“Havia um certo homem rico”, contou Jesus, “que se vestia elegantemente e vivia todos os dias no prazer e no luxo. Um mendigo, chamado Lázaro, cheio de doenças, costumava estar deitado à sua porta. Desejava comer ao menos as sobras da mesa desse rico, mas só tinha cachorros que vinham lamber-lhe as feridas. Um dia, o mendigo faleceu e foi levado pelos anjos para junto de Abraão. Também o rico morreu e foi sepultado. Ali, no inferno, viu Lázaro lá longe com Abraão. ‘Pai Abraão’, gritou, ‘tem misericórdia de mim! Manda Lázaro vir ter comigo, nem que seja para molhar a ponta do dedo em água e refrescar-me a língua, pois estou atormentado nestas chamas!’ ‘Filho’, respondeu-lhe Abraão, ‘lembra-te de que durante a tua vida tiveste tudo quanto querias, enquanto Lázaro nada teve! Ele está aqui a ser consolado e tu estás em tormentos. Além disso, há um grande abismo que nos separa e que ninguém pode transpor.’ ‘Ó pai Abraão, manda-o a casa de meu pai’, retorquiu o rico, ‘pois tenho cinco irmãos e é preciso avisá-los para que não venham para este lugar de sofrimento quando morrerem.’ Mas Abraão declarou-lhe: ‘Têm as Escrituras de Moisés e dos profetas. Ouçam os seus avisos!’ ‘Não, pai Abraão! Se alguém de entre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.’ ‘Se eles não ouvem Moisés e os profetas, não ouvirão nem mesmo alguém que se levante de entre os mortos.’”
Cada história contada por Jesus tem um propósito específico. O Seu intuito não é que as pessoas simplesmente enfiem o barrete, antes que revejam a sua forma de interagir com Deus e com o próximo. Há que ter atenção para não lidar com aqueles que nos rodeiam como se não os víssemos. Pode não se agredir ninguém, nem faltar ao respeito a terceiros, mas de que vale essa postura se não se faz nada para minimizar a dor de quem sofre. Que pobreza de espírito quando se trata os outros com uma tal insensibilidade que até os animais nos dão lições de moral! E se nem assim nos cai a ficha, nada melhor do que reflectir na morte, a grande niveladora, pois toca a todos. Mesmo assim apanha quase sempre toda a gente desprevenida. Além disto, o assunto agrava-se na hora de prestar contas a Deus para aqueles que agiram com o rei na barriga em vez de o fazer com o Rei no coração. Os tiques de snobismo que revelaram na terra de nada servem na eternidade. Tentar inverter pós morte a forma como se viveu é uma impossibilidade. Não dá sequer para advertir de lá quem aqui esteja a proceder erradamente. É bom mesmo que se atente para a Palavra, Jesus em Pessoa, e se arrepie caminho. Agora. Enquanto é tempo.