O babuíno tem apenas 1,5% de diferença genética do ser humano. No sentido de comportamento, somos muito parecidos. Foi por esse motivo que o neurobiologista Robert Sapolsky (autor de Comporte-se, "Memórias de um primata" e outros) dedicou mais de duas décadas estudando como a violência e o estresse se apresentam nos bandos.
A liderança machista pode causar danos? Sim, além de muitos conflitos e redução da longevidade do grupo. Essa foi uma das conclusões de Sapolsky, que descobriu uma profunda relação entre conflitos, violência e liderança machista.
Os babuínos que viviam sob pressão constante dos machos dominantes apresentavam um sistema imunológico mais fraco, ficavam doentes com facilidade e morriam mais cedo. Através de exames de sangue, Sapolsky descobriu que quanto mais baixo era o nível do membro na hierarquia social do grupo, maior era o nível de estresse e parasitas no organismo.
Os machos dominantes quando ficavam frustrados cometiam o estupro nas fêmeas mais fracas do bando e também violência com os mais babuínos mais debilitados.
Mas, uma coisa surpreendente aconteceu! Depois de vários anos sem poder entrar no Quênia, devido uma ditadura, quando o neurocientista voltou ele foi surpreendido. Metade dos machos do grupo haviam morrido.
Ao pesquisar as causas ele descobriu que era tuberculose, contraída por ingestão de comida contaminada das redondezas (os machos alfas tinham mais fácil acesso a comida, as fêmeas e filhotes sobrevieram com o que sobrava).
Essa ainda não é a parte surpreendente. Com a morte dos machos dominantes, as fêmeas começaram a liderar o bando e uma verdadeira transformação aconteceu. As brigas pararam, a violência sexual foi extinta e os níveis de estresse diminuíram. Novos valores coletivos foram inseridos. Os mais necessitados andavam mais próximos da liderança feminina, comiam melhor e se recuperavam com mais rapidez.
O principal resultado? O grupo viveu mais saudável e por mais tempo.
Devemos então matar nossos chefes machos alfa?
Não necessariamente, mas devemos eliminar sim a opressão, o machismo, o abuso de poder se quisermos uma equipe saudável, mais produtiva para viver mais e melhor. Segundo Sapolsky, o fato demonstra que uma sociedade com suporte social afetivo é mais efetiva para o bem estar.
O autor ainda complementa: “Fiz uma descoberta bastante instrutiva: se você for um macaco e receber muito carinho, sua pressão sanguínea vai baixar; mas se você fizer carinho em outro macaco, ela vai baixar ainda mais”. Essa troca de afetividade social nos faz viver mais e melhor.
E para você, qual o aprendizado dessa história?
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