Depois da copiosa derrota do Movimento para a Democracia (MpD) nas eleições autárquicas de Dezembro, em que perdeu metade das autarquias que tinha, o primeiro-ministro Ulisses Correia da Silva fez uma remodelação governamental, para cerrar fileiras e tentar contrariar o ciclo político negativo para o seu partido: o único senão é que quase todas as pessoas que saíram do Governo foram mulheres. Dos seis que saíram do executivo, cinco são mulheres – o único ministro que deixa o cargo, Carlos Santos, sai porque é arguido num processo de branqueamento de capitais.
Nem a democracia cabo-verdiana, tantas vezes dada como exemplo de sucesso em África, se livra de mostrar as costuras da sua fragilidade. Será que a derrota autárquica do MpD foi culpa das mulheres do Governo? Ou será que para lamber as feridas de perder metade das câmaras que governava e criar um discurso de vitória para as legislativas de 2026, o MpD só acredita em homens? Seja como for, a resposta do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, fica muito aquém do desejável: de seis demitidos, cinco serem mulheres parece tudo menos “coincidência”.
António Rodrigues e Elísio Macamo também conversam sobre o conflito no Leste da República Democrática do Congo, onde o grupo rebelde Movimento 23 de Março, ou simplesmente 23M, tomou a cidade de Goma, capital da província do Norte-Kivu, e avança em direcção a Bukavu, capital do Sul-Kivu, ameaçando com marchar até à capital, Kinshasa, para derrubar o Governo de Félix Tshisekedi.
Além da possibilidade de se abrir aqui a Caixa de Pandora se o Ruanda conseguir levar à modificação das fronteiras para abarcar uma parte da República Democrática do Congo, com a desculpa de querer defender os tutsis congoleses, também se fala de possíveis sanções da União Europeia ao Governo de Paul Kagame e as repercussões que isso poderá ter em Cabo Delgado, onde milhares de soldados ruandeses lutam contra o jihadismo ao lado do exército moçambicano, numa missão militar financiada pela UE.
Na segunda parte, o nosso entrevistado é o jornalista, poeta e político guineense Agnelo Regalla, líder da União para a Mudança, e porta-voz da Plataforma Aliança Inclusiva-Terra Ranka, a coligação que venceu com maioria as eleições legislativas de Junho de 2023 na Guiné-Bissau, mas que se viu impedida de governar ao fim de poucos meses pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló. Agnelo Regalla vem conversar sobre o mandato do Presidente da Guiné-Bissau que deveria acabar a 27 de Fevereiro, mas que Sissoco Embaló decidiu prolongar por iniciativa própria, recusando-se a marcar eleições para escolher o seu sucessor.
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