão indo. Basicamente, é possível saber onde as pessoas estão indo. A gente teve aquele problema do sistema Last Mile, que permitia ao Gabinete de Segurança

    (57:30) Institucional, a ABIN, na verdade, rastrear pelas torres de celulares. E a gente gravou um episódio sobre isso. Bom, veja que, por meios diferentes, se uma pessoa está de carro, você consegue saber basicamente a mesma informação. Eu sei que o Vinícius saiu de tal lugar e foi para tal lugar, porque tais e tais câmeras… inclusive, você conseguiria configurar o sistema para dizer: “olha, se o Vinícius entrar nessa área aqui, me manda um alerta”. Só que não é só isso. Eles ainda agregam notas

    (58:01) fiscais, cadastros do SUS (inclusive com dados sensíveis e dados das pessoas que usam serviços do SUS), registro de tratores e máquinas agrícolas, cadastro de empregados… Nessa aí eu estou tranquilo, не tenho nem trator nem máquina agrícola. Estou de boa. Mas, cadastro de empregados, eles conseguem saber quem trabalha em qual lugar, por quanto tempo e tudo mais. Acho que salário também, que é o tal do RAIS, né? Restrição sobre veículos, manifestos de cargas rodoviárias e listas de pessoas politicamente expostas. A ideia é que

    (58:32) eles avancem isso. Você falou que é uma questão de política, na verdade isso vem desde o governo Temer, foi bastante ampliado no governo Bolsonaro e, ainda agora no governo Lula, a coisa continua funcionando. E ainda na gestão do Flávio Dino, tentaram fazer uma auditoria para trás, mas desistiram. Então, é uma coisa que está ultrapassando a orientação política. É uma coisa que a gente sempre diz aqui: você implanta isso porque aquele governo te agrada; не se esqueça que o governo pode

    (59:06) mudar, ou que o Estado, para além do governo, tenha interesse em manter aquilo funcionando, que é o que parece ser o caso. E veja, ninguém aqui é contra a persecução penal, ninguém aqui é contra a resolução de crimes, mas é inegável, muitas vezes, o que se chama de populismo penal. O que é o populismo penal? “Eu vou colocar todo mundo na cadeia e isso vai resolver os problemas do crime”. Como se colocar pessoas na cadeia fosse a única forma de você resolver crimes, ou não só resolver, mas diminuir o crime. Você sabe que tem uma série, um caminhão… Nem vou puxar esse fio, eu

    (59:45) já tinha uma resposta para dar, mas a gente vai entrar em uma área que não é nossa. Mas é um pouco de populismo no seguinte sentido: “vamos monitorar todo mundo, que daí a gente consegue resolver todos os crimes e as pessoas vão ficar mais seguras”. Exato. “Vamos botar um monte de câmera na cidade que a gente vai ficar mais seguro”. É isso aí. E isso envolve tanto aquela sensação de monitoramento… Existem dezenas, não, centenas de estudos que falam sobre os efeitos negativos do monitoramento na vida das pessoas, o impacto que isso tem na vida

    (1:00:17) das cidades. É um problema de urbanismo também: quais os lugares que vão ser monitorados ou não. E envolve uma série de coisas. A gente fala sobre cidades inteligentes hoje, um grande tema. Bom, as cidades inteligentes, a inteligência que se está colocando nas cidades tem sido usada para fazer esse tipo de coisa aqui. E mais, Vinícius, o que mais me chamou a atenção é que os caras têm acesso à bilhetagem de ônibus municipais, e que permitiria que eles conseguissem, em tempo real, saber CPF, nome dos passageiros, linha, prefixo,

    (1:00:55) data e hora do embarque e mais: latitude e longitude dos ônibus. Tudo isso em tempo real. A gente falou aqui, eu не sei se eles estão tendo acesso à biometria, porque a gente comentou há alguns anos no podcast sobre uso de biometria em ônibus. E a gente comentava, eu lembro bem, Vinícius: “Mas imagina só qual vai ser o sistema que vai armazenar essa biometria facial? Será que vai ser seguro o suficiente? Será que não vai ser transferido para terceiros? Será que não pode ser invadido? Será que não é um servidor num canto

    (1:01:27) de uma empresa de ônibus que poderia ser mal utilizado?”. E bem, hoje se está utilizando sistemas de bilhetagem de ônibus para alimentar sistemas de persecução penal, veja, sem ordem judicial. Esse é um problema. Porque, basicamente, dessas 55.000 pessoas que têm acesso, e já se identificou aqui que há uso, aluguel e venda de credenciais sendo feitas, eles identificaram isso. Episódio número um do Segurança Legal. Exato. A gente retorna mais uma vez. Então, veja, é uma coisa que não está sendo muito controlada. Eles ainda

    (1:02:07) querem buscar mais dados ainda. Então, as prefeituras, para que elas entrem, em alguns casos, elas têm que fornecer os dados que elas têm para que consigam entrar no sistema. Isso é feito por meio de acordos de cooperação técnica. O The Intercept, nessa reportagem que eu comentei, de 2020, eles comentaram que tiveram acesso a um vídeo de um membro da polícia, e ele dá uma explicação do que é possível fazer com o sistema. Ele disse: “Os agentes conseguem, a

    (1:02:44) partir da placa do carro, saber toda a sua movimentação pela cidade, com quem você se encontrou, quem te acompanhou nos deslocamentos e quem te visitou. Também podem cruzar esse histórico com informações pessoais e dados de empregos e salários, incluindo boletins de ocorrência e passagens pela polícia”. Pois bem, então, dito tudo isso, e eu já comentei alguns dos problemas aqui, isso é pura e simples vigilância estatal fora do arcabouço jurídico necessário, e ainda mais sem uma LGPD penal. Isso é populismo penal, isso é

    (1aijadir direitos e comprometer direitos fundamentais dessas pessoas que estão aqui e que estão sendo monitoradas, muitas vezes sem motivação. É uma quebra do que a gente chama de devido processo legal, inclusive de investigações. E não se pode tudo. O Estado não pode tudo. E essa, inclusive, é a diferença entre o Estado e o bandido. O bandido pode tudo, claro, desviando-se da lei. Mas o Estado, o compromisso da existência do Estado é que ele не possa tudo e que ele deva respeitar regras, o “due process of law”,

    (1:03:49) o devido processo legal de maneira geral, não somente no processo. E a impressão que eu tenho é que a gente vai meio que como o sapo dentro da panela. Aquela história… que eu não sei se é verdade, se não é, como é que a gente diz, mito urbano, lenda urbana. Se é real, eu não sei, nunca tentei cozinhar um sapo. Não teria sentido. Mas a gente vai perdendo um pouco o controle de certas

    (1:04:21) coisas enquanto sociedade, e alguns absurdos começam a acontecer e, veja, está tudo bem. Você tem sistemas, tem vazamentos, vendas de credenciais, pessoas utilizando, documentado que isso está acontecendo. Isso é coisa para cair ministro. Isso é coisa para você, efetivamente, fazer alguma coisa para colocar algum limite, sobretudo de motivação. E eu fico muito preocupado com o uso desses sistemas para essas finalidades de forma descontrolada.

    (1:05:05) Deveria ser a coisa mais controlada do Estado. E também, o pior, nesses acordos de cooperação técnica, que daí é outra reportagem da Pública, eles têm uma cláusula que impede que os órgãos que usam o sistema comentem. Aqui: “proíbe a transmissão a outros órgãos e entidades, tampouco divulgar à imprensa que possível ocorrência foi decorrente de informações contidas no sistema, de forma a detalhar sua dinâmica de funcionamento”. Eu vou, Guilherme, te passar aqui o link para botar na pauta depois e vou só compartilhar rapidamente com o pessoal. Tem um vídeo de três anos atrás do Intercept

    (1:05:42) Brasil sobre o Córtex. Ah, legal. Então vai estar lá no show notes também. É um vídeo que está lá no YouTube sobre o sistema Córtex. Beleza, então vai estar o link lá para o pessoal poder dar uma olhadinha. E também, enquanto eu fui catar o vídeo, eu achei uma notícia muito interessante que eu acho que é de utilidade pública, do UOL. A notícia é: “Sagui drogado”. O que tem a ver? “Homem dá maconha e bebida alcoólica para macaco-sagui, filma o crime e é preso”. Bem feito. Com essa, eu

    (1_06:23) posso pegar uma notícia minha, que não é essa. Não vale essa notícia. Não, essa não valeu. Você pode falar de uma parecida com essa, Vinícius? Uma parecida com essa, dos óculos. Não, mas não tem nada a ver com essa. Por que? Como assim? Não está ligado com o uso de dispositivos que vão permitir identificar pessoas e mais? Ah, eu achei que era parecido com o do sagui. Coitado do sagui. Não, com o do Intercept, do Córtex. Um Córtex privado, talvez. Quando saiu o óculos da Meta, quando a Meta lançou o óculos, o menorzinho,

    (1:06:59) o Meta Quest, que é um negócio gigante ainda, deu todo um fuzuê, o óculos com IA integrada e tal. Eu comentei, não lembro com quem foi, se foi contigo ou se foi lá com a Dani, com a Camila, com o Mateus, não sei com quem foi. Mas eu comentei da possibilidade de tu estares usando um óculos desse, e eu até falei: “Bah, não sei se eu me sentiria à vontade na frente de uma pessoa com um óculos desses”. Porque daqui a poco ela pode estar ali com o óculos, se ele tem

    (1:07:30) integração com a internet — não precisa nem ser direta, com a IA —, se tem acesso à internet, tem acesso à IA, ponto. Mas se ele tem microfone, tem câmera, etc., pouco custaria ele ficar analisando, pegando amostras da minha voz, ou pegando efetivamente o que eu estou falando, o que eu estou fazendo na frente da pessoa. Gravam voz, gravam. Eles têm microfone e câmera. Então, pouco custaria isso ser enviado para algum lugar, sendo feito um processamento em tempo real e dando dicas para a pessoa

    (1:08:01) que está ali conversando comigo. A pessoa está em uma reunião. Entende o potencial disso? Foi a primeira coisa que eu pensei quando eu vi o lançamento desses óculos. Pensei justo na coisa errada que dá para fazer. Então, de repente, estou lá em uma reunião, conversando contigo, ele está analisando para mim os argumentos que tu estás colocando e me dando dicas, me soprando no ouvido: “ele está citando tal coisa, provavelmente ele está querendo ir nessa direção”. Uma coisa meio… não tão futurista assim, talvez. E agora eu vejo que com essa

    (1:08:31) notícia, que foi tu que levantaste inclusive, que eu achei bem interessante, alguns estudantes fizeram exatamente isso. Eles integraram… Esses estudantes, Vinícius? Esses estudantes. Mas foi muito interessante o que eles fizeram. Eles pegaram o óculos, justamente o óculos da Meta, e fizeram uma identificação em tempo real usando biometria facial, identificando os rostos das pessoas e trazendo, em tempo real, detalhes sobre elas. Tipo um “doxing” em tempo real. Então, eu olho para o Guilherme com o óculos, ele me traz o nome do Guilherme, informações da rede social dele, começa a

    (1:09:16) me trazer um monte de informação do Guilherme ali no óculos. Eles fizeram isso. O que daria para fazer, eles efetivamente fizeram. A matéria é do futurism.com, “The Smart Dox”. Inclusive, chamaram o projeto de “AI X-Ray”. E o que eles fazem, efetivamente, é capturar a face das pessoas em tempo real, passar essa captura para um serviço chamado PimEyes, se não estou enganado. E a partir dessa captura, eles identificam a pessoa. Nós

    (1:09:57) testamos o site, o PimEyes (“P-I-M-E-Y-E-S”), “face search engine, reverse image search”. A gente testou isso logo antes de gravar e funciona, ele identifica a pessoa. E a partir daí, eles usam um Large Language Model para fazer a pesquisa na internet, em redes sociais e tudo mais, por dados sobre aquela pessoa. Inicialmente, eles acharam uma coisa muito interessante. Em seguida, segundo a matéria, eles se deram conta, ou foram chamados a atenção, de que “olha, isso é um perigo, é uma coisa complicada”, e acabaram convertendo

    (1:10:37) a solução que eles desenvolveram em um alerta, não é algo que eles pretendem tornar público. Mas chama a atenção, não sei se é nesta matéria, que há algum tempo, o próprio Google… deixa eu ver se é nesta matéria aqui. Sim, aqui. Os jovens estudantes não foram os primeiros a fazer o release de uma ferramenta como essa. Como revelado pelo The New York Times, pela repórter Kashmir Hill, em um livro

    (1:11:17) que ela escreveu sobre IA, tanto o Facebook quanto o Google construíram ferramentas de reconhecimento capazes de identificar rapidamente faces, ou seja, fazer um reconhecimento em tempo real. Mas decidiram не seguir adiante com a tecnologia por causa de problemas óbvios relacionados à privacidade. É aquela história: achar que eles simplesmente jogaram isso aqui fora, eu acho que é uma inocência, muita inocência achar que o Google e o Facebook desenvolveram isso e “meu Deus, isso aqui é perigoso” e jogaram fora. Eu acho que

    (1:11:58) isso pode estar sendo utilizado de alguma outra maneira, ou vai acabar vindo em algum produto, ou já está sendo colocado em algum tipo de produto. Então, à medida que a gente vai tendo óculos conectado com IA, um reloginho conectado com IA, um bottom que vai na tua camiseta conectado com IA, um anel conectado com IA… vocês vão encontrar soluções assim por aí. E à medida que esse negócio se torna cada vez mais potente, e potente no sentido de conexão ubíqua, ou seja, conectado o tempo todo,

    (1:12:33) acesso a modelos de IA cada vez mais rápidos, uma capacidade cada vez maior e mais rápida de resposta, a gente tende a ver tecnologias mais comuns nesse sentido. Desde tu pegar um computador e estar em uma reunião com o computador e, em vez de tu iniciares uma conversa, ou mesmo com o celular, que agora o ChatGPT finalmente lançou a conversa avançada… O meu já tinha faz um tempo. Conversa avançada, áudio? Já tinha. Eu interrompia ele… Que chato isso. Até atualizou para uma melhor, para uma

    (1:13:07) tecnologia melhor. Mas eu já conseguia conversar, interrompendo, conversar mesmo. E ele ia respondendo, eu o interrompia, ele aguardava. Então, agora tu imagina, em vez de ter isso, tu estás lá com um fonezinho de ouvido, com o celular na mesa, a reunião rolando, o ChatGPT no modo de escuta. Ele está ali, escuta, não precisa nem do fone de ouvido, ele só está no modo de escuta, te dando um resuminho, fazendo uma análise do que estão falando para ti na tela do teu notebook, que é bem normal tu estares em uma reunião hoje com o notebook aberto. Então, isso já pode

    (1:13:39) ser feito. É correto tu fazeres isso sem avisar as pessoas? É correto tu submeteres um grupo a uma análise, uma pessoa a uma análise em uma conversa que ela está tendo contigo, sem ela saber que tu estás fazendo isso? Simplesmente pelo fato de que tu podes ter isso de alguma maneira escondido no teu óculos, no teu bottom, no teu pingente no pescoço, seja lá o que for, no teu relógio. Eu gostaria que, se alguém usar um óculos desse perto

    (1:14:13) de mim, o óculos acendesse uma luz vermelha para mostrar: “estou gravando você”. O primeiro smartphone que eu tive, que foi um Nokia, era smartphone sim, era o N95, pode ser? Era o Nokia N95. Ele tinha uma luzinha. Com câmera fotográfica, câmera super boa, lente Carl Zeiss para a época. E ele, quando você ia gravar um vídeo, acendia uma luzinha vermelha. Imagino que com essa preocupação, para que as pessoas… Hoje, claro, isso não existe mais. Hoje as pessoas se filmam

    (1:14:52) e se fotografam sem barulho, sem luzinha e sem nada. Se naturalizou. Mas na época, você tinha uma preocupação dessas. Só para destacar, Vinícius, essa PimEyes, ela também oferece uns serviços de proteção para retirar fotos da internet, para te avisar caso uma nova foto apareça. E o top service deles aqui, que é o Advanced, custa 17.000…

    (1:15:18) por ano. Daí tu podes fazer pesquisas ilimitadas, podes acessar as fontes das imagens, você tem 500 alertas… 17.000? Dólares. Não, reais. R$ 17.000. Ah, então está barato. O Open Plus, por ano, é R$ 800. Mas a ideia seria você identificar eventuais ocorrências e tudo mais. Caramba. E aí, tem mais uma tua, Guilherme? A gente já passou de uma hora e quinze. Sim, sim. Eu gostaria de falar rapidinho sobre um outro, foi um verdadeiro escândalo, dá para se dizer,

    (1:16:05) porque algumas multinacionais começaram a montar o que eles chamaram de cartel. Foi uma investigação promovida pelo CADE em que eles identificaram que 33 empresas multinacionais formaram esse chamado cartel para trocar dados de empregados. Foi uma prática que se iniciou lá em 2004 e foi até 2021. E eles montaram tipo um pool, uma “joint venture” ilegal, claro, para trocar informações sobre salários e benefícios dos empregados, envolvendo dados como salário atual, se a

    (1:16:42) pessoa tem veículo ou не, qual o plano de saúde da pessoa, se tem transporte ou não, vale-transporte, vale-alimentação, as demissões feitas, férias, licenças, educação, benefícios de planos de saúde, entre outros. Eles tinham, inclusive, canais digitais para a troca dessas informações entre eles, até grupos de WhatsApp, e faziam até mesmo encontros durante a pandemia, claro, em home office, para proteger a segurança de todos. E qual era o objetivo disso? Que as pessoas que estivessem nessas listas не receberiam benefícios nem ofertas

    (1:17:21) vantajosas. Você usaria isso para saber informações, tipo uma “blacklist”, mas, na verdade, era para prejudicar os consumidores. E por que o CADE entra? Porque afeta a concorrência entre as empresas. Ou seja, você está afetando ali não somente a concorrência, mas também as próprias situações em que essas pessoas poderiam ganhar mais. Porque, como todo mundo tem acesso aos dados de todo mundo, você poderia oferecer salários iguais ou menores e não aumentar. É uma forma de você lidar com um eventual déficit informacional ali

    (1:17:56) natural entre mercados como esse. E esses impactos acabaram atingindo, segundo o CADE, o âmbito da concorrência. Mas, nota, não é só a concorrência. A reportagem não falou sobre isso, não sei se eles se deram conta, certamente se deram, mas você tem aí uma violação clara da LGPD, porque essas pessoas… é um tratamento totalmente ilícito com fins discriminatórios. O Vinícius está mostrando a lista dessas empresas. É difícil de encaixar na

    (1:18:34) tela aqui. São multinacionais, mas você vai encontrar, por exemplo, bem conhecidas, como IBM, Natura. Me chamou bastante atenção que isso estaria… Para não listar apenas algumas, Guilherme, eu vou ler só o primeiro nome de cada uma delas: Alcoa, Alumínio, Avon Cosméticos, Cargill Agrícola, Claro, Coca-Cola Indústrias, Companhia Siderúrgica Nacional, Danisco Brasil, General Motors do Brasil, Goodyear do Brasil, IBM Brasil,

    (1:19:14) Kimberly-Clark, Klabin, Arcos Dourados Comércio de Alimentos, Monsanto, Nestlé Brasil, PepsiCo… Lembrei do Roberto Justus xingando o cara. PepsiCo do Brasil, Philips do Brasil, Pirelli, Sanofi-Aventis, Serasa, Siemens Energy Brasil, Souza Cruz, CPFL, Syngenta, Vale, Volkswagen do Brasil, Votorantim Cimentos, Votorantim Industrial e White Martins.

    (1:20:04) Essas são as 33 listadas aqui na matéria do Robson Bonin, da Veja. E nessa mesma linha ainda, houve uma outra notícia que as teles, as nossas teles aqui, Claro, Vivo e tudo mais, estão estudando usar dados de clientes para começar a vender score de crédito. Na verdade, é uma intenção, um estudo. Eles estão estudando isso, mas, e eu não sabia disso, Vinícius, as teles já compartilham dados de clientes pós-pagos para os birôs de crédito desde 2020. Eu não sabia disso. A novidade agora é que eles vão começar a fazer isso também para os clientes pré-pagos. E aí existiria

    (1:20:54) uma API para consumir esses dados. Eu vou ler aqui o que o Leonardo Silva, executivo de IA e Big Data da Vivo, disse: “serão considerados variáveis como tempo de relacionamento, tipo de plano, comportamento de pagamento do usuário na operadora, que venderá diretamente a informação da nota”. Eles, de forma muito adequada, entrevistaram o nosso amigo Rafael Zanata. Ele diz o seguinte: que o problema é que daí você poderia passar a fazer uma perfilização de pessoas mais pobres, que seriam as pessoas que, em geral, iriam

    (1:21:28) utilizar os planos pré-pagos. E, claro, eles vão dizer: “ah, vai ser muito bom, imagina só, a pessoa não tem conta em banco, mas se ela vai tirar um crediário e ela é uma boa pagadora da sua conta de telefone, poderíamos ter vantagens de score de crédito”, aquela coisa toda que se coloca. Enfim, o problema здесь, inclusive para os dados dos pós-pagos que já são transmitidos, é a questão também de proteção de dados. Você tem um desvio de finalidade. Os dados não foram

    (1:22:03) recolhidos para criar esse score de crédito naquele contexto. E você não vai poder se opor a esse tipo de tratamento. Provavelmente, eles vão usar o legítimo interesse para fazer isso, mas me parece que não passaria no teste do legítimo interesse vender dados de uso de telefones para fazer discriminação. E como uma coisa claramente proibida pela LGPD. A gente sempre teve essa coisa aqui no Brasil: “eu preciso registrar todo mundo com o Marco Civil”, tem que registrar. E os telefones, ninguém pode criar um telefone

    (1:22:41) sem a identificação de quem ele é, porque senão essa pessoa pode cometer crimes. É curiosa essa restrição aos direitos que se coloca. Nos próprios Estados Unidos, a gente brincou antes, você tem lá os “burning phones”, você vai lá, compra num posto de gasolina um telefone e fala. Você pode cometer crimes? Sim, você pode cometer crimes, assim como você pode cometer crimes com armas também, que aqui no Brasil você teve uma ampliação. Assim como o dinheiro também é usado para cometer crimes. Mas o ponto é como são curiosos esses

    (1:23:13) usos, algumas justificativas que se usam para, por exemplo, começar a coletar dados de todo mundo para depois desviar a finalidade para novas finalidades não relacionadas com aquela justificativa que você deu para interferir em direitos fundamentais. E aí, depois você passa a usar isso, por exemplo, para o mercado de crédito, para gerir risco de crédito, mesmo para quem eventualmente não vai buscar crédito ou não pode se opor. Então, é um pouco do estado do que tem acontecido no Brasil com a proteção de dados. Pois é, cara.

    (1:23:47) É aquela velha questão que a gente já discute há muito tempo: proteção de dados e mau uso. É uma coisa que o pessoal diz: “não vai acontecer, não vai acontecer”. Mas abre uma brecha, deixa a coisa um pouquinho descontrolada, e tu já começas a ter gente fazendo mau uso das coisas. Bom, falando em mau uso, Guilherme, eu vou trazer uma última aqui. Vamos lá. Eu já dei a minha última, agora é a minha última aqui. É mais uma curiosidade, mas tem a ver. A Deebot, “Deebot robots vacuums”, ou seja, aspiradores de pó da Deebot.

    (1:24:27) Eles têm no aspirador de pó deles, no robô aspirador, câmera e microfone. Câmera eu até entendo, para ver… Não, mas… tem os sensores, talvez, tem o LIDAR, tem um laser, um radarzinho para mapear obstáculos. Mas o que os caras estão fazendo? Eles estão mapeando as casas das pessoas, óbvio, para poder aspirar, que é o que o robozinho faz, mas eles estão tirando fotos, mandando informações, mapas 2D e 3D do ambiente que eles estão aspirando e

    (1:25:12) gravando áudio, e mandando essas informações de volta para casa, ou seja, mandando lá para os servidores do fabricante, em tese para treinar modelos de Inteligência Artificial. Exatamente para quê, etc., não se sabe. Quem está advogando isso é o… eu vou dizer o nosso amigo, que nós já trocamos mensagem com ele, então somos amigos, já nos autorizou há anos a traduzir artigo dele e tudo mais. Da Inteligência Artificial, quando as pessoas traduziam manualmente. Hoje não precisa mais. Que é o Bruce… Poxa, o

    (1:25:58) nosso amigo Bruce, o Bruce Schneier. O Bruce Schneier cita uma matéria de uma agência de notícias australiana. Está aqui a notícia, vou clicar aqui, vou abrir rapidamente. Então, ele referencia esta notícia aqui, vai estar lá no show notes para vocês. Justamente, o que eles descobriram é que esse robô, fabricado pela Deebot, esse aspirador de pó, está coletando fotos e áudio para treinar uma inteligência artificial do seu fabricante. Para que exatamente, não se

    (1:26:34) sabe. Só se sabe que ele está, enquanto aspira a tua casa, coletando informações. Eu espero que nenhum de vocês que esteja nos ouvindo agora esteja com um desses equipamentos em casa, porque deve ser um saco comprar um negócio desses e, de repente, descobrir que tem microfone e câmera nele. Ou seja, eu já iria pegar ele, trazer aqui para a minha bancada, abrir e sair fazendo… Tu mandaste… Não, eu mandei que o Google já fez isso, as câmeras Nest. Eles tinham uma central Nest deles que também tinha um microfone escondido. Eles disseram que foi um erro, aquele

    (1:27:15) microfone escondido ali. “A gente botou aquele microfone lá…”. Às vezes você está fazendo um equipamento qualquer: “Olha só, coloquei um microfone sem querer”. Mas aconteceu recentemente com pagers, a galera sem querer botou uma carga explosiva em uns pagers por aí. Esse tipo de situação… Que eu mostre do Nest também? Não, só ele dizendo que o Google admitiu o erro de ter um microfone. Mas o seguinte, isso aqui é bem interessante porque é só para chamar a atenção que os dispositivos estão cada vez mais complexos e a gente

    (1:27:50) já comenta isso há bastante tempo. Hoje, ter um microfone em um relógio de pulso não é novidade. Todo smartwatch já tem comando de voz e não sei o quê. Então, tu tens um monte de microfones ao mesmo tempo. A gente comentou há vários episódios, isso deve fazer uns 10 anos, pelo menos, Guilherme, que tem mais câmera e microfone em um dado ambiente do que pessoas. Só o celular garante duas ou três câmeras e um microfone, no mínimo, por pessoa. Só o celular. Sem contar… mas vamos contar uma para o celular,

    (1:28:28) para ser justo. Ainda entre nós aqui, quantas câmeras a gente tem aqui em volta? Sim, tem o tablet, tem a Alexa, tem a câmera do celular… Já está aqui a Alexa querendo responder. Então, tem câmera do celular, tem a câmera do computador, tem a câmera do notebook, enfim. E agora o aspirador com câmera e microfone gravando o que acontece na tua casa. Que bom, maravilhoso. Eu fico bem feliz em ver que essas profecias, não nossas, algumas talvez nossas, mas eu já não lembro mais,

    (1:29:05) se realizando. Estou sendo sarcástico, gente, eu не estou nem um pouco feliz de saber que tem microfone por aí escondido na casa das pessoas, e câmera. É isso, Guilherme. É isso. Sobre o… só para… ainda sobre o… eu estava procurando essa notícia. Na verdade, a Nest tinha uns termostatos. Sim. E eles disseram que não iam fazer uma coisa e depois fizeram. Falamos sobre isso, eu lembro bem do caso. A Nest tinha uns termostatos para fazer climatização, “smart home” lá nos Estados Unidos.

    (1:29:43) A gente mostrou as notícias, inclusive, acho que a gente mostrou até, gravou vídeo no YouTube sobre isso. A Google comprou a Nest. Aí sai uma matéria dizendo: “Não se preocupem, a gente não vai usar os dados do Nest”. E no dia seguinte ou dois dias depois, sai uma matéria dizendo: “Google vai utilizar os dados do Nest”. Então, sim, a gente gravou sobre isso, a gente tem episódio sobre isso. Não sei se tu consegues achar, Vinícius. Cara, eu estou procurando, ele

    (1:30:16) deve ter ficado perdido em algum de notícias. Cara, não sei se a gente gravou um episódio especificamente sobre isso, e de qual maneira a gente vai indicar o episódio? Mas você não vai conseguir ouvir agora, porque enquanto… Não tem, não tem no… Também não achei. Deve estar em alguma notícia que a gente gravou por aí. Então, vai ser difícil encontrar esse Nest aí. Quem sabe uma ferramenta de IA que indexe tudo que a gente já

    (1:30:44) falou no Segurança Legal até agora ajude a gente a encontrar? Eu não gosto muito dessas ideias. Sei que você fica feliz por isso. Não, pô, a gente vai conseguir localizar muito mais rápido aquilo que a gente falou. “A gente falou em algum episódio sobre Nest”, ele vai lá, cata e nos mostra o episódio. Mas é isso aí, cara. Café Frio e Café Expresso. Café frio. Ah, puxa, você me pega de surpresa. Não, surpresa não, a gente tem que encerrar com isso. Bom, eu vou dar o Café Frio para o Córtex, para o Ministério da Justiça de maneira geral.

    (1:31:14) Apesar de, enfim, ter diversas iniciativas importantes, de trabalho magnífico no âmbito, sei lá, do Direito do Consumidor, da secretaria do consumidor, mas essa aqui eu sei que são coisas difíceis de voltar atrás. Mas, pelo menos, regulamentar, restringir, justificar acessos e consultas, tem que ter nisso aqui. Além, é claro, da gente estar precisando de uma LGPD penal. Café frio vai para… Vou dar o Café Frio para o Córtex mesmo, para o sistema. Como eu não quero ser monitorado pelo Ministério da Justiça, o meu Café Frio vai ser para a Deebot,

    (1:31:56) essa empresa chinesa que nem sabe que eu existo. O Ministério da Justiça, se quiser usar o Córtex com alguém do Segurança Legal, por favor, utilize com o Guilherme Goulart. O Café Expresso… Cara, eu não tenho Café Expresso. Não sei para quem dar o Café Expresso. Para a Pública. Agora eu vou ser monitorado, porque agora eu estou entrando nessa, dizendo que vou dar o Café Expresso para a Pública. Vou dar o Café Expresso para a Pública pela matéria que foi feita, muito bem feita, com

    (1:32:34) bastante informação. E eu acho que não é boato, daquele jeito que a gente gosta. Teve uma parte ali, Vinícius, que eles dizem: “ah, tem aqui os acordos de cooperação técnica já realizados com as prefeituras e ‘pá’, link para os acordos de cooperação”. Você consegue ler todos os acordos. Todos. Isso é que é jornalismo. Às vezes a gente vê coisas assim: “ah, que um estudo apontou…”. Onde? Cadê o link para a droga do estudo? Cadê o link para o artigo? Não colocam. Acho que é medo que a concorrência pegue

    (1:33:06) e também faça uma matéria sobre o assunto. Para não sair do site. Desculpa, isso foi uma inocência minha gigantesca. Realmente, é para não sair do site. É verdade. É isso, Guilherme. Acho isso. Então, mais uma vez, chamando para quem chegou até aqui, talvez pulou o início, chamando você para a nossa live na próxima sexta-feira, às 15 horas. A gente vai estar gravando o episódio do Segurança Legal ao vivo sobre gestão de incidentes de segurança, obviamente. E de novo, é a

    (1:33:43) gravação normal do podcast, que nem a gente já fez outras vezes. Esse assunto já está um tempo no forno e finalmente vai sair. Vai ter distribuição de conteúdo, a publicação de um conteúdo em texto para você ir acompanhando. E depois, também, se não puder acompanhar, não tem problema. Se puder entrar lá, acompanhar a gente, quiser mandar alguma dúvida, alguma pergunta, fique à vontade. Se a gente conseguir, a gente encaixa. Ajude a gente a divulgar nosso trabalho também lá no YouTube. Então, vai lá, dá uma moral para a gente, diz que está assistindo, dá um joinha, aquela história do sininho, aquela

    (1:34:16) coisa toda. Então, dê um apoio para nós lá, que também é uma forma de divulgar e de apoiar o Segurança Legal. Claro, claro. É isso aí, Guilherme. Tá bom, então. Nos encontraremos no próximo episódio do podcast Segurança Legal. Até a próxima. Até a próxima. Beleza, deixa eu parar aqui. Estou parando o Audacity, Guilherme, que está gravando, e vou tirar o urso aqui da sala do Discord. Então, sim, você que está vendo a gente pela primeira vez aqui gravando no YouTube, a gente grava usando o Discord. Depois de muitos anos, a gente usou o Skype. Quando o Skype não

    (1:34:58) tinha sido comprado ainda pela Microsoft, era bom, funcionava muito bem. Ele tinha uma qualidade… eu me lembro até da carinha dele, excepcional. Era muito bom. Quer dizer, acerca da qualidade de áudio. Da segurança, acho que não era grande coisa. Bom, não, mas naquela época acho que nada era seguro. E aí depois a gente começou a usar o Jitsi, antes dele virar o Jitsi Meet na web. O Jitsi, verdade. Que era o XMPP, o protocolo, né, Vinícius? XMPP, acho que

    (1:35:30) é. XMPP, que é o Extensible Messaging and Presence Protocol, que era uma promessa, que todo mundo deveria usar XMPP para os sistemas se conversarem entre si. Só que, na verdade, o que as big techs não querem é que os sistemas se conversem, querem que você fique só dentro do deles. E aí, depois do Jitsi, a gente ficou usando o Jitsi por um bom tempo. Sim. Aí começou a ficar muito ruim, a gente começou a gravar local. Sim, a gente entrava na sala, gravava local e juntava tudo localmente por

    (1:36:07) muitos anos também. Afinal de contas, já faz 12 anos. Sim. E aí, depois de um tempo, fizemos algumas tentativas em outra coisa e chegamos até o Discord. A gente não chegou a testar aquele via OBS, que você faz a conexão direta entre os… tem o NDI. O NDI é uma coisa bem interessante para quem gosta de mexer com áudio e vídeo. É bem interesante, mas acho que não ficou… a gente corre o risco muito grande de ficar dessincronizado o áudio e sabe, fica uma

    (1:36:44) coisa meio estranha. E a gente tem, hoje a gente grava com o Craig no Discord, para que saia o áudio ali. A gente grava local no Audacity, que é o nosso backup, caso dê alguma caca muito errada. E nós temos a gravação no OBS, que eu faço local aqui, que é essa edição que você está vendo no YouTube, é gravada aqui no OBS, capturando o Discord do Guilherme, o áudio que vem dele. E a gente já teve que recorrer… no último episódio, tu pegaste o áudio do Discord. Não, desculpa, do OBS.

    (1:37:19) Do OBS que grava do Discord. Sim, sim. A minha máquina reiniciou, na verdade, eu perdi a minha gravação local, e a gravação do Discord, por algumas questões de rede, ficou meio picotada. Então, nem tem mais essa… Às vezes o Discord começa a degradar. Até para quem pergunta como são feitas as gravações. Mas, enfim, existem outras ferramentas, até pagas, que você consegue fazer isso. Tem, tem. Mas a gente nunca chegou em uma coisa que valesse realmente a pena,

    (1:37:50) além do custo, tem que pagar o negócio, mas que fizesse uma diferença enorme. Principalmente o áudio. Eu vi uma vez um sistema, eu perdi o nome, que algumas bandas usavam para ensaiar pela internet. Mas eu confesso que não sei como eles resolviam essa questão da latência e tudo mais. A latência tem que ter algum tipo de sincronismo. Cara, eu só vou dar uma extra aqui, uma notícia extra que tu separaste, que é bem interessante, rapidinho, da BBC.

    (1:38:28) O título me chamou a atenção. O título deles é: “A Microsoft relança o pesadelo da privacidade que é a ferramenta de captura de tela com IA”. O Recall, lá da Microsoft. O Recall que fica gravando tudo que tu fazes no teu computador para tentar… Cara, tirando toda a parte ruim, o que ele faz essencialmente é gravar tudo que tu fazes no computador e dizer: “quando foi que eu falei com fulano?” ou “onde que eu botei o documento que eu baixei de não sei onde?”. E o Recall consegue, ele sabe o que

    (13910) tu fizeste. É uma inteligência artificial que sabe o que tu fizeste no computador. E, claro, por que isso é o pesadelo da privacidade? Cara, imagina tu ficares dando print de tudo que tu fazes no teu computador o tempo todo. É essencialmente o que essa IA faz. E a Microsoft fez o lançamento, a galera caiu em cima, ela voltou atrás: “não, nós vamos dar uma olhadinha”. E agora ela está relançando o Recall. Apesar de todos os apontamentos de privacidade e tudo mais. Eu achei o site aqui, Vinícius. O aplicativo chama JamKazam.

    (13951) Achei ele. Os músicos que gastaram os últimos seis anos construindo a melhor plataforma no mundo para ajudar músicos a tocar juntos, com alta qualidade de áudio e vídeo. É free. Tem uns vídeos ali, teria que ver como funciona. De repente, não sei se a gente não poderia usar isso aqui.

    (14028) Pois é. Esse negócio é bom. E música tem que ter uma qualidade razoável. Claro, claro. Tem uns vídeos ali, depois eu vou assistir direitinho. Interessante. Olha aí, quem está querendo gravar música ou até mesmo podcast, pode usar. Além das dicas que a gente deu, dá uma olhada nesse cara aqui. Tem um canalzinho separado. Legal. Estavas guardando isso aqui para mim? Era isso que tu estavas fazendo? Não, cara. Então, claro, tu tens que ter…

    (14102) Enfim, mas aparece o pessoal tocando junto aqui. Microfonezinho ligado em cada um. Todos eles estão usando Mac, por algum motivo. Tem o plano free, tem o Silver que é por mês, tem o Gold que é por mês. Não é nada absurdo. E tem o Platinum, que é o preço padrão de IA na internet. Mas não é ruim, não, cara. Justo. Eu vou… eu estou neste momento já botando meus dados aqui, estou criando uma conta para vocês verem como vale a pena assistir a esses minutos que

    (14139) vêm depois do Segurança Legal. É o que a gente chama de serendipidade. Quando é que eu imaginei que nos minutos extra do Segurança Legal eu ia conhecer uma nova plataforma de gravação de áudio? Obrigado, Guilherme, por ter escondido isso de mim até o presente momento. Não, mas eu tinha me esquecido disso na minha vida, não sei por que lembrei agora. Ah, porque a gente estava falando dos apps. Cara, mas isso aqui pode ser bem interessante para nós. Sim, pode ser bem interessante. Acho que vale a pena dar uma investigada.

    (14208) Ótimo. Beleza, então. Com o JamKazam a gente encerra esses minutos extras que a gente deixou aqui para vocês. Muitíssimo obrigado para quem teve a paciência e o tempo de nos acompanhar até aqui e um grande abraço, né, Guilherme? Vamos lá. Até a próxima, pessoal. Não, “até a próxima” já foi, não pode usar essa frase no final. Um abraço, gente, até mais. É isso, um abraço, gente, até mais. Pode. Deixa eu parar de gravar aqui, peraí. Então, tu viste o videozinho dos caras tocando ali? Não vi, vou ver agora na sequência, quando terminar de

    (14237) gravar. Deixa eu só desligar aqui. Fala, galera, um abraço. 

     

    ...more
    View all episodesView all episodes
    Download on the App Store

    Segurança LegalBy Guilherme Goulart e Vinícius Serafim

    • 4
    • 4
    • 4
    • 4
    • 4

    4

    7 ratings


    More shows like Segurança Legal

    View all
    Braincast by B9

    Braincast

    108 Listeners

    RapaduraCast - Podcast de Cinema e Streaming by Cinema com Rapadura

    RapaduraCast - Podcast de Cinema e Streaming

    111 Listeners

    MacMagazine no Ar by MacMagazine.com.br

    MacMagazine no Ar

    179 Listeners

    Xadrez Verbal by Central 3 Podcasts

    Xadrez Verbal

    174 Listeners

    Giro do Loop by Loop Infinito

    Giro do Loop

    91 Listeners

    Tecnocast by Tecnoblog

    Tecnocast

    43 Listeners

    NerdCast by Jovem Nerd

    NerdCast

    1,010 Listeners

    Naruhodo by B9, Naruhodo, Ken Fujioka, Altay de Souza

    Naruhodo

    120 Listeners

    Petit Journal by Petit Journal

    Petit Journal

    78 Listeners

    Durma com essa by Nexo Jornal

    Durma com essa

    46 Listeners

    História FM by Leitura ObrigaHISTÓRIA

    História FM

    30 Listeners

    Ciência Suja by Ciência Suja

    Ciência Suja

    20 Listeners

    Vortex by Parasol Storytelling

    Vortex

    19 Listeners

    Só no Brasil by Pipoca Sound

    Só no Brasil

    4 Listeners

    IA Sob Controle - Inteligência Artificial by Alura - Hipsters Network

    IA Sob Controle - Inteligência Artificial

    0 Listeners