Estudo da metafísica do livro de exercícios de Um Curso em Milagres.

LIÇÃO 236

”Eu reino sobre a minha mente, onde só eu devo reinar.”

Umas das coisas que a metafísica de Um Curso Em Milagres enfatiza no Livro de Exercicios e também no Livro texto é que a mente atua a partir de uma lei imutável: sempre estende mais do mesmo à sua imagem e semelhança.

Isso é assim na Realidade. A Totalidade expande-se eternamente em perfeição, para todos lados de forma infinita. E isso não pode ser ameaçado. Essa é a lei de Deus.

No entanto, quando parece haver uma diminuída e louca ideia de pensar algo à parte da Totalidade, surge uma aparente imaginação de existência separada da Totalidade, na qual um aspecto da mente passa a perceber a ideia de separação como se fosse a existência.

E como a lei de estender-se para mais do mesmo não pode ser mudada, continua atuando mesmo na imaginação de existência à parte de Deus, agora projetando mais limites, formas e separação.

Porém, alinhada com a ideia de separação, a lei de estender-se em mais do mesmo gera um sistema de pensamento de autoengano.

Onde a consciência entrega todo o poder para o senso de separação, esquece-se disso, e passa a experimentar os efeitos do que pensa separada como se fosse vítima e experimenta isso através dos corpos.

Por isso produz a percepção de impotência sobre o proprio sistema de pensamento:

“Por vezes, não parece que eu seja o seu rei. Ele parece triunfar sobre mim e me dizer o que pensar, fazer e sentir.”

A modo de reverter isso é direcionar o foco para a Totalidade.

O observador não deve lutar contra o sistema de pensamento de autoengano. Mas, deve descansar na certeza de que a Totalidade não foi modificada pela imaginação de separação.

Nesse descanso, passa a direcionar o foco, o poder de estender-se para mais do mesmo a partir da Totalidade. E desta forma revela-se na experiência que as ilusões não existem, e nem mesmo estão aqui para serem confundidas com a Realidade.

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LIÇÃO 235

”É Vontade de Deus, em Sua misericórdia, que eu seja salvo.”

Misericórdia aqui, não significa que Deus está tendo compaixão com os transtornos que os fragmentos de consciência aparentam sentir ao tornar a ilusão da percepção real.

Significa que Deus não vê as ilusões, não vê sofrimento ou dor, pois a Totalidade estende-se apenas em Existência perfeita.

Esta lição é um convite para a aceitação de que só há uma única realidade, a eternidade.

“Basta que eu olhe para todas as coisas que parecem me ferir e que afirme com toda segurança: ‘É Vontade de Deus que eu esteja a salvo disso’, para vê-las simplesmente desaparecer.”

Isso não deve usado para livrar-se de sintomas no “eu”, no corpo. Mas para a lembrança de que, como a Totalidade não pode ser ameaçada, não há um “eu” para ter transtorno ou sintomas de sofrimento.

O observador que descansa na certeza de que a Totalidade permanece à salvo, aceita que as ilusões não estão aqui, inclusive o “eu”, portanto, não interessa-se em mudá-las.

Tudo o que é É a imagem e semelhança de Deus. Então, o que parece contradizer a paz só pode ser uma ilusão.

Sendo assim, ilusões devem ser percebidas como ilusões: o observador olha, mas não as reconhece como sua realidade e sabe que a Totalidade permanece intocada.

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LIÇÃO 234

”Pai, hoje volto a ser o Teu Filho.”

Este ciclo de lições da Parte II do Livro de Exercícios são afirmações de auto-reconhecimento de que apenas a Realidade, a Totalidade, é real.

A salvação é o reconhecimento do que está à salvo, do que permanece intocado e nunca foi mudado.

Não é a ideia de um “eu” que está aprisionado e terá a liberdade em algum momento.

O Filho de Deus nunca transformou-se no pensamento de separação e nem afetou-se pelo seu aparente efeito.

Partindo disso, “…hoje volto a ser o Teu Filho”, não significa que o Filho de Deus deixou de ser a extensão de Deus em algum momento e está retornando a isso.

Significa que o Filho de Deus permanece como sempre foi, e isso não pode ser mudado. Ou seja, não há uma consciência de separação.

Ao observador, resta aceitar que não é uma consciência que percebe um mundo de formas e corpos.

Enquanto pensar-se sendo uma consciência que vê um universo de formas e limites, a ideia de que algo será mudado, transformado e salvo no futuro, permanecerá iludindo a sua identificação de existência, fazendo com que Deus não seja compreendido agora.

Ou seja, o convite desta lição é transcender a consciência de separação, que faz a ideia de tempo.

“Pai, hoje volto a ser o Teu Filho”. Hoje aceito que apenas a Totalidade é a Realidade, e aceito a percepção verdadeira como a única mentalidade sobre as ilusões, inclusive a própria imagem individual: não há um “eu” para perceber um mundo.

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LIÇÃO 233

”Hoje dou a minha vida a Deus para que Ele a guie.”

Esta lição obviamente não está dizendo que Deus guiará a vida de um “eu” individual.

Ao contrário, é o reconhecimento de que a autoria da vida é de Deus e não do personagem no sonho.

A consciência de separação através de cada fragmento que imagina-se um corpo no mundo, pratica a arrogância de pensar ter o controle da permanência da vida.

Pois acredita que a vida depende das coisas que o corpo faz; respirar, comer, beber, trabalhar e atingir metas.

Dentro deste equívoco de existência não percebe que o que sente é apenas medo, por imaginar-se separada da Fonte da vida.

Assim, pensa que o seu próprio sistema de pensamento separado (o ego), exercendo o controle sobre acontecimentos e ameaças futuras, é ter paz.

Ter controle a partir do medo não é paz. É insanidade.

Aceitar dar a vida a Deus para que Ele a guie é aceitar que a vida nunca foi do personagem.

Muito menos esteve em algum momento dependente de algo relacionado ao mundo.

Quando o observador do fragmento de consciência realmente confia que isso é assim, dirige as decisões do personagem no sonho não mais com a intenção de afirmar as crenças.

Isso significa que as decisões na ilusão não são tomadas a partir do medo, tornando o personagem no sonho real.

Ao contrário disso, a imagem no sonho passa a ser uma demonstração do sistema de pensamento que não acredita que a vida depende da imagem.

Como Jesus foi para nós uma demonstração de que a morte não existe através da crucificação.

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LIÇÃO 232

”Que estejas em minha mente, meu Pai, durante todo o dia.”

A lição de ontem convida o observador a ter a sua meta clara. É algo que toda a metafísica de Um Curso Em Milagres enfatiza.

Como os fragmentos já estão acostumados com a separação, seguindo muitas metas e objetivos vãos e assim permanecendo distraídos da real existência, a liberdade dessa prisão ilusória não será vista se não houver uma meta clara e bem estabelecida.

Essa meta é direcionada pelo querer. Onde está o querer estará a meta.

A lição de ontem nos trouxe o estabelecimento desta meta: “Pai, a minha única vontade é lembrar-me de ti.”

No entanto, estabelecer a meta não é o suficiente para concretiza-la.

É necessário ser comprometido com esta meta. E é isso que a lição de hoje enfatiza:

“Que estejas em minha mente, meu Pai, durante todo o dia.”

Que o observador use todas as coisas na percepção para a lembrança de que apenas a Totalidade é a Realidade.

O convite é deixar de utilizar os hábitos, os condicionamentos, a rotina, e todas as coisas que envolvem a percepção do corpo para distrair-se.

Ao contrário, que todas as coisas sejam usadas como ferramenta, agora, para manter-se numa única meta: a convicção de ver que a Realidade verdadeira não pode ser ameaçada.

Sem que isso seja feito, a salvação não é compreendida e nem vista.

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LIÇÃO 231

”Pai, a minha única vontade é lembrar-me de Ti.”

Um dos pontos principais que a metafísica de Um Curso Em Milagres enfatiza é a decisão por uma única meta:

“Acima de tudo eu quero ver as coisas de modo diferente.”

“O perdão é a minha única função como a luz do mundo.”

“A minha única função é a que Deus me deu.”

“A salvação é a minha única função aqui.”

Sem estabelecer uma meta clara por um único sistema de pensamento que lembra que só a verdade é verdadeira, o observador não questionará as vontades das crenças que tornam a ilusão real.

Os fragmentos de consciência que aprenderam a reconhecer-se separados já estão acostumados com as oscilações de meta.

O maior vício dos fragmentos é dedicar-se a hábitos condicionados e fragmentados que não levam a lugar nenhum, a não ser para mais distrações e oscilações de meta. Pois é desta forma que parecem sustentar a negação de Deus.

Os fragmentos de consciência que se veem corpos, pensam que são corpos por que dedicam-se à metas relacionas às vontades de crenças que tornam o corpo real.

Por isso, tudo o que fazem está baseado nos quereres do corpo, e isso sustenta a ideia de que a Totalidade pode ser negada.

Assim, para inverter esse mecanismo, somente com uma meta clara.

Isso significa que o observador do fragmento de consciência deve aceitar que o que mais quer é apenas a Totalidade.

Do contrário não questionará as vontades das crenças que tornam a ilusão real.

Dá-se a importante de aceitar:

“Pai, a minha única vontade é lembrar-me de Ti.”

Se isso aceito acima de todas as coisas, não haverá problema para o observador questionar de onde surgem as suas decisões nesta ilusão.

E ao questionar as vontades das crenças, aprenderá que a Totalidade não foi ameaçada e permanece sendo a única realidade aqui e Agora.

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TEXTO 2

O QUE É A SALVAÇÃO?

A salvação é o reconhecimento do que está à salvo.

Se “Nada real pode ser ameaçado”, então, a Realidade permanece à salvo e não necessita de salvação.

Por isso, a metafísica de Um Curso Em Milagres diz que a salvação desfaz as ilusões simplesmente nao fazendo nada com elas.

Pois aquele que reconhece-se em Deus, sabe que permanece intocado por ilusões, e sendo intocado por elas, não tem que fazer nada para livrar-se delas.

A salvação não apoia as ilusões, pois é uma mentalidade que sabe que as ilusões não estão presentes.

Nesse reconhecimento é que o observador de cada fragmento deve descansar: a Realidade não pode ser ameaçada e, portanto, as ilusões não existem.

No entanto, de nada adianta aceitar isso e permanecer tornando as ilusões reais através de decisões dentro do “eu” na ilusão.

Não apoiar as ilusões significa não apoiar as decisões por vontades de crenças inclusive nesta ilusão.

Quando a fé é posicionada na certeza de que apenas a Totalidade é real, mas também as decisões no nível da ilusão são ajustadas para que o observador mantenha-se alinhado com esta certeza, aí sim a experiência de que não existe ameaçada será revelada na consciência.

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LIÇÃO 229

”O Amor, que me criou, é o que eu sou.”

É preciso lembrar que Amor é Totalidade, ausência de limites.

Quando essa lição diz que nestas palavras encontra-se a Identidade, significa que na compreensão da experiência que estas palavras representam está o auto-reconhecimento verdadeiro.

Reconhecer-se no Amor é identificar-se com a Totalidade, a existência abstrata.

Aqui, não cabe nenhuma imagem, nenhum rótulo ou forma, ou qualquer símbolo para definir Deus.

Ao reconhecer-se em Deus o observador não faz nenhuma forma.

É por isso que pessoas não podem compreender Deus. As imagens no mundo são o efeito da ideia de negação de Deus.

Assim, ao reconhecer-se na Totalidade como sendo a única identidade, o observador deve perceber verdadeiramente as ilusões; vê-las como sem significado, inclusive a própria imagem.

A maneira de conhecer Deus é separa-lo da tentativa de compreendê-lo através do corpo.

E também, esse reconhecimento não pode ser feito a partir do medo.

Aceitar que a Totalidade continua intocada, alheia e imutável atrás das ilusões, e que essa é a única Realidade, não pode ser feito a partir de um sistema de pensamento que enfatiza o medo.

O medo faz com que a experiência não seja revelada, pois reflete a identificação com a separação. Significa que o observador ainda confunde-se com a interpretação equivocada de existência da consciência que vê-se separada.

Ao contrário disso, esta lição convida que esse reconhecimento seja feito a partir da gratidão.

O observador reconhece que a existência é apenas Totalidade, e que as ilusões não existem, com contentamento.

Deste modo de pensar, será conduzido à visão que mostra que a Realidade verdadeira não pode ser ameaçada.

“O Amor, que me criou, é o que eu sou.”

“Pai, ofereço-Te a minha gratidão pelo que eu sou; por teres mantido a minha Identidade intocada e sem pecado em meio a todos os pensamentos de pecado que a minha mente tola inventou. E obrigado por me teres salvo desses pensamentos. Amém.”

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LIÇÃO 228

”Deus não me condenou. Eu também não me condeno.”

O que significa condenar?

Condenar é contradizer Deus. Se Deus é a Fonte que cria à Sua imagem e semelhança, condenar é imaginar ser algo fora da perfeição, que é Deus.

Dizer que Deus não condenou, significa que a Totalidade não deu nenhum significado ao pensamento de separação e tudo o que parece surgir dele.

Simplesmente sabe que a Totalidade não pode ser mudada.

O universo da percepção é uma encenação onde uma consciência de separação se utiliza de imagens para tentar validar a ideia de poder contradizer a Totalidade.

E é isso que cada fragmento de consciência deve aceitar: desistir de usar o universo da percepção para imaginar poder contradizer o que Deus criou perfeito e imutável.

Ao observador do fragmento de consciência que pensa ver um mundo através de um corpo, basta aceitar a impossibilidade de ser um “eu” que parece existir em um corpo.

Assim como aceitar que todas as cenas que parece perceber através do corpo são sem significado, sejam aparentemente boas ou ruins.

Neste posicionamento, a percepção de existência será conduzida para a experiência que revelará que a existência permanece intocada: mesmo em meio às aparente ilusões, a existência continua fluindo em eternidade e perfeição.

E em única instância, a visão de que a apenas a Totalidade está aqui será a única experiência que existe.

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